sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Descoberta de asteróides: os últimos 30 anos


Este espectacular vídeo do Observatório de Arecibo mostra a localização de todos os asteróides conhecidos ao longo dos últimos 30 anos. De notar que, à medida que o tempo passa, mais objectos vão sendo adicionados (as novas descobertas surgem por momentos marcadas a branco). A partir de meados dos anos 90, verifica-se um aumento significativo de descobertas, correspondente à introdução de sistemas automáticos de detecção de asteróides. Geralmente agrupadas, as novas descobertas vão-se posicionando nas regiões mais próximas da Terra, na direcção oposta ao do Sol. A partir de 2009 surge um novo padrão de descobertas, posicionadas numa linha perpendicular ao vector Terra-Sol, que corresponde a resultados obtidos no decorrer da missão WISE.
Todos os asteróides estão representados a verde, com a excepção dos asteróides potencialmente perigosos para a Terra, representados a vermelho, e dos restantes asteróides próximos da Terra (objectos com um periélio inferior a 1,3 UA), representados a amarelo.

HD 10180: um novo sistema planetário

O crescente do planeta HD 10180d numa representação artística onde também se vislumbra a silhueta dos dois planetas interiores b e c em trânsito no disco brilhante da estrela HD 10180.
Crédito: ESO/Luís Calçada.

Foi descoberto esta semana um novo sistema planetário com pelo menos cinco novos planetas. Fazendo uso do espectrógrafo HARPS que se encontra instalado no telescópio de 3,6 metros do Observatório Europeu do Sul (ESO), em La Silla, no Chile, uma equipa de astrónomos europeus liderada por Christophe Lovis do Observatoire de l’Université de Genève, mediu a velocidade radial da estrela HD 10180, e identificou cinco fortes sinais correspondentes a cinco novos planetas com massas semelhantes à do planeta Neptuno. A equipa, que inclui os portugueses João Fernandes do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, e Nuno Santos do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, registou ainda dois outros sinais mais fracos, que poderão corresponder a dois planetas com massas semelhantes à da Terra e à de Saturno (ver artigo aqui).

Imagem criada a partir de fotografias captadas através de filtros azul e vermelho, mostrando a estrela HD 10180 (a mais brilhante ao centro da imagem).
Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2. Agradecimentos: Davide De Martin.

HD 10180 é uma estrela semelhante ao Sol, de tipo espectral G1V e com massa e metalicidade, respectivamente, 6% e 20% superiores à do Sol, situada a cerca de 127 anos-luz na direcção da constelação Hydrus (Hidra Macho), uma constelação austral inacessível a partir das latitudes do território português. Os cinco novos planetas situam-se em órbitas estáveis quase circulares, a distâncias da sua estrela que vão desde 0,0641 (± 0,001) a 1,422 (± 0,026) UA. O candidato de maior massa (HD 10180h) tem um período orbital de cerca de 2222 dias, e será, provavelmente, o planeta mais distante da estrela neste sistema (3,4 UA, uma distância que corresponde à região exterior da nossa Cintura de Asteróides). HD 10180b, o candidato de menor massa, origina uma oscilação na estrela de apenas 3 quilómetros por hora, um movimento bastante difícil de medir. Caso se confirme a sua presença, este será o exoplaneta de menor massa descoberto até hoje (cerca de 1,4 vezes a massa da Terra). Com um período orbital de apenas 1,18 dias, HD 10180b deverá ser um planeta rochoso muito semelhante a Corot-7b.

sábado, 21 de agosto de 2010

Sobrevoando Jápeto, Reia e Tétis

Lembram-se de Paul Schenk e dos seus vídeos mostrando projecções topográficas em 3D da superfície das quatro maiores luas de Júpiter?
Bem, Schenk voltou a publicar novos vídeos no YouTube. Desta vez temos voos virtuais sobre: os picos da cordilheira equatorial de Jápeto; a bacia de impacto Odysseus em Tétis; e Inktomi, uma cratera com raios, recentemente formada na superfície de Reia.

A cordilheira equatorial de Jápeto e os seus gigantescos picos (alguns com mais de 20 km de altitude).

A jovem Inktomi, uma cratera com raios brilhantes, com cerca de 48 km de diâmetro, localizada na superfície de Reia. Ao lado, a mais antiga cratera Nishanu (120 km de diâmetro e 6 km de profundidade).

Odysseus, uma gigantesca bacia de impacto em Tétis, com cerca de 420 km de diâmetro de 8 km de profundidade.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

MESSENGER avista o planeta Terra

A nossa casa, o planeta Terra, e o seu satélite natural, a Lua, fotografados pela sonda MESSENGER a 6 de Maio de 2010, a uma distância de 183 milhões de quilómetros.
Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington.

A MESSENGER alcançou hoje o periélio da sua órbita, ao passar a uma distância de cerca de 0,308 UA do Sol, o penúltimo antes do seu encontro com Mercúrio a 18 de Março de 2011. Os cientistas da missão têm usado a posição privilegiada da sonda americana para procurar vulcanóides, uma hipotética população de asteróides com órbitas interiores à da órbita de Mercúrio. Até hoje não foi observado qualquer um desses objectos; no entanto, durante a sua campanha, a MESSENGER fotografa, por vezes, objectos já conhecidos. No passado dia 6 de Maio, duas orbes brilhantes bem familiares cruzaram o seu campo de visão: uma delas, o seu local de nascimento, a Terra; a outra, a companheira da Terra, a nossa Lua.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Portugal em chamas

Imagem captada a 13 de Agosto de 2010 pelo sistema de imagem MODIS do satélite da NASA Aqua, mostrando os vários incêndios (marcados a vermelho) que na altura lavravam no norte e no centro do território português.
Crédito: NASA/MODIS Rapid Response Team (GSFC).

Ano após ano repete-se a mesma catástrofe em Portugal: incêndios florestais descontrolados; populações ameaçadas pelo fogo; bombeiros perdendo a vida no combate às chamas. Ironicamente, neste Ano Internacional da Biodiversidade, os incêndios fizeram-nos ainda perder vastas áreas protegidas no Parque Natural da Peneda-Gerês, no Parque Natural da Serra da Estrela e no Parque Ecológico do Funchal, na ilha da Madeira. Enfim, uma verdadeira calamidade...

domingo, 15 de agosto de 2010

Descoberto um novo asteróide troiano de Neptuno

Os astrónomos americanos Scott Sheppard (Carnegie Institution; Washington, D. C.) e Chad Trujillo (Gemini Observatory, Hilo Hawaii) anunciaram na semana passada, na revista Science (ver artigo aqui), a descoberta de um novo asteróide troiano de Neptuno. Designado provisoriamente 2008 LC18, o novo objecto é o primeiro a ser identificado no ponto de Lagrange L5 do sistema Neptuno-Sol, uma região difícil de estudar a partir da Terra por se encontrar aproximadamente na direcção do centro da Galáxia (uma região do céu riquíssima em estrelas). Com esta nova descoberta passam a ser 7 os objectos troianos de Neptuno (conheciam-se já 6 objectos em L4).
2008 LC18 tem cerca de 100 Km de diâmetro. Os autores estimam a existência de cerca de 150 objectos troianos de Neptuno de tamanho similar ou superior em cada uma das regiões estáveis L4 e L5, uma população muito mais numerosa que a existente na Cintura de Asteróides.

Imagens da descoberta de 2008 LC18. As três imagens foram captadas a 7 de Junho de 2008, com intervalos de 1 hora, através do telescópio Subaru, em Mauna Kea, no Hawaii.
Crédito: Subaru Telescope (NAOJ).

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Perseidas 2010


Se este magnífico trailer do projecto MeteorWatch não vos convencer a assistir ao próximo espectáculo celeste, então nada mais vos convencerá. A verdade é que este ano estão reunidas condições perfeitas para a observação das Perseidas, por isso vale a pena nos próximos dias reservar algumas horas para a contemplação dos céus nocturnos. Este é o tipo de actividade em Astronomia que dispensa o uso de qualquer equipamento; apenas são necessários um bom par de olhos, alguma paciência, céus escuros e boa companhia. De acordo com a International Meteor Organization (IMO), espera-se um pico de actividade com cerca de 100 meteoros por hora na noite de 12 para 13 de Agosto, entre as 19:00 e as 08:00 (hora de Lisboa), apenas dois dias após a Lua Nova, o que criará condições excepcionais para a sua observação.
Conhecidas popularmente como lágrimas de São Lourenço, em homenagem ao santo festejado a 10 de Agosto, as Perseidas são uma das mais prolíficas chuvas de meteoros. O fenómeno tem origem nos enxames de meteoróides abandonados pelo cometa periódico Swift-Tuttle ao longo da sua órbita. Quando estes objectos do tamanho de grãos de areia intersectam a órbita da Terra, entram na atmosfera terrestre a grande velocidade, produzindo rastos brilhantes no céu nocturno.


As Perseidas ocorrem geralmente entre meados de Julho e finais de Agosto, época do ano em que as noites quentes convidam à permanência no exterior. Para as observar, é aconselhável que escolham um local longe das grandes cidades, de forma a que a sua observação não seja perturbada pela poluição luminosa. Devem também esperar que o radiante (o ponto onde aparentemente têm origem; neste caso, um ponto na constelação de Perseu) ascenda o suficiente acima do horizonte para poderem observar um maior número possível de meteoros. Enquanto esperam, assistam ao desfile de Mercúrio, da Lua, de Saturno, de Vénus e de Marte, no horizonte a poente, logo após o pôr-do-sol. Mais tarde, poderão observar também o gigante Júpiter a elevar-se no céu a oeste.
Enfim, estão reunidos todos os ingredientes para umas belas noites de Perseidas.
Céus limpos!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Bailado de pequenas luas

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O movimento de quatro pequenas luas de Saturno captado pela sonda Cassini no passado dia 27 de Julho de 2010, numa sequência de 22 imagens.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/animação de Sérgio Paulino.

A sonda Cassini observou na semana passada dois trânsitos envolvendo as pequenas luas saturnianas Prometeu, Jano e Epimeteu. A sequência inicia-se com a passagem de Jano sobre o pólo norte de Prometeu, seguida da sua ocultação pela lua Epimeteu. O bailado das três é seguido timidamente por Pandora Atlas, quase imperceptível na orla exterior da ansa mais distante do anel F na orla exterior do anel A.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Três planetas no crepúsculo

Os três planetas Vénus, Marte e Saturno juntos nos céus de Lisboa, ao início da noite de ontem.
Crédito: Sérgio Paulino.

Vénus, Marte e Saturno têm estado durante as últimas semanas a convergir no céu crepuscular para formar um pequeno triângulo entre as constelações do Leão e da Virgem. Quem quiser observar este belo trio, pode usar Vénus como guia para encontrar rapidamente os outros dois planetas (Vénus brilha neste momento próximo de magnitude aparente de -4,2, enquanto que Saturno e Marte brilham, respectivamente, com magnitudes aparentes de 1,1 e 1,5).
Vénus estará em conjunção com Marte a 23 de Agosto e a 29 de Setembro; e com Saturno a 10 de Agosto.