quarta-feira, 26 de maio de 2010

O fim da missão Phoenix

Já é oficial. A Phoenix não voltará a contactar com a Terra. Imagens recentemente captadas pela Mars Reconnaissance Orbiter mostram danos irreversíveis num dos paíneis solares, provavelmente resultantes da acumulação de gelo de dióxido de carbono na sua superfície durante o longo inverno boreal. Sem energia, a Phoenix não poderá reiniciar os seus sistemas de comunicação.

Duas imagens da sonda Phoenix na superfície de Marte captadas em momentos distintos e em condições de iluminação semelhantes, pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter. A imagem da esquerda mostra os contornos da Phoenix nos finais de Julho de 2008, ainda com os seus paíneis solares intactos. A imagem da direita foi captada no início de Maio de 2010. Reparem nas diferenças entre as duas imagens. A sombra correspondente ao painel solar da esquerda encontra-se ausente na imagem mais recente.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona.

Concebida para sobreviver apenas durante três meses, a sonda conseguiu ainda assim prolongar a sua actividade por mais dois meses, antes do frio e a escuridão do inverno marciano cobrirem por completo as altas latitudes do hemisfério norte. Com a chegada da Primavera, a NASA procedeu a diversas tentativas de contacto com a Phoenix, a última das quais a semana passada. Sem qualquer sucesso, muitos temiam o que agora se confirma: a Phoenix não resistiu às rigorosas condições climatéricas.
Deixo-vos aqui o tributo do JPL a uma das mais produtivas missões a Marte.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lisboa vista da Estação Espacial Internacional

A região oriental de Lisboa e o traçado da Ponte Vasco da Gama vistos da Estação Espacial Internacional.
Crédito: Soichi Noguchi.

Lembram-se da imagem da Estação Espacial Internacional (ISS) cruzando os céus de Lisboa, publicada aqui no blog a semana passada?
Como que retribuindo o retrato, o astronauta japonês Soichi Noguchi captou na passada sexta-feira, da órbita terrestre, uma magnífica fotografia de Lisboa, com a zona oriental da cidade e a Ponte Vasco da Gama em primeiro plano. Desde Dezembro passado que Soichi nos tem habituado a fabulosas imagens da superfície terrestre obtidas a partir das janelas da ISS. Todos os dias novas imagens são publicadas na sua página do Twitter, para rejúbilo dos seus muitos visitantes.
Confesso que muitas vezes invejo Soichi. Poucos na História puderam contemplar o nosso planeta da sua órbita. Soichi fá-lo todos os dias... pela objectiva de uma máquina fotográfica.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Akatsuki e IKAROS a caminho de Vénus

Lançamento do foguetão H-IIA F17 com as sondas Akatsuki e IKAROS a bordo (entre outros pequenos satélites), a partir do Centro Espacial de Tanegashima, no dia 20 de Maio de 2010 às 22:58:22, hora de Lisboa (6:58:22 do dia 21 de Maio na hora local).
Crédito: JAXA.

Apesar do muito trabalho que me manteve ocupado a noite inteira, consegui dispor de alguns minutos para assistir em directo ao lançamento das sondas japonesas Akatsuki e IKAROS. Felizmente, tudo correu como o previsto. Neste momento as duas sondas seguem viagem em direcção a Vénus, já completamente separadas do foguetão que as transportou até ao espaço.
Nos próximos dias serão verificados todos os sistemas da Akatsuki, um processo que irá incluir algumas observações da Terra com os seus instrumentos científicos.
A sonda IKAROS vai completar a verificação de todos os seus sistemas antes de abrir a sua vela solar, manobra que deverá ocorrer dentro de algumas semanas.
Boa viagem e até Dezembro!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Akatsuki e IKAROS com nova data de lançamento

Câmara no Centro Espacial de Tanegashima mostrando as más condições atmosféricas responsáveis pelo adiamento do lançamento das sondas nipónicas Akatsuki e IKAROS.
Crédito: JAXA.

Segundo informação da JAXA, o lançamento das sondas Akatsuki e IKAROS foi reagendado para quinta-feira, 20 de Maio, às 22:58:22 (hora de Lisboa).

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sondas Akatsuki e IKAROS prontas para o lançamento

As sondas Akatsuki e IKAROS.
Crédito: JAXA.

Já se encontra a postos no Centro Espacial de Tanegashima o foguetão japonês H-IIA F17 que irá transportar as sondas Akatsuki e IKAROS (acrónimo de Interplanetary Kite-craft Accelerated by Radiation Of the Sun) em direcção ao espaço. O lançamento está previsto para as 22:44:14 (hora de Lisboa) e poderá ser acompanhado em directo aqui. Uma vez separadas do foguetão as duas sondas vão embarcar numa viagem de 6 meses até ao planeta Vénus.
Depois da curta viagem interplanetária, a sonda Akatsuki entrará numa órbita elíptica alongada em redor do planeta. Programada para cerca de 4 anos, a sua missão terá como objectivos principais o estudo da estrutura, da composição e dos fenómenos meteorológicos da densa atmosfera venusiana.
A missão da sonda IKAROS terá como único objectivo testar numa viagem interplanetária a viabilidade do seu sistema híbrido de propulsão baseado no conceito da vela solar. Para o efeito, a IKAROS vai transportar uma vela solar com um diâmetro de 20 metros que, depois de aberta, fornecerá acelaração por pressão da radiação dos fotões na sua superfície altamente reflectiva, e energia aos motores de propulsão iónica através de células fotovoltaicas inseridas na estrutura da vela.
Actualização (18 Maio): Foi adiado o lançamento das sondas Akatsuki e IKAROS devido a condições atmosféricas adversas no Centro Espacial de Tanegashima. A data do novo lançamento será determinada de acordo com as previsões meteorológicas para os próximos dias (3 de Junho será a última oportunidade para a actual janela de lançamento).

domingo, 16 de maio de 2010

A ISS sobre Lisboa

A Estação Espacial Internacional (ISS) atravessando o céu de Carnaxide (arredores de Lisboa) ao início da noite. Fazem parte do cenário o planeta Saturno e algumas das estrelas mais brilhantes das constelações de Leão e Virgem.
Detalhes da fotografia: máquina Canon PowerShot S5 IS, ISO 80, f/2,7, 15 segundos de exposição.

Crédito: Sérgio Paulino.

A Estação Espacial Internacional (ou ISS - acrónimo de International Space Station) está a meio de uma série de passagens visíveis sobre Portugal, que se vão prolongar pela próxima semana.
Actualmente com mais de 100 metros de comprimento, a ISS é o maior e o mais brilhante objecto construído pelo Homem em órbita terrestre. As suas passagens são sempre surpreendentes para quem as observa, não só pelo intenso brilho dos seus painéis solares, como também pela extraordinária velocidade com que cruza os céus (em média a ISS viaja a cerca de 27.750 Km/h).
Para programarem uma sessão de observação para os próximos dias, aconselho-vos a visitarem o site Heavens Above. Após definirem a vossa localização geográfica (para tal, sugiro que efectuem o vosso registo gratuito no site), consultem a lista de previsões de passagens visíveis da ISS. Aí vão encontrar informações relativas à hora de passagem, à magnitude e à elevação da ISS no céu.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Eyjafjallajökull em directo!

Espectacular! Agora podem acompanhar a erupção do Eyjafjallajökull em directo através de webcams colocadas em três locais distintos a poucos quilómetros do vulcão. Mais ainda... foi instalada uma câmara de infravermelhos num dos locais, pelo que podem observar todos os acontecimentos em luz visível e na faixa do infravermelho distante em simultâneo.

O vulcão Eyjafjallajökull visto do monte Thorolfsfell à pouco mais de uma hora. Reparem na densa coluna de cinzas que se eleva acima do vulcão.
Crédito: Míla ehf.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Júpiter perdeu uma das suas cinturas de nuvens!

Segundo informação recentemente publicada no blog AstroBob, o gigante Júpiter perdeu nas últimas semanas a Cintura Equatorial Sul (CES), uma das suas cinturas de nuvens mais proeminentes. Provavelmente desconhecido da grande maioria dos entusiastas da Astronomia (incluo-me a mim neste grupo), este fenómeno invulgar é, aparentemente, bastante frequente. Cada 3 a 15 anos, a CES passa por dramáticas alterações na sua composição que culminam com o seu completo desaparecimento da face de Júpiter. Este aspecto incaracterístico das nuvens da cintura prolonga-se por algumas semanas ou meses, até à altura em que se forma na região uma brilhante mancha esbranquiçada. Impulsionada pelos fortes ventos jovianos, a estrutura gera, durante algumas semanas, um conjunto de pequenas manchas escuras que se deformam em filamentos e ovais. São estas pequenas manchas que acabam por preencher a região com material escuro que gradualmente se consolida para formar uma nova CES.

Júpiter e o seu sistema de cinturas e zonas de nuvens. Ambas as estruturas são compostas por cristais de amónia. Não se sabe ao certo que outros compostos poderão ser responsáveis pela panóplia de castanhos, vermelhos e amarelos que tingem as nuvens escuras das cinturas. Os cientistas acreditam que os candidatos mais prováveis possam ser compostos de enxofre e de fósforo que se misturam com os cristais de amónia em padrões multicoloridos.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/anotações de Sérgio Paulino.

A CES é uma das regiões mais dinâmicas da atmosfera joviana, pelo que se espera que o fenómeno evolua rapidamente nas próximas semanas. Júpiter encontra-se neste momento na constelação de Peixes, numa região do céu acessível apenas 2 a 3 horas antes do nascer do Sol. Quem não estiver disposto a levantar-se cedo para observar o fenómeno com os seus próprios olhos, pode consultar as imagens do planeta publicadas regularmente no site do astrónomo amador astraliano Anthony Wesley (o mesmo tipo que descobriu a cicatriz de Júpiter no ano passado).

O recente desaparecimento da Cintura Equatorial Sul numa imagem captada pelo astrónomo amador australiano Anthony Wesley a 8 de Maio de 2010.
Crédito: Anthony Wesley.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

NASA partilha um dos seus maiores segredos: como ir à casa-de-banho no espaço?

Como é ir à casa de banho no espaço? Já alguma vez se questionaram? Este é certamente um dos grandes mistérios das viagens em microgravidade (pelo menos relativamente à satisfação das necessidades biológicas mais básicas). Segundo um vídeo da NASA, ir à casa de banho no espaço exige formação e algum treino. Para o efeito, os astronautas podem contar com a ajuda de um formador e de equipamento especializado que inclui (magnífico!) uma sanita com câmara embutida para treinar o alinhamento... Vejam os pormenores no vídeo.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mais uma brilhante ejecção de massa coronal observada pelo SOHO

O Sol voltou novamente a intensa actividade depois de um curto período de relativa tranquilidade no final do mês de Abril. Ontem a crescente actividade solar culminou numa forte erupção que se traduziu numa brilhante ejecção de massa coronal na orla sudoeste do disco solar. A gigantesca nuvem de plasma não se cruzará directamente com a Terra, mas vai certamente produzir algumas oscilações no campo magnético terrestre (e eventualmente algumas belas auroras para os observadores das altas latitudes).

Photobucket
Sequência de 47 imagens captadas ontem e hoje pelo coronógrafo LASCO da SOHO, mostrando uma brilhante ejecção de massa coronal na orla sudoeste do disco solar. O círculo branco no centro representa o diâmetro aproximado do Sol.
Crédito: LASCO/SOHO Consortium/NRL/ESA/NASA/animação de Sérgio Paulino.

Photobucket
Sequência de 39 imagens captadas pelo EIT (Extreme ultraviolet Imaging Telescope) da SOHO, mostrando em pormenor a região activa que esteve na origem da ejecção de massa coronal de ontem.
Crédito: EIT/SOHO Consortium/NRL/ESA/NASA/animação de Sérgio Paulino.

O crescente de Jápeto

O crescente de Jápeto em cor natural visto pela Cassini a 04 de Maio de 2010. A imagem foi obtida pela combinação de três imagens captadas através de diferentes filtros de cor (azul, verde e vermelho).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/ composição a cores de Sérgio Paulino.

Apesar de ser um dos objectos mais interessantes do sistema saturniano, Jápeto encontra-se numa órbita demasiado distante para com regularidade permitir encontros próximos com a sonda Cassini. Grande parte da sua superfície tem sido estudada a partir de imagens captadas a grande distância, que apenas possibilitam a observação e caracterização das estruturas geológicas de maiores dimensões. A imagem que hoje aqui vos trago é um bom exemplo disso. Captada a cerca de 1,4 milhões de quilómetros, a imagem mostra no fino crescente de Jápeto a bacia de impacto Naimon, uma cicatriz com 244 Km de diâmetro localizada perto da fronteira entre Cassini Regio e Roncevaux Terra. A geometria de iluminação aqui retratada constitui uma importante ferramenta para os cientistas da missão deduzirem a topografia deste tipo de estruturas geológicas.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Colaboração com o astroPT

Iniciei ontem a minha actividade como colaborador (mais efectivo) do blog de Astronomia astroPT; uma colaboração que, no entanto, não implicará o fim do projecto Imperium Solis. Representa antes a sua extensão a um dos principais espaços de divulgação da Astronomia escritos em português actualmente em actividade na internet. Como tal, irei manter a actualização regular deste blog em paralelo com a publicação das mensagens mais relevantes no blog astroPT. Por isso continuem a acompanhar o Imperium Solis, visitem o astroPT e participem nos dois com os vossos comentários. É sempre gratificante ter conhecimento das vossas opiniões ou de informações adicionais que possam enriquecer os artigos (responderei sempre que possível).
Boas leituras!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Viaje até Marte na companhia do robot Curiosity

Na verdade a viagem proposta pela NASA não será uma viagem física (obviamente!). Tal como já havia acontecido com os robots Spirit e Opportunity, o novo robot de exploração do planeta vermelho da agência espacial americana, o robot Curiosity, vai transportar consigo um microchip contendo uma lista com o nome de milhões de pessoas de todo o mundo. Quem quiser juntar o seu nome a esta lista terá apenas de preencher o formulário na página oficial da missão.
A missão do robot Curiosity terá como objectivo principal determinar se Marte reúne, ou reuniu em algum período do seu passado, condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento de vida microbiana (pelo menos tal como a conhecemos na Terra). O robot vai transportar um conjunto de instrumentos científicos que lhe permitirão escrutinar a estrutura e composição química do solo e das rochas marcianas, recolher informações suficientes para que os cientistas possam reconstruir uma imagem do ambiente marciano no passado, e detectar moléculas complexas com potencial origem biológica.

Animação digital mostrando o robot Curiosity na sua odisseia na superfície do planeta vermelho.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Nuvens iridescentes e halo circular de 22º sobre Lisboa

Ontem, o passeio de Domingo com a família rendeu a observação de dois fenómenos atmosféricos muito interessantes. Felizmente tinha a máquina fotográfica comigo pelo que não hesitei em captar umas imagens para partilhar convosco.

Nuvens iridescentes sobre Lisboa. As nuvens iridescentes são fenómenos atmosféricos relativamente raros e devem o seu aspecto às pequenas gotículas de água de tamanho quase uniforme que as formam. Quando se encontram próximas do Sol, estas finas nuvens difractam a luz solar em padrões de cor que diferem consoante a posição do observador.
Crédito: Sérgio Paulino.

Halo circular de 22º, um fenómeno atmosférico que resulta da refracção da luz solar nos cristais de gelo que formam nuvens altas muito finas, denominadas cirros.
Crédito: Sérgio Paulino.