quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2009 encerra com eclipse parcial da Lua

Três momentos distintos do eclipse total da Lua de 03 de Março de 2007.
Crédito: Sérgio Paulino.

A Lua vai oferecer um belo espectáculo na última noite do ano (ver animação aqui). Refiro-me ao próximo eclipse parcial da Lua, que desta vez coincide com outro fenómeno raro, a segunda lua cheia do mês, uma lua azul. Caso as condições meteorológicas sejam favoráveis, estarão certamente reunidos os ingredientes necessários para uma festa de fim de ano memorável.
A todos, um Feliz Ano Novo!

Efemérides do eclipse parcial da Lua de 31 de Dezembro de 2009, para Lisboa:
17:15 - A Lua entra na penumbra
18:52 - A Lua entra na umbra
19:23 - Meio do eclipse
19:54 - A Lua sai da umbra
21:30 - A Lua sai da penumbra
Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa.

O eclipse parcial da Lua de 31 de Dezembro de 2009. A Lua vai atravessar a umbra da Terra quase tangencialmente, pelo que apenas se irá notar um ligeiro escurecimento na região do pólo sul.
Crédito: NASA/GSFC/Fred Espenak (adaptado por Sérgio Paulino).

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Uma lua acima da neblina


Reia reemergindo por detrás de Titã, numa imagem captada pela sonda Cassini, a 27 de Outubro de 2009.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Mundos tão distantes e, no entanto, tão familares... Esta magnífica imagem das duas maiores luas de Saturno traz-me à memória algumas fotografias do crescente da Lua suspenso acima da atmosfera da Terra, captadas por astronautas na órbita terrestre.
Reia tem um diâmetro consideravelmente inferior ao de Titã (respectivamente, 1.528 Km e 5.150 Km). No momento em que a imagem foi captada, Reia encontrava-se a mais do dobro da distância de Titã, o que torna ainda mais visível a diferença de tamanhos entre as duas luas.

A lua perdida de Urano

O crescente de Urano captado pela Voyager 2, a 24 de Janeiro de 1986, durante a sua épica passagem pelo gigante gelado.
Crédito: NASA/JPL/USGS.

Terá existido num passado distante uma lua gigantesca na órbita de Urano? Segundo uma nova teoria formulada por dois astrónomos do Observatório de Paris, sim.
Com uma inclinação de cerca de 97º, o eixo de rotação de Urano é quase paralelo ao plano da eclíptica, uma característica singular entre os planetas do Sistema Solar. Alguns astrónomos sugerem que esta inclinação invulgar do eixo de rotação de Urano possa ter tido origem numa violenta colisão com um protoplaneta do tamanho da Terra. No entanto, a teoria não explica a presença de satélites regulares em órbitas situadas no plano equatorial do gigante gelado. Com este problema em mente, os astrónomos franceses Gwenaël Boué e Jacques Laskar conceberam uma nova teoria (ver artigo aqui) que explica de forma eficiente a inclinação do eixo de rotação de Urano. Aparentemente, a presença de uma lua adicional com cerca de 1% da massa de Urano, a uma distância de 50 vezes o raio de Urano seria suficiente para desequilibrar progressivamente o eixo de rotação do planeta. Após 2 milhões de anos, a oscilação seria de tal forma pronunciada que a inclinação do eixo de rotação se aproximaria dos valores actuais.
Qual foi o destino da enorme lua de Urano? Caso tenha existido, poderá ter sido ejectada do sistema uraniano, devido a interacções gravitacionais com um dos gigantes gasosos, durante a fase de migração planetária ocorrida 500 a 600 milhões de anos após a formação do Sistema Solar. Uma vez liberta da influência gravitacional de Urano, a gigantesca lua poderá ter colidido com um dos gigantes gasosos, ter sido enviado para o espaço interestelar, ou, ainda, ocupar uma órbita alongada em redor do Sol, escondendo-se, actualmente, algures além da órbita de Neptuno.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Um presente de Natal para o Spirit!


Bem precisa de uma ajuda do Pai Natal!
Crédito: NASA/JPL/Stuart Atkinson.

As últimas tentativas de tirar o robot Spirit da sua prisão nas areias de Troy têm-se revelado infrutíferas. Talvez um empurrão do Pai Natal lhe traga melhores dias.
Um Feliz Natal para todos!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Reflexos de luz solar num lago titaniano


Imagem da região do pólo norte de Titã captada a 8 de Julho de 2009, pelo espectrómetro VIMS que viaja a bordo da sonda Cassini.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona/DLR.

Esta extraordinária imagem de Titã, captada pela sonda Cassini no início de Julho, mostra um primeiro vislumbre do brilho da luz solar reflectida num dos muitos lagos existentes na região do pólo norte. Imersos numa longa noite que durou cerca de 15 anos, os grandes lagos desta região apenas começaram a receber os primeiros raios de Sol, pouco antes do equinócio do passado mês de Agosto, altura em que se iniciou a Primavera no hemisfério norte. Após comparação da nova imagem com imagens de radar e de infravermelho próximo captadas entre 2006 e 2008, os cientistas da missão conseguiram determinar com precisão a proveniência do reflexo - um ponto algures nas margens sul de Kraken Mare. Com cerca de 400.000 Km2 de superfície (uma área comparável à do Mar Cáspio, o maior lago da Terra), Kraken Mare é o maior lago de hidrocarbonetos até agora descoberto em Titã.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Solstício de Inverno

O Inverno no Hemisfério Norte teve o seu início hoje às 17:47 (hora de Lisboa). Esta estação prolonga-se por 88,99 dias até ao próximo Equinócio que irá ocorrer no dia 20 de Março de 2010 às 17:32 (hora de Lisboa).

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Hubble descobre o mais pequeno objecto da cintura de Kuiper

Representação artística do novo objecto da cintura de Kuiper descoberto pelo Hubble, passando em frente duma estrela. Em baixo, um gráfico da difracção da luz de uma estrela durante uma ocultação.
Crédito: NASA, ESA e G. Bacon (STScI).

A cintura de Edgeworth-Kuiper é um verdadeiro repositório de pequenos mundos gelados, dispersos numa vasta nuvem que se estende desde a órbita de Neptuno até distâncias ao Sol superiores a 50 UA. Geralmente apenas os gigantes desta população constituem notícia relevante no seio da comunidade científica. No entanto, desta vez, o destaque ressalta para um pequeno objecto da cintura da Kuiper, detectado por um grupo de investigadores americanos liderados por Hilke Schlichting, a partir dos dados reunidos pelos sensores de navegação FGS (Fine Guidance Sensors) do telescópio Hubble, ao longo de 4,5 anos (ver artigo na revista Nature aqui). Invisível através do sistema óptico do telescópio espacial (brilho 100 vezes inferior ao limite de detecção), a descoberta do novo objecto só foi possível graças à detecção de um fenómeno de ocultação, com duração de 0,3 segundos, numa das cerca de 50.000 estrelas monitorizadas pelo sistema FGS durante mais de 12.000 horas, escolhidas para escrutínio pela equipa de investigadores. A análise da duração e da intensidade da ocultação permitiu ao investigadores inferir para o pequeno objecto um diâmetro de apenas 1 Km (diâmetro 50 vezes inferior ao do menor objecto da cintura de Kuiper anteriormente conhecido)! Esta nova descoberta faz-me pensar quantas mais pequenas bolas de gelo estarão escondidas nessa imensa e distante região do Sistema Solar?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

WISE já se encontra em órbita terrestre

Lançamento do observatório espacial WISE a partir da Base Aérea de Vandenberg, na Califórnia.
Crédito: United Launch Alliance.

Foi hà mais de 12 horas que o mais recente observatório espacial da NASA na banda do infravermelho médio, se elevou nos céus, a bordo de um foguetão Delta II, até à órbita terrestre.

Depois de atingir o espaço, após um lançamento sem incidentes, o WISE reorientou com sucesso os seus painéis solares em direcção ao Sol, e abriu as válvulas da câmara de hidrogénio super-arrefecido, iniciando o arrefecimento dos componentes ópticos e dos respectivos detectores de infravermelhos, procedimento necessário para que o telescópio possa detectar o brilho de luz infravermelha de milhares de asteróides, e de centenas de milhões de estrelas e galáxias.

Neste momento, o WISE encontra-se a viajar numa órbita polar, a cerca de 525 Km da superfície terrestre, prevendo-se o início da fase operacional da missão logo após a estabilização e calibração do telescópio. A missão primária de mapeamento de todo o céu no infravermelho médio deverá estar terminada ao fim de nove meses, pouco tempo antes da câmara de arrefecimento esgotar toda a sua carga de hidrogénio.

sábado, 12 de dezembro de 2009

A louca espiral norueguesa explicada em vídeo



Animação 3D produzida por Doug Ellison (unmannedspaceflight.com), demostrando como uma fuga de combustível num foguetão poderia ter produzido o bizarro padrão em espiral, observado nos céus no norte da Noruega, no passado dia 9 de Dezembro.
Crédito: Doug Ellison (unmannedspaceflight.com).

Fobos e Deimos juntos na mesma sequência de imagens

As luas marcianas Fobos e Deimos juntas numa sequência de 130 imagens captadas a 5 de Novembro de 2009 pela sonda europeia Mars Express.
Crédito: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum).

Impressionante e inédita são os adjectivos que eu escolheria para esta bela sequência de imagens captada pela Mars Express. Apenas possível devido a um invulgar alinhamento entre a sonda europeia e as duas luas marcianas, a sequência regista, pela primeira vez, em simultâneo, as formas irregulares de Fobos e de Deimos, captadas por uma sonda na órbita de Marte. Na altura, as duas luas encontravam-se, respectivamente, a 11.800 Km e a 26.200 Km da Mars Express.


Localização de Marte, das luas marcianas e da sonda Mars Express, no momento da captação da sequência de imagens.
Crédito: FU Berlin.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Lançamento do WISE adiado

Más condições atmosféricas ditaram o adiamento por 24 horas do lançamento do foguetão Delta II e da sua preciosa carga, o observatório espacial WISE. A NASA prevê nova janela de lançamento para sábado, dia 12 de Dezembro, entre as 06:09:33 e as 06:23:51 (hora local).
Actualização (12 Dezembro): Lançamento do WISE reagendado para segunda-feira, dia 14 de Dezembro, entre as 6:09 e as 6:23 (hora local), devido a uma anomalia no foguetão Delta II.

Confirmado o lançamento de um míssil balístico no Mar Branco

Confirma-se a hipótese, anteriormente adiantada, para a origem do estranho fenómeno atmosférico que surpreendeu milhares de noruegueses na madrugada de quarta-feira. O ministro da Defesa russo lançou esta manhã um comunicado oficial à agência de notícias Itar-Tass, onde confirma a falha no lançamento de um míssil balístico intercontinental Bulava, na madrugada do dia 9 de Dezembro. O míssil terá sido lançado a partir do submarino nuclear Dmitry Donskoi, algures no Mar Branco. Esta é apenas mais uma das embaraçosas falhas técnicas que têm sido registadas durante os vários testes de lançamento de mísseis balísticos Bulava, desde o seu início em 2003.
Com esta comunicação oficial das autoridades russas ficam goradas as teorias formuladas por alguns orgãos de comunicação social, onde relacionam a estranha espiral de luz com pretensas actividades de naves extraterrestres.

Uma estranha espiral de luz nos céus da Noruega


Espiral luminosa nos céus matutinos do norte da Noruega.
Crédito: Jan Petter Jørgensen.

Milhares de noruegueses foram surpreendidos, na madrugada passada, por um estranho fenómeno atmosférico. Pouco antes das 8 horas locais, uma gigantesca espiral de luz manifestou-se no céu em direcção a norte, durante largos minutos, até se dissipar por completo. A espectacular aparição foi observada em várias localidades do norte da Noruega (ver mais imagens aqui), facto que atesta a veracidade deste acontecimento.
Informações difundidas à poucas horas na internet sugerem que o fenómeno poderá ter sido provocado pelo lançamento mal sucedido de um foguetão russo, a partir de um submarino estacionado algures no Mar Branco. Aparentemente, alguns fotógrafos registaram o que parece ser um rasto de foguetão, logo abaixo da espiral. Este indício é, ainda, corroborado pela emissão de uma proibição à navegação áerea e marítima no local, para os dias 7 a 10 de Dezembro. As autoridades russas não confirmaram, no entanto, até ao momento, qualquer lançamento de foguetões na região.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Lançamento do WISE agendado para sexta-feira

Montagem do observatório espacial WISE na parte superior do foguetão Delta II.
Crédito: NASA/Vandenberg Air Force Base.

Já se encontra colocado em posição no Complexo de Lançamentos Espaciais 2 da Base Aérea de Vandenberg, na Califórnia, o foguetão Delta II que irá transportar o observatório espacial WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) até à órbita terrestre. Segundo a NASA, o lançamento na próxima sexta-feira, dia 11 de Dezembro, dependerá apenas de condições meteorológicas favoráveis.
O WISE vai mapear todo o céu numa estreita faixa do espectro electromagnético conhecido por infravermelho médio, em busca de objectos pouco brilhantes, como asteróides, anãs castanhas e estrelas mais frias que o Sol.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A paisagem montanhosa de Cabeus

A vertente norte da cratera Cabeus fotografada pela Lunar Reconnaissance Orbiter, dois dias e meio depois do impacto da LCROSS.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Será esta uma das visões que aguarda a próxima geração de exploradores humanos da Lua? Provavelmente... Por agora, esta belíssima vista sobre uma porção da vertente norte da cratera Cabeus encontra-se reservada apenas ao explorador robótico americano Lunar Reconnaissance Orbiter. Captada dois dias e meio depois do histórico impacto da sonda LCROSS, a imagem revela, ainda, parte da paisagem montanhosa que ladeia a vertente meridional da gigantesca bacia Pólo Sul-Aitken (visível ao fundo da imagem). Escondidos nas sombras permanentes da vertente norte de Cabeus encontram-se os locais de impacto da sonda LCROSS e da parte superior do foguetão Centauro. Resultados preliminares recentemente anunciados pelos cientistas da missão parecem confirmar a presença de depósitos de água nestas regiões permanentemente escondidas da luz solar.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Borboletas monarca emergem das respectivas pupas em condições de microgravidade


Larvas de borboleta monarca na Estação Espacial Internacional.


Primeira borboleta monarca a emergir da pupa.

Uma das experiências científicas instaladas pelos membros da Expedição 22 na Estação Espacial Internacional, tem como principais protagonistas três borboletas monarca (Danaus plexippus). Os insectos são mantidos numa pequena câmara no módulo japonês Kibo, desde a sua chegada a bordo do vaivém Atlantis. Com o objectivo de estudar a influência da microgravidade nas diferentes fases do seu desenvolvimento, as três borboletas têm sido continuamente monitorizadas, em particular, desde a formação da primeira crisálida no início da semana passada. Entretanto, dois dos indivíduos já emergiram das respectivas pupas, aparentemente sem dificuldades de locomoção e de alimentação.
A experiência está a ser reproduzida em paralelo na Terra, em diversas escolas norte-americanas, com o objectivo dos alunos aprenderem a conduzir uma experiência científica, treinando, no processo, as diferentes etapas do método científico.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O ponto mais baixo da Lua

Projecção em perspectiva da superfície lunar no interior da Bacia Pólo Sul-Aitken, realizada com imagens estereoscópicas obtidas pela câmara TC (Terrain Camera) que viaja a bordo da sonda nipónica Kaguya.
Crédito: JAXA/NHK.

Visível em primeiro plano nesta imagem recentemente disponibilizada na internet pela JAXA, encontra-se uma cratera sem nome, que alberga, no seu interior, o ponto mais baixo da Lua (segundo os dados recolhidos pelo altímetro da Kaguya, cerca de 9.060 metros abaixo da altitude média). Situada no interior da cratera Antoniadi, na face mais distante da Lua, a pequena cratera parece ter sido distorcida após a sua formação, provavelmente, por intrusão de material magmático a partir do seu interior.