domingo, 31 de julho de 2011

Dawn observa de perto o hemisfério norte de Vesta

Na passada quinta-feira foi tornada pública uma nova imagem de Vesta. Desta vez é visível uma boa parte do hemisfério norte, a uma altitude de apenas 5.200 km.

Vesta fotografado pela sonda Dawn a 23 de Julho de 2011.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.

Nesta nova imagem, Vesta exibe uma face completamente diferente, onde se identificam algumas formações geológicas interessantes. Para mim, as mais enigmáticas são os vales paralelos visíveis junto ao terminador. Serão estas estruturas secundárias ao grande impacto que formou a grande bacia do hemisfério sul?
Está agendada para amanhã, às 17:00 (hora de Lisboa), uma conferência de imprensa onde a equipa da missão deverá dar mais pormenores sobre a manobra de inserção orbital do passado dia 15, e desvendar mais algumas imagens da superfície de Vesta. Podem assistir à conferência em directo aqui.

Cassini: cinco luas numa única imagem

A sonda Cassini registou anteontem um raro momento na órbita de Saturno. Cinco luas e uma porção mais externa dos anéis alinharam-se na frente das suas câmaras e porporcionaram a oportunidade para a captação de um dos mais belos retratos de toda a missão. A sonda dirige-se agora para um encontro próximo com Reia (a maior lua da imagem) amanhã, a cerca de 5.800 km da sua superfície.

Cinco luas saturnianas e os anéis F e A numa composição em cores naturais construída com três imagens obtidas pela sonda Cassini a 29 de Julho de 2011, através de filtros para as cores vermelho (650 nm), verde (568 nm) e azul (451 nm). São visíveis da esquerda para a direita as luas Jano, Pandora (parcialmente escondida pelo anel F), Encélado, Mimas e Reia.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

sábado, 30 de julho de 2011

SDO observa uma forte erupção solar esta madrugada

A região activa 1261 libertou esta madrugada, pelas 03:00 (hora de Lisboa), uma breve mas forte erupção de classe M9. O fenómeno foi registado pelo Solar Dynamics Observatory como um momentâneo flash de luz na banda do ultravioleta extremo.

A forte erupção desta madrugada observada pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly (AIA) do Solar Dynamics Observatory (SDO), através do canal de 171 Å (Fe IX).
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium/Helioviewer.org.

Aparentemente esta erupção não lançou plasma suficiente na direcção da Terra para provocar qualquer alteração na actividade geomagnética nos próximos dias. No entanto a região continua a reunir energia suficiente para produzir novas e intensas erupções.

A região activa 1261 insere-se num conjunto de três regiões preenchidas por grandes manchas solares. Cada núcleo negro visível na imagem tem tamanho suficiente para engolir a Terra.
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Descoberto o primeiro asteróide troiano da Terra

Foi descoberto o primeiro asteróide troiano da Terra! Astrónomos norte-americanos confirmaram recentemente a presença e as características orbitais singulares de 2010 TK7, um objecto com cerca de 300 metros de diâmetro previamente identificado em imagens obtidas pelo telescópio espacial WISE. Este é o primeiro exemplar de uma classe de objectos co-orbitais da Terra nunca antes observada.

O asteróide 2010 TK7 marcado com um círculo verde numa imagem obtida pelo telescópio espacial WISE.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA.

Os asteróides troianos são objectos co-orbitais dos planetas que ocupam regiões de estabilidade gravitacional situadas nos vértices de dois triângulos equiláteros cuja base comum é a distância do Sol ao respectivo planeta (os pontos de Lagrange L4 e L5). Até agora conheciam-se apenas asteróides troianos dos planetas Marte, Júpiter e Neptuno; no entanto os astrónomos admitiam há muito a existência de objectos com uma relação semelhante com a Terra. A sua observação nunca tinha sido concretizada devido ao facto destas regiões serem de difícil acesso aos telescópios terrestres.
2010 TK7 realiza uma curiosa dança orbital com a Terra, com um centro de movimento que oscila em redor do ponto langrangiano L4. Estes movimentos são produto de uma excentricidade e inclinação orbitais relativamente elevadas e poderão num futuro além dos próximos 250 anos arremessar o asteróide para uma configuração orbital diferente da actual.

Animação mostrando como o movimento de 2010 TK7 em redor do Sol se traduz numa série de complexas oscilações em torno de L4. A primeira parte mostra o movimento do asteróide ao longo de poucos anos visto de uma posição fixa sobre o Sol. A segunda parte mostra os movimentos do asteróide relativos à Terra ao longo de uma escala de tempo maior.
Crédito: Athabasca University/CFHT.

sábado, 23 de julho de 2011

Curiosity visitará a cratera Gale

Foi finalmente escolhido o destino do Mars Science Laboratory, ou Curiosity, na superfície de Marte. Cientistas da missão anunciaram ontem que o robot deverá amartar no interior da cratera Gale, no meio de um depósito de aluvião situado no sopé de uma montanha no extremo norte. O local encontra-se junto a uma encosta suave que expõe um conjunto de diferentes estratos geológicos. Os sítios mais valiosos do ponto de vista científico situam-se na base, onde se concentram materiais argilosos formados numa época em que Marte era um planeta muito mais húmido. Espera-se, no entanto, que o Curiosity possa realizar um estudo pormenorizado da estratigrafia de toda a vertente norte.
Mapa das unidades geológicas do interior da cratera Gale. O local de amartagem do Curiosity encontra-se assinalado por uma elipse, onde se destacam grandes depósitos de aluvião (marcados a roxo e a verde).
Ilustração de Ryan B. Anderson e James F. Bell III (ver artigo completo sobre a cratera Gale aqui).

Vejam em baixo um vídeo do Jet Propulsion Laboratory, narrado (em inglês) por um dos membros da missão, mostrando com recurso a animações 3D, o local de amartagem do Curiosity.

Dione e o gigante

Dione paira ao lado do gigante Saturno nesta composição em cores naturais construída com três imagens obtidas a 18 de Julho de 2011 pela câmara de ângulo fechado da sonda Cassini, através de filtros de luz visível (451 nm, 568 nm e 650 nm).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

Na passada terça-feira, a sonda Cassini reuniu uma série de imagens da lua Dione realizando um trânsito sobre o hemisfério sul de Reia. A composição que aqui vos trago faz parte da fase final dessa sequência e ilustra a pequena orbe gelada prestes a iniciar um segundo trânsito, desta vez na face de Saturno. Jano e outra pequena lua (talvez Telesto) são figuras discretas neste enquadramento. Conseguem encontrá-las?

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Nova imagem de Vesta

Acabou de ser publicada uma nova imagem de Vesta, desta vez obtida a apenas 10.500 km de distância (recordo que as observações científicas se iniciarão quando a Dawn atingir uma órbita a uma altitude de 2.700 km).

Imagem de Vesta obtida pela Dawn a 18 de Julho de 2011.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.

Desta vez temos uma vista oblíqua sobre a grande bacia de impacto do pólo sul e o seu complexo pico central. Os detalhes mais pequenos têm cerca de 2 km de diâmetro.
Nas próximas semanas deveremos começar a observar pormenores do hemisfério norte. Estou particularmente ansioso pelas imagens dos antípodas desta grande bacia. Que efeitos terão sido produzidos nessa região pelo colossal impacto?

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Descoberta uma nova lua de Plutão!

Astrónomos americanos descobriram uma nova lua a orbitar Plutão! O pequeno objecto foi identificado em imagens recentemente obtidas pelo telescópio espacial Hubble com o propósito de escrutinar a presença de anéis em redor do planeta anão.

Duas imagens do sistema plutoniano obtidas pelo telescópio espacial Hubble com um intervalo de uma semana. O novo objecto, informalmente designado P4, encontra-se assinalado por um círculo. As linhas diagonais são efeitos ópticos gerados no interior do telescópio.
Crédito: NASA/ESA/M. Showalter (SETI institute).

A nova lua foi provisoriamente designada S/2011 P1 e tem um diâmetro estimado de 13 a 34 km. A sua descoberta resultou da actual campanha de monitorização de Plutão e das suas luas, realizada como suporte à missão New Horizons que irá visitar o sistema em 2015.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Dawn atinge com sucesso a órbita de Vesta

A Dawn está finalmente na órbita de Vesta! Este fim-de-semana a pequena sonda completou a manobra decisiva que a coloca agora numa trajectória em espiral em direcção à órbita operacional, aquela onde dentro de um mês se iniciará a fase científica da missão. Entetanto, a equipa da missão publicou uma nova imagem obtida após a conclusão da manobra de inserção orbital. Desta vez, a bacia de impacto do pólo sul de Vesta surge de frente para a Dawn, preenchida com pormenores impressionantes!

Vesta visto pela Dawn a 17 de Julho de 2011, a uma distância de 15 mil quilómetros.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.

São particularmente interessantes as fendas que rasgam o interior da gigantesca bacia, em redor do seu pico central. Estarão estas estruturas associadas à sua formação? É curioso também constatar a presença de um pequeno número de crateras tanto no interior como no exterior da bacia (comparem com outros corpos de tamanho semelhante, como por exemplo Mimas). Será este um indício de uma superfície relativamente jovem? Estes e outros aspectos da geologia de Vesta vão ser escrutinados em detalhe nos próximos meses, pelo que podem aguardar por novidades emocionantes para breve.

sábado, 16 de julho de 2011

As fases e os movimentos de libração da Lua em 2011

Imaginem que a Terra era transparente e que permaneciam durante um ano no seu centro a observar a Lua. Que mundanças veriam no seu aspecto?
É óbvio que seria impossível (e aborrecido) concretizar esse exercício, mas se o pudessem realizar, certamente iriam constatar que a Lua não mostra sempre rigorosamente a mesma face. Devido às oscilações do seu eixo de rotação e à inclinação da sua órbita, a companheira da Terra executa uma série de movimentos laterais que expõem pequenas fracções da sua face mais distante. Este fenómeno tem por nome libração e permite-nos a observação a partir da superfície terrestre de cerca de 59% da superfície lunar.
Para nos ajudar com este exercício, o Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio criou uma animação com dados obtidos pela Lunar Reconnaissance Orbiter, que mostra o aspecto da Lua a partir de uma posição geocêntrica durante todo o ano de 2011. O vídeo decorre em menos de 3 minutos, pelo que cada lunação fica completa ao fim de 12 segundos.
Apreciem...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Dawn cada vez mais próxima de Vesta

Vesta visto pela Dawn a 09 de Julho de 2011, a uma distância de 41 mil quilómetros.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/ID.

Já falta pouco para a captura da Dawn na órbita de Vesta. Segundo os responsáveis da missão, a sonda americana deverá iniciar amanhã pelas 06:00 (hora de Lisboa) uma trajectória em espiral que a levará até à órbita operacional, fase onde se iniciarão as observações científicas.
Entretanto, o sistema de imagem continua a registar imagens cada vez mais nítidas da superfície do asteróide. A imagem que aqui vos trago foi obtida na semana passada e mostra mais alguns detalhes da grande bacia de impacto que domina o hemisfério sul.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Hubble comemora aniversário da descoberta de Neptuno com novas imagens

Quatro imagens de Neptuno obtidas pelo telescópio espacial Hubble a 25 e a 26 de Junho de 2011.
Crédito: NASA/ESA/Hubble Heritage Team (STScI/AURA).

Neptuno completou ontem a primeira órbita desde que foi observado pela primeira vez pelo astrónomo alemão Johann Galle a 23 de Setembro de 1846. Para assinalar a data, o telescópio espacial Hubble obteve um conjunto de quatro retratos do distante planeta em cores aproximadamente naturais.
As novas imagens mostram grandes nuvens brilhantes compostas por cristais de metano a pairar a grande altitude na atmosfera azulada de Neptuno. O seu aspecto rosado deve-se à sua elevada reflectividade na banda do infravermelho próximo.
Ao contrário do que havia sido observado à alguns anos atrás, estas formações atmosféricas parecem estar agora concentradas preferencialmente no hemisfério norte. Esta mudança na sua distribuição coincide aparentemente com o início do inverno nesta região.
Já agora, vejam também uma rotação completa de Neptuno ilustrada neste vídeo baseado nas mesmas imagens (reparem no movimento das quatro pequenas luas Despina, Galateia, Larissa e Proteus em seu redor).

terça-feira, 12 de julho de 2011

SDO observa desintegração de um cometa na superfície do Sol!

Recordam-se do cometa que na semana passada mergulhou em direcção ao Sol?
O Solar Dynamics Observatory conseguiu observar o mesmo objecto a viajar a grande velocidade na frente do disco solar até à sua completa desintegração. Estas foram as primeiras imagens alguma vez obtidas do impacto de um cometa no Sol. Observem com atenção o vídeo em baixo e tentem localizar uma fina linha a atravessar o disco solar da direita para a esquerda.

A desintegração de um cometa na superfície do Sol. Imagens obtidas a 06 de Julho de 2011, num periodo de 15 minutos, pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly (AIA) do Solar Dynamics Observatory (SDO), através do canal de 171 Å (Fe IX).
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium.

sábado, 9 de julho de 2011

Uma montanha gigante no pólo sul de Vesta

Vesta visto pela Dawn a 01 de Julho de 2011, a uma distância de 100 mil quilómetros.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.

A Dawn tem estado a enviar imagens cada vez mais nítidas da superfície de Vesta. A última imagem divulgada pela equipa da missão mostra já várias crateras com algumas dezenas de quilómetros de diâmetro e grandes áreas de terreno aparentemente mais plano. Mas o que mais me impressionou foi o grande maciço rochoso que se eleva na região do pólo sul, no interior da gigantesca cratera de 460 quilómetro de diâmetro que domina todo o hemisfério sul. Observado pela primeira vez pelo telescópio Hubble, esta colossal montanha promete ser um dos principais focos de interesse da missão.
No início deste ano foi publicado um curioso artigo na revista Geophysical Research Letters que explica a formação desta cratera e do seu pico central, e a sua influência na aparência global de Vesta. Baseados na análise de simulações computorizadas tridimensionais com condições iniciais únicas, os autores determinaram que a gigantesca estrutura foi moldada pelo impacto oblíquo de um objecto com 50 quilómetros de diâmetro a uma velocidade de 5 km.s-1. Podem encontrar aqui uma belíssima revisão deste trabalho (em inglês) e em baixo, duas espectaculares animações ilustrando o impacto e a consequente distribuição de ejecta.

A formação de uma gigantesca cratera no pólo sul de Vesta segundo o modelo de Martin Jutzi e Eric Asphaug.
Crédito: Martin Jutzi.

Distribuição do ejecta após o impacto.
Crédito: Martin Jutzi.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Filhos de África

Children of Africa é o nome do novo vídeo musical do projecto Sinfonia da Ciência. Desta vez são focadas as origens da humanidade e o seu caminho desde o seu berço em África até à conquista do espaço. Emprestam as suas vozes a este tema Jacob Bronowski, Alice Roberts, Carolyn Porco, Jane Goodall, Robert Sapolsky, Neil deGrasse Tyson e o inconfundível David Attenborough.


Podem apreciar os restantes vídeos deste projecto aqui.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Anatomia de uma supertempestade em Saturno

A Cassini testemunhou em Dezembro passado o nascimento de um dos maiores fenómenos meteorológicos alguma vez observados no Sistema Solar: uma gigantesca tempestade no hemisfério norte de Saturno. Na sua posição privilegiada, a sonda conseguiu reunir dados preciosos para a equipa da missão reconstruir a sequência de eventos que estão na génese deste fenómeno. Os primeiros resultados dessas observações foram publicados hoje em dois artigos na revista Nature (ver aqui e aqui).

A supertempestade do hemisfério norte de Saturno em quatro imagens em cores falsas (3 filtros para o infravermelho próximo) obtidas pela sonda Cassini a 26 de Fevereiro de 2011. Os dois mosaicos de baixo estão separados por 11 horas (cerca de um dia saturniano).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

Os primeiros indícios do início da tempestade surgiram a 5 de Dezembro com a detecção de fortes emissões rádio com origem em Saturno pelo instrumento RPWS da sonda Cassini. Estas emissões estão associadas a descargas eléctricas na atmosfera saturniana e surgem geralmente como pequenos mas intensos picos de ondas rádio. Nesse dia, a frequência de relâmpagos foi tão intensa que os picos individuais se agruparam numa quase contínua emissão. Oiçam aqui os sons das descargas electrostáticas detectadas a 15 de Março, quando as emissões eram menos intensas e, consequentemente, com uma melhor resolução.
No mesmo dia, a equipa responsável pelo sistema de imagem da Cassini localizou no hemisfério norte um sistema de nuvens brancas brilhantes com 2.500 km de comprimento por 1.300 km de largura pairando a uma latitude de 32º. Alguns dias depois, astrónomos amadores em todo o mundo começaram a documentar a expansão de uma gigantesca tempestade na mesma região numa estrutura em forma de cometa.

A supertempestade três semanas após o seu início. Imagem em cores falsas obtidas pela sonda Cassini a 24 de Dezembro de 2010.
Dados obtidos pela sonda Cassini e por observatórios na Terra sugerem que a aparência cometária da tempestade se deve ao movimento convectivo de partículas de gelo de água e de amónia de nuvens profundas de água (a cerca de 250 km de profundidade) para a troposfera superior, região da atmosfera saturniana onde são arrastados pelos fortes ventos dominantes para leste.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

Segundo a responsável da missão Carolyn Porco, é curiosa a localização da tempestade a cerca de 35º de latitude norte. Desde a sua chegada a Saturno, a Cassini observou apenas 10 tempestades com relâmpagos, todas localizadas a 35º de latitude sul, num estreito corredor apelidado pela equipa por "Alameda das Tempestades" (na Terra e em Júpiter, estas tempestades são mais frequentes e menos intensas). Agora que estamos em plena Primavera no hemisfério norte, esta violenta tempestade com intensas descargas eléctricas irrompe à mesma distância do equador mas no sentido oposto. Esta simetria não pode ser mera coincidência e tem estado a ser analisada em detalhe pelos cientistas da missão.
A supertempestade continua em actividade e não dá quaisquer sinais de abrandamento. Este mês será um dos alvos principais das câmaras da Cassini, pelo que iremos ter certamente em breve mais novidades sobre este belíssimo fenómeno.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Menos um cometa no Sistema Solar

Esta madrugada, um cometa brilhante recém-descoberto mergulhou a grande velocidade em direcção à superfície solar. O encontro foi observado pelo coronógrafo LASCO do observatório espacial SOHO.

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Mergulho de um cometa suicida no Sol numa animação composta por 48 imagens obtidas a 05 e a 06 de Julho de 2011 pelo coronógrafo LASCO, um dos 11 instrumentos científicos que se encontram a bordo da SOHO.
Crédito: LASCO/SOHO Consortium/NRL/ESA/NASA/animação de Sérgio Paulino.

Aparentemente, o objecto não sobreviveu à passagem pela atmosfera solar, desintegrando-se por completo antes de emergir do outro lado do disco solar. Este é mais um membro da família Kreutz, um grupo de cometas com órbitas rasantes ao Sol (vejam mais membros desta família no seu mergulho fatal aqui, aqui, aqui e aqui).

domingo, 3 de julho de 2011

Nuvens iridescentes no Estoril

Nem sempre as nuvens são aborrecidas num dia de Verão. Ontem, nos céus do Estoril passearam-se algumas nuvens iridescentes com belíssimos padrões coloridos. Felizmente tinha a minha máquina fotográfica à mão, pelo que aproveitei para fotografar o fenómeno e partilhar uma das imagens convosco.

Iridescência em cirrocúmulos ontem perto da praia do Tamariz, no Estoril.
Crédito: Sérgio Paulino.

A iridescência ou irisação é um efeito óptico relativamente raro, geralmente observado em altocúmulos, cirrocúmulos e nuvens lenticulares, situados nas proximidades do Sol. A sua manifestação resulta da difracção da luz solar em matrizes finas de gotículas de água de tamanho quase uniforme (normalmente inferior a 20 µm).

sábado, 2 de julho de 2011

Eclipse parcial do Sol de ontem visto pelo observatório espacial Proba-2

O eclipse solar de ontem foi visível apenas numa região remota do Atlântico Sul, numa pequena área nas proximidades da costa da Antártida, pelo que o mais provável foi ninguém o ter observado. Bem... na verdade, houve pelo menos um espectador: o observatório solar europeu Proba-2. Tomando partido da elevada inclinação da sua órbita, o pequeno observatório conseguiu atravessar o cone da sombra da Lua pelo menos duas vezes. Fica aqui o seu registo do fenómeno.

O primeiro eclipse solar da série Saros 156 visto pelo pequeno observatório solar europeu Proba-2.
Crédito: ESA/PROBA-2/SWAP.

Este foi o primeiro eclipse da série Saros 156, uma série que terá apenas eclipses parciais e anulares, e que terminará a 14 de Julho de 3237 com um eclipse parcial nas latitudes mais setentrionais do hemisfério norte.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

No cume das montanhas de Tycho

Tycho nasceu de um violento impacto na superfície lunar ocorrido há cerca de 110 milhões de anos. A sua juventude permitiu-lhe conservar até aos dias de hoje grande parte das estruturas geológicas esculpidas nos primeiros minutos após a colisão. Entre as mais impressionantes encontra-se o complexo montanhoso central, uma formação com 15 km de diâmetro que se eleva a cerca de 2.000 metros acima do chão da cratera.
Recentemente, a sonda Lunar Reconnaissance Orbiter obteve um espectacular panorama da cratera Tycho que mostra em destaque as vertentes acidentadas do seu pico central iluminadas pelos primeiros raios solares matinais.

O pico central da cratera Tycho numa visão oblíqua obtida a 10 de Junho de 2011 pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Esta imagem é impressionante não só pela sua beleza como também pelos pormenores evidenciados. Repousando em vários recantos das encostas mais suaves, encontram-se gigantescos blocos rochosos com algumas dezenas de metros de diâmetro. O maior destes objectos tem 120 metros de comprimento e encontra-se cirurgicamente implantado num dos pontos mais altos do complexo montanhoso. Como foi ali parar, ninguém sabe.

Pormenor da imagem anterior mostrando o enorme bloco rochoso que repousa no cume do pico central de Tycho.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Já agora... Para conhecerem outros aspectos da geologia de Tycho sugiro que vejam esta magnífica animação.