sexta-feira, 30 de abril de 2010

Naming X: concurso infantil para a atribuição de nomes a pequenos objectos do Sistema Solar

A Space Renaissance Education Chapter, em colaboração com a Father Films, lançou há poucas horas o concurso Naming X, uma competição dirigida aos mais novos que pretende assinalar o 80º aniversário da descoberta de Plutão e o primeiro aniversário da morte de Venetia Phair (a criança que sugeriu o nome de Plutão). Para entrar na competição, as crianças terão de apresentar propostas para nomes a atribuir a pequenos objectos do Sistema Solar. Os responsáveis do concurso pretendem com esta iniciativa estimular a criatividade e o interesse dos mais pequenos pela Astronomia. A avaliação das propostas vai estar a cargo de um júri que integra algumas personalidades bem conhecidas na área, como por exemplo, os astrónomos David Levy e Marc Buie. Os vencedores da competição verão as suas propostas submetidas ao Comité para a Nomenclatura dos Pequenos Corpos da União Astronómica Internacional, entidade que também apoia esta iniciativa. O prazo limite para a submissão das propostas será no dia 30 de Maio.
Importante: consultem aqui o regulamento do concurso, as categorias e a lista de prémios a atribuir.
Boa sorte a todos!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Encontro da Cassini com Encélado

Duas imagens de Encélado captadas anteontem pela Cassini a pouco mais de 940 mil Km de distância.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/ montagem de Sérgio Paulino.

A sonda Cassini encontra-se neste momento a meio de uma passagem próxima pela pequena lua Encélado, a décima desde o início da sua missão no sistema saturniano. Para este encontro não foi planeada qualquer captação de imagens. A passagem servirá apenas para a realização de um conjunto de observações do efeito Doppler nas ondas de rádio emitidas pela sonda durante a sua passagem pelo pólo sul de Encélado. Esta experiência irá permitir a detecção de concentrações de massa sub-superficiais (diapiros ou outras intrusões geológicas).
Para preparar este encontro, a equipa de imagem da missão programou com antecedência a captação de um conjunto de imagens que possibilitem verificar o nível de actividade dos jactos de água e de partículas de gelo no pólo sul, antes da aproximação da Cassini. As duas imagens que aqui vos trago pertencem a esse conjunto, e mostram Encélado e os seus jactos polares iluminados pelo Sol e pelo brilho do gigante Saturno.

domingo, 25 de abril de 2010

A fúria de Eyjafjallajökull

A emissão de cinzas em Eyjafjallajökull diminuiu consideravelmente na semana passada, o que permitiu aos cientistas olharem directamente para o interior da boca do vulcão. O que viram é fenomenal! Neste momento, o vulcão vomita bombas vulcânicas incandescentes ao ritmo de violentas explosões no interior da caldeira, e das respectivas ondas de choque que se propagam pela nuvem de cinzas.

sábado, 24 de abril de 2010

Cassini regista novo encontro entre Titã e Dione

Titã e Dione vistos pela Cassini lado a lado, no passado dia 20 de Abril de 2010. A imagem em cor natural foi obtida pela combinação de três imagens captadas através dos filtros de cor azul, verde e vermelho.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

Aqui têm um novo alinhamento de Titã e Dione captado esta semana pela sonda Cassini. A imagem assemelha-se a outra publicada no blog no mês passado, embora desta vez Dione aparente um tamanho consideravelmente inferior. O que é que se alterou nas duas luas para que a Cassini registasse uma diferença de tamanhos tão significativa? Apenas a sua posição relativa no momento da captação das imagens. Desta vez Titã encontrava-se mais próximo da Cassini que Dione.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Divulgadas as primeiras imagens do Solar Dynamics Observatory

A NASA divulgou à poucas horas um conjunto de pequenos filmes que mostram as primeiras sequências de imagens captadas pelo Solar Dynamics Observatory (SDO). Obtidas em comprimentos de onda que se estendem desde a banda do visível até ao ultravioleta extremo, as imagens revelam em detalhe a dinâmica de alguns dos fenómenos que animam a superfície do Sol.
Lançado a 11 de Fevereiro de 2010, o SDO encontra-se neste momento a gerar diariamente cerca de 1,5 TB de dados, uma velocidade que já ultrapassa largamente as capacidades dos outros três observatórios solares ainda operacionais: as duas sondas STEREO e o SOHO.

Proeminência solar observada a 30 de Março de 2010 pelo SDO na banda do ultra-violeta extremo (por volta dos 304 nm).
Crédito: NASA/GSFC.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Erupção do Eyjafjallajökull entra numa nova fase

Segundo informações da Agência Meteorógica Islandesa, a erupção do vulcão Eyjafjallajökull poderá estar a entrar numa nova fase. Ontem, a nuvem de cinza vulcânica atingiu altitudes inferiores às observadas em dias anteriores, o que sugere que o fluxo de água para o interior do vulcão poderá ter diminuído, e que a fase de produção de cinzas deverá cessar dentro de pouco tempo. Sismos sentidos na madrugada de ontem indiciam ainda que o Eyjafjallajökull poderá estar a formar os primeiros fluxos de lava, fenómeno que parece ser confirmado pela observação de bombas vulcânicas na orla da cratera do vulcão.
Estas são certamente boas notícias para as companhias de aviação e para os vários passageiros impedidos de viajar pelas restrições no espaço aéreo de muitos países europeus, provocadas pela cinza vulcânica na atmosfera.

Eyjafjallajökull e a densa nuvem de cinzas vulcânicas. Imagem captada a 17 de Abril de 2010 pelo sistema de imagem ALI do satélite da NASA EO-1.
Crédito: NASA/EO-1 team.

A nuvem de cinzas do vulcão islandês Eyjafjallajökull no Atlântico Norte, ao largo da Islândia, numa imagem captada ontem pelo sistema de imagem MODIS do satélite da NASA Terra. Reparem na acentuada diminuição da densidade da nuvem de cinza comparativamente ao observado dois dias antes (ver aqui).
Crédito: NASA/MODIS Rapid Response Team.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Vulcão Eyaflaiok... Aiyafloikol... Elifloyoküll...

A erupção do vulcão Eyjafjallajökull na Islândia tem dominado as notícias nos últimos dias, devido ao caos que as emissões de cinza vulcânica provocaram no espaço aéreo de muitos países europeus. Tenho notado, no entanto, que a maioria dos jornalistas evita utilizar a palavra islandesa quando se referem ao vulcão. Por outro lado, aqueles que se arriscam a pronunciarem a palavra Eyjafjallajökull, acabam normalmente com um nó na língua. Mas afinal como se pronuncia o nome do infame vulcão?

Encontrados fragmentos do meteoro de Wisconsin

Recordam-se da aparatosa bola de fogo que, na passada semana, atravessou vários estados norte-americanos? Nos últimos dias têm sido recuperados pequenos meteoritos na região de Livinston, no estado de Wisconsin, local onde, aparentemente, se fragmentou o meteoro (vejam aqui, aqui, aqui e aqui).

domingo, 18 de abril de 2010

Relâmpagos em Saturno

Relâmpagos na atmosfera de Saturno captados pela sonda Cassini, a 30 de Novembro de 2009. O filme de 10 segundos resultou da compressão de cerca 16 minutos de observação de um sistema de nuvens, no lado nocturno de Saturno, com cerca de 3.000 Km de diâmetro. Durante os 16 minutos de observação, não foram perceptíveis quaisquer alterações na configuração das nuvens que formam a tempestade. Foram incluídos no filme sons de descargas eléctricas que representam os sinais de rádio detectados em simultâneo pelo instrumento RPWS (radio and plasma wave science).
Crédito: NASA/JPL/SSI/University of Iowa.

A Cassini conseguiu finalmente obter as primeiras imagens de relâmpagos em Saturno! A equipa de imagem teve de esperar pela chegada do equinócio em Agosto de 2009, para detectar o brilho emitido pelos relâmpagos em tempestades no lado nocturno do planeta dos anéis.
Apesar de já terem sido detectadas pela Cassini emissões de rádio produzidas por relâmpagos em Saturno, a luz reflectida no lado nocturno do planeta pelo intenso brilho do sistema de anéis impedia a visualização dos respectivos flashes de luz. Com a chegada do equinócio a Saturno, a geometria de incidência dos raios solares fez diminuir drasticamente o brilho dos anéis produzindo condições favoráveis para a observação dos relâmpagos. As primeiras imagens foram captadas em Agosto de 2009, no seio de uma tempestade que se manteve activa entre Janeiro e Outubro de 2009.
Em Saturno, as nuvens que originam relâmpagos dispoêm-se geralmente em três camadas: uma camada superior de gelo de amónia; uma camada intermédia de ácido sulfídrico e amónia; e uma camada mais profunda de gelo de água. Os relâmpagos têm de se propagar pelas três camadas, que no conjunto atingem cerca de 100 Km de altura. Como a largura da mancha brilhante produzida pelos relâmpagos é proporcional à profundidade do seu ponto de origem, os cientistas da missão calculam, com base nas imagens captadas, que os relâmpagos saturnianos surgem com maior frequência nas duas camadas de nuvens mais profundas (ácido sulfídrico e amónia, e gelo de água). No entanto, aparentemente, os relâmpagos não se formam nas regiões mais profundas do sistema de nuvens, onde a água se encontra em estado líquido.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Erupção no Eyjafjallajökull

Nuvem de cinza vulcânica do vulcão Eyjafjallajökull sobre o Mar do Norte. Imagem captada a 15 de Abril de 2010 pelo sistema de imagem MODIS do satélite terrestre Terra.
Crédito: NASA/MODIS Rapid Response Team.

Frequentemente, a nossa visão antropocêntrica faz-nos esquecer que vivemos num dos planetas mais dinâmicos do Sistema Solar.
Ontem, a erupção do vulcão islandês Eyjafjallajökull provocou enormes transtornos no tráfego aéreo europeu ao obrigar a Irlanda, o Reino Unido, a França e os países escandinávios a encerrar o seu espaço aéreo. Em causa está a segurança dos voos. A cinza vulcânica é um material extremamente abrasivo que provoca sérias avarias nos motores dos aviões quando em contacto com as turbinas, com as câmaras de combustão e com outros componentes vitais.
A erupção do Eyjafjallajökull e o consequente caos nas ligações aéreas na Europa teve honras de destaque nos principais noticiários em todo o mundo. Como já vem sendo habitual, o fenómeno foi rapidamente interpretado por muitos como mais um presságio da derradeira revolta da natureza contra a humanidade (com desfecho para 2012?): uma ideia com ampla divulgação na internet, que normalmente encontra pasto fértil nas mentes menos esclarecidas.
Ao contrário do que anunciam os profetas da desgraça, erupções vulcânicas como a de Eyjafjallajökull são fenómenos vulgares, típicos de um planeta geologicamente vivo. É no mínimo ingenuidade pensar que estes e outros desastres naturais possam ocorrer por nossa causa.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mais uma bola de fogo nos céus dos EUA

Imagens do meteoro que ontem atravessou alguns estados norte-americanos, captadas pela câmara de vigilância de um veículo da polícia, em Howard County, Iowa.

A população de 7 estados norte-americanos (incluindo Wisconsin, Michigan, Iowa, Minnesota e Illinois) foi ontem à noite surpreendida por uma brilhante bola de fogo que atravessou os céus a grande velocidade. Segundo várias testemunhas, a passagem do bólide foi acompanhada por um forte estrondo que abalou casas, árvores e outros objectos. O aparatoso fenómeno deverá ter sido provocado pela queda de um meteoro, provavelmente associado às gama-virginidas, uma chuva de estrelas que, normalmente, tem o seu máximo de intensidade entre os dias 14 e 15 de Abril.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

SOHO observa uma espectacular ejecção de massa coronal

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Sequência de 43 imagens captadas pelo coronógrafo LASCO da SOHO, mostrando uma ejecção de massa coronal na orla nordeste do disco solar. O círculo branco no centro representa o diâmetro do Sol.
Crédito: LASCO/SOHO Consortium/NRL/ ESA/NASA/animação de Sérgio Paulino.

Nos últimos meses, o Sol voltou a exibir o seu lado mais temperamental, depois de um longo período de fraca actividade. Prova disso foi a violenta ejecção de massa coronal observada ontem pelo observatório solar SOHO, uma das maiores dos últimos anos. A gigantesca estrutura de plasma brilhante ergueu-se da orla nordeste do disco solar por volta das 09:00 (UTC), lançando milhares de milhões de toneladas de matéria em direcção ao espaço interplanetário. Apesar de intensa, esta ejecção de massa coronal não se cruzará directamente com a Terra, pelo que terá um fraco impacto no nosso campo magnético.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Encontro da Cassini com Dione e passagens distantes por Encélado, Jano e Epimeteu

A órbita 129 da Cassini tinha como pontos altos dois encontros próximos com duas das maiores luas de Saturno, Titã e Dione. O encontro com Dione, cerca de 500 Km acima da sua superfície, foi a primeira passagem próxima por esta lua desde Outubro de 2005, e teve como principal objectivo determinar a existência de fissuras activas que, à imagem do que acontece em Encélado, emitam jactos difusos de vapor de água e de partículas de gelo. Para tal, a sonda foi colocada numa orientação fixa durante todo o encontro, posição vantajosa para o pleno funcionamento dos espectrómetros, dos magnetómetros e de outros instrumentos de análise de partículas. Apesar das limitações impostas, a equipa científica da Cassini conseguiu ter a destreza de posicionar a sonda numa orientação que permitisse também a recolha de belas imagens de alta resolução, sem prejudicar as leituras dos outros instrumentos.

Dione vista pela Cassini a cerca de 192.000 Km de distância. Imagem captada momentos após o encontro próximo de 07 de Abril de 2010.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Fracturas na superfície de Dione. Imagem captada pela Cassini a 07 de Abril de 2010, a cerca de 2.500 Km da superfície de Dione (resolução: 15 metros/pixel).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

O dia de trabalho da Cassini foi longo, e só ficou completo com as passagens distantes por Encélado, Jano e Epimeteu, oportunidades para a captação de vistas globais das três luas.

O crescente de Encélado numa imagem em cor natural resultante da combinação de imagens captadas a 07 de Abril de 2010 pela sonda Cassini. De notar a zona de transição entre o terreno coberto de crateras a norte e a superfície mais jovem a sul.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

A pequena lua Jano vista pela Cassini a 07 de Abril de 2010.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Montagem de duas imagens de Epimeteu captadas pela Cassini a 07 de Abril de 2010.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/montagem de Sérgio Paulino.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Actividade vulcânica recente detectada em Vénus

Visão global da superfície de Vénus centrada em Rusalka Planitia, construída com os dados obtidos pelo radar de abertura sintética da sonda Magellan (em missão no planeta entre 1990 e 1994).
Crédito: NASA/JPL.

Foram ontem publicados na revista Science dados obtidos pela Venus Express que sugerem a presença de actividade vulcânica recente na superfície de Vénus (ver artigo aqui). Com base em leituras efectuadas pelo espectrómetro VIRTIS (Visible and Infrared Thermal Imaging Spectrometer), o único instrumento a bordo da sonda europeia capaz de perscrutar Vénus através da sua densa atmosfera, Smrekar e colegas identificaram nove pontos quentes localizados em áreas com anomalias gravimétricas positivas, que indiciam a presença de câmaras magmáticas profundas, provavelmente, ainda activas. O espectrómetro VIRTIS detectou ainda elevadas emissividades térmicas em três pontos quentes, que sugerem a presença de fluxos de lava recentes. "Os fluxos de lava solidificada, que irradiam calor na superfície, parecem pouco alterados pela quente e densa atmosfera venusiana. Assim, podemos concluir que foram formados à menos de 2,5 milhões de anos - e a maioria, provavelmente, à menos de 250 mil anos. Isto quer dizer que, em termos geológicos, os fluxos de lava observados foram praticamente formados hoje" afirma Joern Helbert, investigador do DLR e um dos coautores do artigo publicado.
Aparentemente, estes novos dados contrariam a teoria prevalente que explica a juventude da superfície de Vénus como produto de episódios cataclísmicos de intensas erupções vulcânicas à escala global, ao indiciar a presença actual de uma lenta remodelação da crusta com base em pequenos focos de actividade vulcânica.

Projecção tridimensional de Idunn Mons, um pico vulcânico localizado em Imdr Regio (topografia com exagero vertical de 30 vezes). Foram sobrepostos à topografia derivada dos dados de radar da sonda Magellan, os padrões de emissividade obtidos pelo espectrómetro VIRTIS. As regiões mais quentes estão assinaladas a laranja e reflectem composições minerais alteradas por fluxos de lava recentes.
Crédito: ESA/NASA/JPL.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Planetas no crepúsculo

Vénus e Mercúrio em conjunção no céu. Imagem captada no passado dia 4 de Abril de 2010, cerca de 45 minutos após o pôr-do-Sol.
Crédito: Sérgio Paulino.

Os dois planetas mais interiores do Sistema Solar convergiram anteontem para uma belíssima conjunção no céu crepuscular, aqui retratada numa imagem captada na praia da Fonte da Telha, nos arredores de Lisboa. Nos próximos dias podem continuar a localizar com facilidade o elusivo Mercúrio, usando como guia o brilhante planeta Vénus. Os dois planetas vão manter uma separação inferior a 5º até ao próximo dia 12 de Abril.

sábado, 3 de abril de 2010

Rachmaninoff

Cratera Rachmaninoff, uma bacia de impacto com 290 Km de diâmetro descoberta pela MESSENGER a 29 de Setembro de 2009.
Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington.

Rachmaninoff foi o nome aprovado pela União Astronómica Internacional (UAI) para uma jovem bacia de impacto com anel duplo descoberta durante a terceira passagem da sonda norte-americana MESSENGER por Mercúrio. O novo nome foi escolhido em honra a Sergei Vasilievich Rachmaninoff, um compositor, pianista e maestro russo da primeira metade do século XX. Fica assim completa a lista de nomes recentemente aprovados pela UAI para algumas das mais interessantes crateras mercurianas descobertas pela MESSENGER.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Os segredos de Mimas

No mês de Fevereiro, o passeio da sonda Cassini pelo sistema saturniano teve como momento alto um encontro com Mimas. A passagem próxima permitiu a obtenção das primeiras imagens de alta-resolução da superfície da pequena lua, em particular, do hemisfério dominado pela cratera Herschel.

A lua Mimas num mosaico de imagens captadas pela sonda Cassini durante a sua passagem a 13 de Fevereiro de 2010. Ocupando uma extensa área da sua superfície encontra-se a gigantesca cratera de impacto Herschel, uma cicatriz profunda com cerca de 139 Km de diâmetro. Reparem na escassez de crateras no seu interior. Será este um indício de formação recente? Reparem também nas faixas escuras que tingem as porções inferiores de algumas crateras, incluindo Herschel. Os cientistas da missão acreditam que estas faixas são uma evidência da gradual acumulação de impurezas nestas regiões por volatização do gelo de água e de outros materiais voláteis.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Esta semana, a NASA tornou público um novo mapa da distribuição das temperaturas na superfície de Mimas, construído com os dados recolhidos pelo espectrómetro de infravermelhos CIRS da Cassini durante esse encontro com a pequena lua. Como já vem sendo vulgar na missão Cassini, novos dados correspondem muitas vezes a resultados inesperados. Desta vez a surpresa surgiu no padrão da distribuição das temperaturas numa das luas de Saturno aparentemente menos interessantes. Para um corpo sem atmosfera como Mimas, seria de esperar a presença de temperaturas relativamente mais elevadas na região equatorial, junto ao ponto em que o Sol se encontra directamente em posição perpendicular à superfície. Na realidade, no caso de Mimas, as temperaturas mais elevadas distribuem-se num bizarro padrão em V que se estende entre os dois pólos nas regiões banhadas pelos primeiros raios solares da manhã.

Os bizarros padrões de distribuição das temperaturas diurnas, obtidos pelo espectrómetro de infravermelhos CIRS existente a bordo da sonda Cassini, durante o encontro com a pequena lua de Saturno no passado dia 13 de Fevereiro de 2010. As leituras mais elevadas encontram-se representadas a amarelo e correspondem a temperaturas próximas de 92 K (- 181 ºC), enquanto que as mais baixas estão representadas a azul e correspondem a temperaturas próximas de 77 K (-196 ºC). O painel superior compara a distribuição de temperaturas esperada para um corpo esferóide sem atmosfera com a distribuição anómala de temperaturas observada pela Cassini. O símbolo branco em forma de Sol representa o local de incidência directa da radiação solar. O painel inferior mostra o alinhamento aproximado da distribuição de temperaturas com o mapa da superfície de Mimas em luz visível.
Crédito: NASA/JPL/GSFC/SWRI/SSI.

Aparentemente, a distribuição das temperaturas não se relaciona directamente com nenhuma das estruturas geológicas reconhecidas na superfície de Mimas, apesar de Herschel se situar próximo do centro da região mais fria. Uma das explicações mais plausíveis relaciona a região fria com a possível presença de grandes quantidades de materiais com elevada condutividade térmica na superfície de Mimas, que poderiam canalizar de forma eficaz o calor da radiação solar para camadas subsuperficiais. Esta hipótese não explica, no entanto, a presença da faixa quente em V e da fronteira bem definida entre as regiões quente e fria. Estes são, por agora, segredos bem guardados, apenas para desvendar no futuro. Com estes novos dados, a equipa científica da missão Cassini irá dar, certamente, nos próximos encontros, mais atenção a esta pequena lua de Saturno.