sexta-feira, 30 de julho de 2010

Apenas mais uma colina em Cydonia

Imagem captada pela Mars Reconnaissance Orbiter a 5 de Abril de 2007 (resolução 25 cm/pixel), mostrando o topo de uma mesa na região de Cydonia.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

Desde a sua descoberta nos anos 70, a "Face de Marte" tem alimentado um role de especulações relativas à sua natureza artificial e à sua relação com outras estruturas vizinhas supostamente construídas por uma antiga civilização extraterrestre. Surpreendentemente, apesar de ter sido repetidamente fotografada por diferentes sondas, em diferentes ângulos de iluminação e em resoluções muito superiores às das primeiras imagens onde foi identificada, a estrutura continua a ser entendida por muitos como uma evidência flagrante da existência de vida inteligente em Marte.

Imagem obtida a 25 de Julho de 1976 pela sonda Viking 1, mostrando a curiosa colina em forma de face. A resolução das imagens da "Face" obtidas pelas sondas Viking oscila entre os 43 e os 889 m/pixel.
Crédito: NASA/JPL.

A nova imagem recentemente obtida pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter mostra de forma inegável a verdadeira natureza da "Face de Marte". Com cerca de 1,5 km de comprimento, a estrutura rochosa é apenas... mais uma das muitas colinas que se elevam nas planícies de Cydonia; provavelmente, um belo exemplo de uma antiga cúpula de lava erodida na forma de um planalto isolado ou mesa.

domingo, 25 de julho de 2010

SDO observa espectaculares filamentos no Sol

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Um filamento magnético eleva-se acima da superfície solar nesta sequência de imagens captadas a 24 de Julho de 2010 pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly (AIA), a bordo do Solar Dynamics Observatory (SDO), através do canal de 171 Å (Fe IX).
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium/animação de Sérgio Paulino.

O Solar Dynamics Observatory continua a produzir fabulosas imagens da actividade fervilhante da atmosfera solar. Ontem observou uma série de espectaculares filamentos magnéticos na coroa solar, incluindo, este que aqui vos trago. Elevando-se a dezenas de milhares de quilómetros acima da superfície do Sol, a estrutura tubular deste filamento reúne em si milhões de toneladas de plasma denso e relativamente frio. Os investigadores têm estudado em pormenor estas estruturas de forma a determinar o seu efeito na atmosfera solar circundante.

Neptuno sofreu um impacto de um cometa

O planeta Neptuno numa imagem captada pela sonda Voyager 2 durante a sua aproximação ao gigante gelado em 1989.
Crédito: NASA/JPL.

Investigadores do Instituto Max Planck, na Alemanha, descobriram fortes evidências de um impacto de um cometa na atmosfera de Neptuno, à cerca de 200 anos atrás. A descoberta baseia-se em dados colhidos com o instrumento PACS (Photodetector Array Camera and Spectrometer), em funcionamento a bordo do telescópio espacial Herschel, e no muito que se aprendeu com o impacto do cometa Shoemaker-Levy 9 em Júpiter em 1994.
A atmosfera dos quatro planetas exteriores do Sistema Solar é composta essencialmente por hidrogénio e hélio, com vestígios de água, dióxido de carbono e monóxido de carbono, moléculas que podem ser detectadas na radiação infravermelha emitida pelos planetas. Em Neptuno, os investigadores encontraram uma distribuição anómala de monóxido de carbono. Aparentemente, a estratosfera possui concentrações mais elevadas deste gás do que a camada atmosférica inferior, a troposfera. Segundo Paul Hartogh, investigador principal do programa científico da missão Herschel, "(...) as concentrações de monóxido de carbono deveriam ser semelhantes nas duas camadas atmosféricas ou decrescer com a altitude", pelo que a distribuição observada em Neptuno só poderá ter uma origem exterior.
Em 1994, o impacto do cometa Shoemaker-Levy 9 em Júpiter foi observado pelas sondas Galileo, Voyager 2 e Ulysses, o que permitiu aos cientistas reunir extensa documentação referente a estes fenómenos. Na altura, os astrónomos aprenderam que os impactos de cometas na atmosfera dos gigantes gasosos deixam vestígios de água, dióxido de carbono, monóxido de carbono, ácido cianídrico e dissulfeto de carbono, gases que se vão distribuindo pela estratosfera ao longo das décadas. Ora, tendo em conta estes dados, as concentrações de monóxido de carbono observadas na estratosfera de Neptuno sugerem uma origem num impacto cometário que, pelo padrão de distribuição, terá ocorrido à dois séculos atrás, curiosamente, décadas antes da descoberta de Neptuno.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Planetas telúricos em maioria entre os exoplanetas detectados pelo telescópio Kepler

Segundo o astrónomo Dimitar Sasselov, os planetas telúricos representam a maioria dos exoplanetas detectados pelo telescópio Kepler. O anúncio foi feito recentemente durante uma palestra no TED, onde Sasselov falou acerca dos primeiros resultados da missão Kepler, da vida no Universo e da importância da descoberta de vida fora da nossa biosfera.
É importante sublinhar que estes resultados nada nos dizem acerca da habitabilidade dos planetas detectados; apenas sugerem que os planetas com dimensões semelhantes às da Terra são mais abundantes na nossa Galáxia que os gigantes gasosos.
Podem assistir à palestra (em inglês) aqui:

Lutécia, o maior asteróide alguma vez visitado

Diagrama mostrando todos os asteróides e cometas visitados por sondas até Julho de 2010 (escala: 100 metros por pixel na versão com a máxima resolução).
Crédito: montagem de Emily Lakdawalla. Todas as imagens de NASA/JPL/Ted Stryk excepto: Matilde: NASA/JHUAPL/Ted Stryk; Šteins: ESA/OSIRIS team; Eros: NASA/JHUAPL; Itokawa: ISAS/JAXA/Emily Lakdawalla; Lutécia: ESA/equipa OSIRIS/Emily Lakdawalla; Halley: Russian Academy of Sciences/Ted Stryk; Tempel 1: NASA/JPL/UMD; Wild 2: NASA/JPL.

A equipa da missão Rosetta encontra-se, certamente, neste momento, a analisar a montanha de dados recolhida pela sonda europeia durante o seu encontro com o asteróide 21 Lutécia, pelo que ainda não tenho as tão aguardadas novidades relativas à sua natureza e composição. Enquanto esperamos, deixo-vos esta espectacular montagem de imagens de pequenos corpos do Sistema Solar, realizada pela Emily Lakdawalla (autora do blog da Sociedade Planetária). Nela estão contidos todos os asteróides e cometas visitados por sondas à mesma escala, para que possam comparar as respectivas dimensões. Reparem como Lutécia é gigantesco quando comparado com os outros objectos!

terça-feira, 20 de julho de 2010

A prole de Prometeu

Mosaico de imagens captadas pela sonda Cassini a 16 de Abril de 2010, mostrando estruturas em forma de leque no anel F de Saturno. É possível observar pequenos aglomerados brilhantes associados às descontinuidades do anel.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

A equipa de imagem da missão Cassini parece ter encontrado uma verdadeira fábrica de pequenas luas no anel F de Saturno. Imagens recentemente captadas sugerem que as estruturas em forma de leque talhadas pelas perturbações gravitacionais da lua pastora Prometeu, possam estar a comprimir pequenos agregados de partículas de gelo do anel em objectos mais consistentes, que podem atingir até 20 Km de diâmetro! Uma parte desses objectos acabam destruídos a cada encontro próximo com Prometeu; no entanto, alguns conseguem sobreviver, tornarem-se mais densos e atrair mais material na sua superfície.
Leiam aqui o comunicado (em inglês) da equipa de imagem da Cassini.

Explosão de vida no Mar Báltico

Uma florescência de cianobactérias cobrindo o Mar Báltico, numa imagem captada a 11 de Julho de 2010 pelo Medium Resolution Imaging Spectrometer (MERIS), um dos instrumentos científicos a bordo do satélite Envisat.
Crédito: ESA.

As florescências de cianobactérias são fenómenos tendencialmente sazonais, que ocorrem no Mar Báltico, geralmente após as florescências primaveris de diatomáceas e de dinoflagelados (constituintes comuns da comunidade fitoplanctónica da região). Resultam da associação de um particular conjunto de condições ambientais que favorecem a proliferação de cianobactérias filamentosas fixadoras de azoto atmosférico. Fazem parte desse conjunto: a baixa salinidade das águas do Mar Báltico (favorável à proliferação da maioria das cianobactérias planctónicas, pouco tolerantes a águas com elevada salinidade); a diminuição drástica da concentração de nitratos nos meses de Verão (resultante, essencialmente, da explosão populacional primaveril de diatomáceas e de dinoflagelados); a manutenção de concentrações elevadas de fosfatos (nutrientes essenciais para a proliferação das cianobactérias); e o aumento da temperatura e da insolação da água (as cianobactérias são organismos fotossintéticos que crescem preferencialmente a temperaturas mais amenas).
São duas as espécies cianobacterianas que geralmente dominam as florescências no Mar Báltico: a espécie não tóxica Aphanizomenon flos-aquae e a espécie potencialmente produtora de toxinas (hepatotoxinas e neurotoxinas) Nodularia spumigena.

Aspecto macroscópico de uma florescência de Aphanizomenon flos-aquae numa albufeira do Alentejo.
Crédito: Sérgio Paulino.

Aspecto microscópico dos feixes de filamentos de Aphanizomenon flos-aquae, numa amostra colhida numa albufeira do Alentejo (ampliação 100X).
Crédito: Sérgio Paulino.

Cada vez mais vulgares e prolongadas nos meses de Verão, as florescências de cianobactérias potencialmente tóxicas são fenómenos extremamente nefastos para as economias do Mar Báltico, uma vez que ditam o encerramento de praias na região, e limitam a pesca nas zonas afectadas. Com vista a minimizar o seu impacto na vida das populações locais, as autoridades dos países bálticos têm beneficiado desde 2002 da monitorização contínua destes fenómenos, a partir de uma rede de satélites de observação que inclui o satélite europeu Envisat.

domingo, 18 de julho de 2010

Ontario Lacus, um grande lago em Titã

Uma visita virtual a Ontario Lacus, um grande lago de hidrocarbonatos líquidos localizado a curta distância do pólo sul de Titã. Animação produzida a partir de imagens de radar obtidas pela sonda Cassini a 22 de Junho de 2009, a 8 de Julho de 2009 e a 12 de Janeiro de 2010.
Crédito: NASA/JPL.

É extraordinária a forma como as paisagens de Titã nos são tão familiares. Abaixo da densa atmosfera alaranjada, um pouco por toda a superfície, extensas redes de canais serpenteiam em direcção a gigantescas bacias, algumas delas preenchidas por grandes massas de hidrocarbonatos líquidos (essencialmente, misturas líquidas de metano, de etano e de outros hidrocarbonatos simples). Em alguns desses lagos, os cientistas têm identificado praias, baias, vales inudados e deltas de rios, estruturas em tudo semelhantes às suas congéneres terrestres.
O vídeo que aqui vos trago mostra algumas dessas estruturas nas margens de Ontario Lacus, o maior dos lagos de hidrocarbonatos identificados no hemisfério sul de Titã. Com cerca de 235 quilómetros de comprimento e cerca de 20.000 km² de extensão, Ontario Lacus ocupa uma área ligeiramente inferior à do Alentejo. É uma massa líquida extremamente dinâmica, com fortes evidências da contínua acção de processos erosivos ao longo das suas margens (ver artigo aqui).
Recentemente, investigadores da missão Cassini identificaram o recuo das margens de Ontario Lacus em cerca de 10 Km, uma descida do nível do lago em cerca de 1 metro por ano, ao longo de 4 anos (ver artigo aqui). Esta descoberta é mais uma forte evidência da existência de um ciclo hidrológico do metano em Titã, que sazonalmente, à semelhança do que se passa na Terra com a água, faz variar o nível das grandes massas líquidas da lua.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Astronomia no Verão no OAL

O magnífico edifício do Observatório Astronómico de Lisboa.
Crédito: Sérgio Paulino.

Inicia-se amanhã, ao fim da tarde, as Actividades de Verão no Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), uma iniciativa que terá lugar na Tapada da Ajuda todas as sexta-feiras até ao dia 10 de Setembro. As actividades a desenvolver ficarão distribuídas em dois blocos: uma visita guiada ao OAL focada no rico património existente no interior do edifício; e sessões de observação astronómica com telescópios instalados no exterior. A participação nas actividades carece de inscrição prévia, e é limitada a um número máximo de participantes. Consultem esta página para mais informações.

Encontro histórico Apollo-Soyuz foi há 35 anos

Representação artística do encontro entre as cápsulas Apollo e Soyuz na órbita terrestre.
Crédito: NASA.

Separados desde o final da Segunda Guerra Mundial por conflitos políticos profundos e pela constante luta pela supremacia ideológica e tecnológica, americanos e soviéticos realizaram em Julho de 1975, uma missão tripulada conjunta, que iria abrir as portas a futuras cooperações entre as agências espaciais das duas nações. Designada Apollo Soyuz Test Project (ASTP), a missão tinha como objectivo principal demonstrar que duas cápsulas de construção distinta poderiam acoplar em segurança em plena órbita terrestre. Munidos de um espírito de colaboração sem precedente entre americanos e soviéticos, responsáveis e colaboradores da missão prepararam diligentemente as duas cápsulas para o grande evento.
A 17 de Julho de 1975, dois dias após o seu lançamento, a Apollo e a Soyuz concretizaram a primeira de duas acoplagens bem sucedidas. Durante pouco menos de 48 horas, astronautas e cosmonautas trabalharam e conviveram de forma saudável, até à desacoplagem definitiva entre as duas cápsulas, a 19 de Julho.
Numa demonstração da verdadeira dimensão humana e cultural da missão, os cinco tripulantes derrubariam em poucas horas barreiras culturais e linguísticas aparentemente intransponíveis entre povos que, na altura, se mantinham em constante tensão militar há pelo menos 30 anos.

Os membros do Apollo Soyuz Test Project: os astronautas Thomas P. Stafford, Vance D. Brand e Donald K. Slayton (à esquerda), e os cosmonautas Alexei Leonov e Valeri Kubasov (à direita).
Crédito: NASA.

O astronauta Thomas P. Stafford e o cosmonauta Aleksei A. Leonov apertando as mãos após a acoplagem bem sucedida entre as cápsulas Apollo e Soyuz.
Crédito: NASA.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Espanha na estratosfera

A camisola da selecção espanhola de futebol pairando 33 Km acima de Igualada, Espanha (em plena estratosfera), numa imagem captada a 9 de Julho de 2010, num balão de hélio lançado pela companhia espanhola Zero 2 Infinity (mais informações, ver aqui).
Crédito: Zero 2 Infinity.

Esta imagem espelha bem o sentimento do povo espanhol depois da Final do Mundial de Futebol da África do Sul, ontem à noite em Joanesburgo. Numa luta renhida com a selecção holandesa, a Espanha sagrou-se campeã mundial pela primeira vez na história da competição!

sábado, 10 de julho de 2010

Mais imagens de 21 Lutécia!

Já foram publicadas mais imagens do asteróide 21 Lutécia no blog da missão Rosetta. Vale a pena fazer uma visita! Entre as primeiras imagens de alta-resolução da superfície do asteróide vão encontrar esta espectacular imagem de Lutécia ao lado do planeta Saturno!

21 Lutécia e o distante planeta Saturno, numa imagem captada pelo sistema de imagem OSIRIS, a 36 mil quilómetros do asteróide, durante a fase de aproximação da sonda Rosetta à sua superfície.
Crédito: ESA 2010 MPS para a equipa OSIRIS/MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA.

Primeiras imagens de 21 Lutécia!

Composição de 15 imagens captadas pelo sistema óptico OSIRIS, a bordo da sonda Rosetta, durante a sua aproximação ao asteróide 21 Lutécia.
Crédito: ESA 2010 MPS para a equipa OSIRIS/MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA.

Aqui estão as primeiras imagens de 21 Lutécia, a última das quais captada a apenas 80 mil quilómetros de distância! Teremos novas imagens provavelmente só depois das 22:00 (hora de Lisboa), depois do final do jogo entre a Alemanha e o Uruguai para os 3º e 4º lugares do Mundial de Futebol da África do Sul (lembrem-se que grande parte da equipa OSIRIS é alemã).

Rosetta a postos para encontro com 21 Lutécia

21 Lutécia numa imagem captada ontem, a uma distância de 2 milhões de quilómetros, pelo sistema óptico OSIRIS, como parte da campanha de navegação óptica que nos últimos meses tem guiado a sonda Rosetta em direcção ao asteróide.
Crédito: ESA 2010 MPS para a equipa OSIRIS/MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA.

Faltam pouco menos de 4 horas para o encontro histórico da sonda europeia Rosetta com o enigmático asteróide 21 Lutécia. Segundo informação disponível no blog da missão, o asteróide encontrava-se à cerca de uma hora e meia, a 330 mil quilómetros da sonda, uma distância que permitia já ao sistema óptico resolver algumas das estruturas da sua superfície.
Podem acompanhar aqui o live webcast emitido pela ESA cobrindo todo o evento a partir das instalações da sala de controlo da missão.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Encontro com a pequena lua Dafne

A lua saturniana Dafne no interior da Divisão de Keeler, no anel A. Composição a cores aproximadamente naturais, obtida a partir de imagens captadas a 5 de Julho de 2010 pela sonda Cassini, a uma distância aproximada de 73.000 Km, através de filtros para o vermelho (650 nm), o verde (568 nm) e o azul (451 nm).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Gordan Ugarkovic.

A sonda Cassini realizou na passada segunda-feira um encontro distante com a lua Dafne, um pequeno corpo gelado com cerca de 8 Km de diâmetro residente no interior da Divisão de Keeler. Esta foi a passagem mais próxima da superfície da pequena lua desde a sua descoberta em 2005.
O conjunto de ondulações verticais e horizontais nos rebordos da Divisão de Keeler constitui, provavelmente, o aspecto mais curioso registado neste encontro pelo sistema de imagem da Cassini. Produzidas por complexas interacções gravitacionais entre Dafne e as partículas do anel A, estas estruturas têm a sua génese na excentricidade e na inclinação da órbita da pequena lua.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Um primeiro olhar no interior da cápsula das amostras da Hayabusa

Já foi aberta a cápsula das amostras devolvida pela sonda Hayabusa no passado dia 13 de Junho de 2010, de acordo com informação oficial publicada no site da JAXA. Aparentemente, os cientistas confirmaram a presença de pequenas partículas microscópicas no interior da cápsula das amostras. Nas próximas semanas, a agência espacial nipónica vai confirmar se as respectivas partículas são amostras genuínas da superfície do asteróide Itokawa, ou se, por outro lado, são contaminantes de origem terrestre.

Aspecto do interior da cápsula das amostras da Hayabusa após a sua abertura.
Crédito: JAXA.

Imagem microscópica captada no passado dia 29 de Junho de 2010, mostrando uma das pequenas partículas escuras com 0,01 mm de diâmetro, encontradas no interior da cápsula das amostras da Hayabusa.
Crédito: JAXA.

domingo, 4 de julho de 2010

O meu AT-AT walker de estimação


Na verdade não é meu... Mas quem não gostaria de ter um AT-AT walker da Guerra das Estrelas de estimação?

Em busca de raios nos anéis de Saturno

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Sequência de 64 imagens captadas pela sonda Cassini no passado dia 30 de Junho de 2010, mostrando a face Sul do Sistema de Anéis de Saturno em rotação. É possível observar nas imagens algumas luas saturnianas no seu movimento orbital, bem como algumas subtis estruturas radiais no anel B conhecidas como raios.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/animação de Sérgio Paulino.

A Cassini completou ontem um conjunto de cinco sessões de observação do sistema de anéis de Saturno. Estas sessões tinham como objectivo rastrear a formação de raios (spokes, em inglês) no anel B.
Formados pela deslocação e suspensão de poeira microscópica acima do plano dos anéis, os raios são, aparentemente, fenómenos sazonais que se manifestam apenas quando Saturno se encontra próximo do equinócio. Os mecanismos envolvidos na sua formação encontram-se ainda por esclarecer; no entanto, a aparente sincronização do movimento dos raios com o movimento de rotação do campo magnético de Saturno parece sugerir uma estreita ligação entre os dois fenómenos.

sábado, 3 de julho de 2010

Dupla erupção solar!

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Sequência de 41 imagens captadas hoje pelo coronógrafo LASCO da SOHO, mostrando quatro ejecções de massa coronal. O círculo branco no centro representa o diâmetro aproximado do Sol.
Crédito: LASCO/SOHO Consortium/NRL/ESA/NASA/animação de Sérgio Paulino.

A actividade solar tem estado em alta nas últimas horas!
Esta manhã, um par de filamentos magnéticos, cada um localizado em lados opostos do Sol, entraram em erupção, lançando num curto espaço de tempo quatro violentas ejecções de massa coronal no espaço.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Expectativas para o encontro da sonda Rosetta com o asteróide 21 Lutécia

Representação artística do encontro da sonda Rosetta com um asteróide.
Crédito: ESA/C.Carreau.

Falta pouco mais de uma semana para o encontro da sonda Rosetta com o asteróide 21 Lutécia, a última actividade científica antes da fase derradeira da sua longa viagem interplanetária em direcção ao seu destino final, o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
Depois de uma primeira incursão na Cintura de Asteróides em 2008, que incluiu uma rápida passagem a 800 Km da superfície do pequeno asteróide 2867 Šteins, a sonda europeia regressa novamente a esta região do Sistema Solar para um breve encontro com um dos gigantes rochosos residentes na vasta região compreendida entre as órbitas de Marte e de Júpiter.

A forma irregular de 2867 Šteins em seis imagens captadas pela sonda Rosetta durante o encontro com o asteróide no dia 5 de Setembro de 2008.
Crédito: ESA/OSIRIS Team MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA.

O que é que se sabe actualmente acerca de Lutécia? O que se espera conhecer com este encontro?
Como a sua numeração indica, 21 Lutécia foi um dos primeiros asteróides a serem descobertos. Foi observado pela primeira vez a 15 de Novembro de 1852 pelo astrónomo e pintor alemão Hermann Goldschmidt, então residente na cidade de Paris. As circunstâncias da sua descoberta acabaram por ditar a escolha do seu nome, herdado da antiga cidade romana, hoje sepultada sob as ruas da capital francesa.
Apenas um mero ponto de luz quando observado a partir de telescópios terrestres, Lutécia tem desvendado pouco da sua verdadeira natureza. A evolução dos instrumentos de observação nas últimas décadas tem permitido aos astrónomos determinar com elevado grau de precisão as suas características orbitais e algumas das suas características físicas. Lutécia possui uma órbita excêntrica com distâncias ao Sol que variam entre 2,0 e 2,8 UA. É um objecto grande e alongado, com dimensões de 132X101X76 Km e com uma inclinação axial muito elevada.
O maior desafio tem sido, no entanto, determinar a composição da sua superfície. As análises ao seu espectro têm-se revelado largamente inconclusivas, posicionando Lutécia numa classificação algo indefinida, algures entre os asteróides do tipo M (objectos com grande percentagem de metais na sua composição) e os asteróides do tipo C (objectos de composição semelhante aos meteoritos condritos carbonáceos).
É neste contexto que a visita da sonda Rosetta se revela de extrema importância. Com cerca de 2 horas de observação programadas para este encontro, a sonda europeia poderá resolver velhas dúvidas relativas à classificação não só de Lutécia, como também de outros asteróides. Será também uma espécie de aperitivo para o encontro da sonda Dawn com o protoplaneta Vesta no próximo ano. Seja como for, pela experiência de encontros passados entre sondas e asteróides, a visita da Rosetta a Lutécia será um momento de descoberta singular que revelará um surpreendente pequeno mundo, provavelmente diferente de tudo o que foi observado até hoje.

Asteróides e cometas visitados por sondas até Setembro de 2008. Todos os objectos encontram-se à mesma escala (75 m/pixel, na versão aumentada). O volume de Lutécia ultrapassa largamente o volume ocupado por todos os objectos representados nesta montagem.
Crédito: montagem de Emily Lakdawalla. Todas as imagens de NASA/JPL/Ted Stryk excepto: Matilde: NASA/JHUAPL/Ted Stryk; Šteins: ESA/OSIRIS team; Eros: NASA/JHUAPL; Itokawa: ISAS/JAXA/Emily Lakdawalla; Halley: Russian Academy of Sciences/Ted Stryk; Tempel 1: NASA/JPL/UMD; Wild 2: NASA / JPL.