terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A lua perdida de Urano

O crescente de Urano captado pela Voyager 2, a 24 de Janeiro de 1986, durante a sua épica passagem pelo gigante gelado.
Crédito: NASA/JPL/USGS.

Terá existido num passado distante uma lua gigantesca na órbita de Urano? Segundo uma nova teoria formulada por dois astrónomos do Observatório de Paris, sim.
Com uma inclinação de cerca de 97º, o eixo de rotação de Urano é quase paralelo ao plano da eclíptica, uma característica singular entre os planetas do Sistema Solar. Alguns astrónomos sugerem que esta inclinação invulgar do eixo de rotação de Urano possa ter tido origem numa violenta colisão com um protoplaneta do tamanho da Terra. No entanto, a teoria não explica a presença de satélites regulares em órbitas situadas no plano equatorial do gigante gelado. Com este problema em mente, os astrónomos franceses Gwenaël Boué e Jacques Laskar conceberam uma nova teoria (ver artigo aqui) que explica de forma eficiente a inclinação do eixo de rotação de Urano. Aparentemente, a presença de uma lua adicional com cerca de 1% da massa de Urano, a uma distância de 50 vezes o raio de Urano seria suficiente para desequilibrar progressivamente o eixo de rotação do planeta. Após 2 milhões de anos, a oscilação seria de tal forma pronunciada que a inclinação do eixo de rotação se aproximaria dos valores actuais.
Qual foi o destino da enorme lua de Urano? Caso tenha existido, poderá ter sido ejectada do sistema uraniano, devido a interacções gravitacionais com um dos gigantes gasosos, durante a fase de migração planetária ocorrida 500 a 600 milhões de anos após a formação do Sistema Solar. Uma vez liberta da influência gravitacional de Urano, a gigantesca lua poderá ter colidido com um dos gigantes gasosos, ter sido enviado para o espaço interestelar, ou, ainda, ocupar uma órbita alongada em redor do Sol, escondendo-se, actualmente, algures além da órbita de Neptuno.

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