domingo, 22 de fevereiro de 2009

Câmaras da Dawn testadas com sucesso durante a aproximação a Marte

A sonda Dawn posicionou-se com sucesso na trajectória que a irá levar até à Cintura de Asteróides, após a assistência gravitacional de Marte do passado dia 17 de Fevereiro. A equipa envolvida na missão aproveitou a oportunidade para testar a câmara fotográfica da sonda na superfície de Marte. A primeira imagem publicada pela NASA mostra uma escarpa iluminada pela luz da manhã na margem noroeste de Tempe Terra.

Imagem captada pela câmara fotográfica da sonda Dawn, pouco antes do ponto de maior aproximação à superfície de Marte. A imagem mostra uma área com cerca de 55 Km, localizada na margem noroeste de Tempe Terra.
Crédito: NASA/JPL/MPS/DLR/IDA, e Equipa de Voo da Dawn.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

4 luas em trânsito em Saturno

Na manhã do dia 24 de Fevereiro, Saturno será palco de um bonito espectáculo celeste. Titã, Mimas, Dione e Encélado vão transitar em frente do planeta em simultâneo, projectando as suas sombras sobre a atmosfera tempestuosa do gigante gasoso. O evento poderá ser observado apenas a partir da costa pacífica da América do Norte, das ilhas no Oceano Pacífico, da Austrália e da Ásia Oriental. O telescópio espacial Hubble irá utilizar a sua posição privilegiada para acompanhar o raro evento que ocorre apenas cada 14 a 15 anos, durante os equinócios saturnianos.

NASA e ESA em acordo para novas missões aos sistemas joviano e saturniano

A NASA e a ESA definiram ontem o futuro da exploração científica dos planetas exteriores. Das duas propostas em disputa, as duas agências deram prioridade à missão conjunta ao sistema joviano. A Europe Jupiter System Mission (EJSM), também denominada na Europa por Laplace Mission, incluirá duas sondas, a Jupiter Ganymede Orbiter (JGO) da ESA e a Jupiter Europa Orbiter (JEO) da NASA, ambas com lançamento previsto para 2020 e chegada ao sistema joviano em 2026. Os objectivos principais da missão incluem: a caracterização da estrutura interna dos quatro maiores satélites jovianos; o estudo da composição química das suas superfícies; a caracterização dos oceanos de Europa e de Ganimedes (caso seja confirmada a sua existência); e a identificação de locais candidatos para exploração in situ nas duas luas jovianas .
A duas agências não excluíram a segunda proposta, a Titan Saturn System Mission (TSSM), uma missão centrada no estudo da maior lua de Saturno, Titã e da enigmática Encélado. A missão incluirá uma sonda orbital da NASA, uma pequena sonda da ESA semelhante à Huygens, para exploração da superfície de Titã, e um balão de pesquisa atmosférica, também da ESA, que patrulhará os céus da maior lua de Saturno. Esta segunda missão manter-se-á como uma aposta secundária à EJSM, uma vez que a sua materialização exigirá grandes desafios tecnológicos e muito planeamento por parte das duas agências.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Assistência gravitacional de Marte à sonda Dawn

Faltam poucas horas para a sonda Dawn beneficiar da assistência gravitacional de Marte, no seu percurso até à Cintura de Asteróides. Prevê-se uma passagem a 549 Km da superfície do planeta, manobra essa que irá aumentar significativamente a velocidade da sonda e direccioná-la para uma órbita mais larga em direcção ao primeiro objectivo da missão, o asteróide Vesta. A aproximação está a decorrer neste momento no lado nocturno de Marte, pelo que por questões de segurança não vão estar disponíveis imagens desta fase da passagem pelo planeta.

Simulação da aproximação da sonda Dawn a Marte (hora da publicação no blog).
Crédito pela simulação: Gregory J. Whiffen, JPL.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Parabéns Galileu!

À precisamente 445 anos nascia em Pisa Galileu Galilei, físico, matemático, astrónomo e filósofo europeu. Galileu contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da astronomia, melhorando significativamente o telescópio refractor, instrumento com o qual realizou várias observações do céu nocturno. Foi responsável por várias descobertas que o levaram a adoptar o sistema heliocêntrico de Copérnico, sendo as mais significativas as fases de Vénus e as quatro maiores luas de Júpiter. Deduziu correctamente a existência de montanhas e crateras na Lua a partir dos padrões de luz e sombras projectados na superfície lunar e foi pioneiro na observação dos anéis de Saturno e das estrelas da Via Láctea. Galileu chegou inclusivé a observar o planeta Neptuno, embora o tenha tomado como apenas mais uma estrela, não lhe dando particular relevância.

Esboços da Lua desenhados por Galileu Galilei.
Fonte: The Galileo Project.

As suas primeiras observações foram publicadas em Março de 1610 num pequeno tratado intitulado Sidereus Nuncius (Mensageiro das Estrelas), uma obra emblemática da história da ciência. Integrado nas comemorações do Ano Internacional da Astronomia 2009 será publicada no final do ano, pela primeira vez em Portugal, a tradução portuguesa desta obra notável (ver aqui).

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Impacto do mini-satélite japonês Okina na superfície lunar confirmado

A JAXA confirmou hoje o impacto do mini-satélite Okina na superfície lunar. Okina e Ouna (outro mini-satélite) integravam junto com a sonda Kaguya uma experiência gravitacional única que tinha como objectivo produzir um mapa de alta resolução do campo gravitacional lunar, em particular da face mais distante da Lua. O impacto era já aguardado à algum tempo, uma vez que a órbita do mini-satélite vinha experimentando uma rápida decadência provocada pela sua proximidade à superfície lunar e pela natureza irregular do campo gravitacional lunar.

Mapa do campo gravitacional do Mar da Serenidade gerado pelo sistema de medição Doppler do mini-satélite Okina. Ao centro é visível a anomalia gravimétrica positiva detectada no centro do Mar da Serenidade.
Crédito: JAXA.

A missão japonesa Kaguya (SELENE) encontra-se operacional desde o final de 2007 e tem como principais objectivos adquirir dados científicos que permitam dar resposta a questões elementares relacionadas com a origem e a evolução da Lua.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cometa Lulin em aproximação à Terra

O cometa C/2007 N3 (Lulin) tem vindo a aumentar o seu brilho nas últimas semanas à medida que se aproxima da Terra. Prevê-se que alcance uma distância mínima da Terra de 0,41 UA durante a madrugada do dia de Carnaval, apenas um dia antes de atingir a oposição. Embora o comportamento dos cometas em termos de brilho seja bastante imprevísivel, espera-se que o cometa Lulin atinja um pico máximo de 5,0 de magnitude durante a aproximação à Terra, o suficiente para ser visível através de binóculos ou a olho nu em céus excepcionalmente escuros. Neste momento encontra-se em deslocação rápida através dos céus na direcção da constelação de Virgem, esperando-se uma passagem próxima da estrela Espiga (magnitude 1,0), no dia 16 de Fevereiro, e do planeta Saturno, no dia 23 de Fevereiro. Durante o mês de Março prevê-se uma atenuação progressiva do brilho do cometa à medida que este se vai afastando para longe do Sol.

Cometa Lulin no dia 30 de Janeiro de 2009. São facilmente visíveis a cabeleira, a cauda e uma anticauda.
Crédito: Paolo Candy (Cimini Astronomical Observatory).

O cometa Lulin foi descoberto por Quanzhi Ye, um estudante da Universidade de Sun Yat-sen, China, em três imagens obtidas na noite de 11 de Julho de 2007, por Chi-Sheng Lin do Instituto de Astronomia da Universidade Nacional de Taiwan. Lin fotografou o objecto através de um pequeno telescópio do Observatório de Lulin, em Taiwan, local que posteriormente deu o nome ao cometa. O objecto foi primeiramente descrito como um asteróide, exibindo a coma característica de cometa em imagens captadas uma semana mais tarde.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Novas designações para divisões dos anéis de Saturno

A União Astronómica Internacional aprovou no dia 9 de Fevereiro, designações novas para pequenas divisões nos anéis de Saturno. Duas das novas divisões, a Divisão de Bond e a Divisão de Dawes, encontram-se dentro do Anel C, enquanto que as restantes (Herschel, Russell, Jeffreys, Kuiper, Laplace, Bessel e Barnard) se localizam na Divisão de Cassini, entre o Anel B e o Anel A.

Tabela com as designações dos anéis e divisões reconhecidas pela União Astronómica Internacional. As novas divisões encontram-se evidenciadas a vermelho. Fonte: USGS.


A Divisão de Cassini e as pequenas divisões no seu interior com as novas designações.
Crédito: NASA / JPL / SSI (diagrama por Emily Lakdawalla, adaptado por Sérgio Paulino).

Comemorações do 90º aniversário do eclipse solar de 1919 na ilha de Príncipe

Em 1919, a Royal Astronomical Society e o astrofísico Sir Arthur Stanley Eddington organizaram uma grande expedição aos trópicos para observar um eclipse solar total. A expedição tinha como objectivo observar a deflexão da luz de estrelas distantes provocada pelo campo gravitacional do Sol, efeito teorizado alguns anos antes pelo (na época) pouco conhecido físico alemão Albert Einstein.
A expedição foi dividida em duas equipas: uma primeira observaria o eclipse a partir de Sobral, no Brasil; enquanto que a segunda, liderada pelo próprio Eddington deslocar-se-ia para a ilha de Príncipe (na época uma colónia portuguesa). O sucesso da expedição do eclipse solar de 29 de Maio de 1919 possibilitou a primeira verificação experimental da teoria da relatividade geral, sendo igualmente responsável pela projecção que a figura de Einstein teria nos anos seguintes na comunidade científica.
No âmbito do Ano Internacional da Astronomia e das Comemorações do 90º aniversário da expedição histórica à ilha de Príncipe, a Royal Astronomical Society e a Sociedade de Geografia de Lisboa, em colaboração com o governo português e o governo de São Tomé e Príncipe, irão organizar uma série actividades que incluem: a inauguração de uma placa comemorativa na Roça Sundy, local onde Eddington recolheu os dados que viriam a confirmar experimentalmente o efeito de lente gravitacional; e uma série de conferências sobre os aspectos históricos e científicos da expedição, na ilha de Príncipe, em São Tomé e em Lisboa.

O novo site do evento, com todas as informações e contactos.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

COROT-Exo-7b: um novo exoplaneta telúrico

A ESA anunciou ontem resultados surpreendentes da missão COROT: a descoberta do mais pequeno exoplaneta até agora conhecido. O pequeno objecto encontra-se numa órbita muito próxima da estrela COROT-Exo-7, uma anã do tipo espectral K0V, completando uma revolução cada 20 horas. Como resultado, a superfície deste novo planeta, designado COROT-Exo-7b, é extremamente quente, podendo atingir temperaturas na ordem dos 1500º C. Dada a sua pequena massa (menos de metade da massa da Terra), o novo planeta assemelha-se provavelmente mais à Terra e aos outros planetas telúricos vizinhos (Mercúrio, Vénus e Marte) do que à maioria dos gigantes gasosos até hoje descobertos fora do Sistema Solar.

O satélite COROT em órbita à volta da Terra.
Crédito: CNES/D. Ducros.

Nada se sabe acerca da densidade de COROT-Exo-7b, uma vez que a fotometria de trânsito usada pelo observatório espacial europeu COROT para detectar exoplanetas em órbita à volta de outras estrelas, apenas permite obter dados acerca da dimensão do objecto em trânsito. Estudos adicionais da composição do planeta poderão vir a fornecer novos dados que permitam inferir não só a sua densidade como também as características da sua superfície. Para já os cientistas admitem tanto a existência de uma superfície coberta de lava incandescente como a presença de uma densa e quente atmosfera de vapor de água, consoante as proporções de rocha e água que entram na composição do planeta.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Nova “super-Terra” a orbitar uma estrela próxima

Astrónomos do projecto NASA-University of California Eta-Earth Survey anunciaram no passado dia 29 de Janeiro a descoberta do seu primeiro exoplaneta, uma “super-Terra” a orbitar a estrela HD 7924. O projecto tem como objectivo a procura sistemática de planetas com massas compreendidas entre 3 e 30 vezes a massa da Terra (MT), em órbita em redor de 230 estrelas próximas do tipo espectral G,K e M, utilizando para o efeito o observatório W. M. Keck para a realização de leituras espectroscópicas de alta precisão.
O novo planeta HD 7924 b possui uma massa mínima de 9,3 M
T e completa uma revolução à volta da estrela HD 7924 (uma anã de tipo espectral K0V) cada 5,40 dias. O sistema encontra-se a cerca de 54,8 anos-luz da Terra, na direcção da constelação Cassiopeia.