sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mimas, Tétis e a dança orbital de Epimeteu e Jano

Passaram mais de 6 anos desde a chegada da sonda Cassini ao sistema saturniano, e só agora é que tivemos a primeira passagem pela lua Mimas. Situada numa órbita bem próxima da margem exterior do sistema de anéis de Saturno, Mimas constitui um alvo perigoso para a Cassini, pelo que esta primeira passagem será também, muito provavelmente, a última. O voo a pouco mais de 9.500 Km da pequena lua saturniana permitiu não só a captação das primeiras imagens de alta-resolução da hemisfério mais distante de Saturno, como também a recolha de importantes dados relativos à temperatura e composição da superfície.

A lua Mimas numa pose que lembra a Estrela da Morte, a estação espacial imperial da saga "Guerra das Estrelas". A imagem foi captada pela sonda Cassini no passado dia 13 de Fevereiro, a 67.607 Km da superfície de Mimas.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

A cratera Herschel é, sem dúvida, a estrutura mais surpreendente nas imagens obtidas pela Cassini. Com cerca de 10 Km de profundidade, Herschel é uma das mais profundas crateras de impacto do Sistema Solar. Um dos aspectos mais interessantes desvendados pelas câmaras da Cassini é a impressionante escassez de crateras no seu interior. Aparentemente, Herschel é um adereço recente, em termos geológicos, na superfície de Mimas. A faixa escura visível ao longo das suas paredes constitui um outro aspecto curioso. Será esta faixa um vestígio do calor do impacto que formou Herschel, ou antes, uma camada exposta da estrutura interna de Mimas?

A cratera Herschel, uma gigantesca cicatriz com 139 Km de diâmetro.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

A rápida visita da Cassini a Mimas possibilitou ainda a passagem por outras luas interiores do sistema saturniano. O périplo iniciou-se em Calipso (vejam a mensagem anterior sobre esta passagem por Calipso) e terminou, horas depois, com uma passagem por Tétis. Pelo meio a Cassini realizou uma passagem por Epimeteu e Jano, duas luas co-orbitais protagonistas de uma complicada dança gravitacional. De 4 em 4 anos, Epimeteu e Jano executam, durante 100 dias, uma troca de posições na sua órbita, que as impedem de se aproximarem demasiado entre si. Esta visita da Cassini coincidiu com esse momento especial da vida das duas pequenas luas.

O hemisfério ocidental de Tétis numa imagem captada pela sonda Cassini, a 13 de Fevereiro de 2010, a uma distância de 172.048 Km da sua superfície. Visível a norte, encontra-se a colossal cratera Odisseus, com 445 Km de diâmetro.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Photobucket
Epimeteu passando em frente de Jano, numa sequência de imagens captadas pela Cassini, a 13 de Fevereiro de 2010.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/animação de Sérgio Paulino.

Sem comentários:

Enviar um comentário