terça-feira, 29 de novembro de 2011

Paisagem mercuriana: o horizonte de Van Eyck

Visão oblíqua de parte da formação de Van Eyck, uma região adjacente à bacia de Caloris. Mosaico construído com uma sequência de 9 imagens obtidas pela sonda MESSENGER a 03 de Junho de 2011.
Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington.

A equipa do missão MESSENGER divulgou ontem este espectacular mosaico que retrata um visão oblíqua da superfície de Mercúrio. Obtido pela combinação de 9 imagens sequenciais, o mosaico mostra uma perspectiva invulgar de parte da formação de Van Eyck, uma extensa região formada pelo ejecta da bacia de Caloris.

Correlação entre a visão oblíqua e uma visão perpendicular sobre a mesma região. Estão indicadas cinco crateras facilmente identificáveis na visão oblíqua, bem como a direcção para onde estava voltada a câmara da sonda MESSENGER quando obteve as imagens que constituem o mosaico. Na visão perpendicular é possível observar ainda parte da bacia de Van Eyck, uma depressão com cerca de 270 km situada a leste de Caloris.
Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington.

A formação de Van Eyck é a mais proeminente de todas as unidades estratigráficas que rodeiam a bacia de Caloris. Distinguem-se em Van Eyck duas subunidades estreitamente relacionadas: crateras secundárias ao impacto que esculpiu Caloris; e lineações radiais que se prolongam desde Caloris Montes a locais mais periféricos situados até 1.000 km de distância. No mosaico de cima são visíveis algumas destas lineações a rasgar as planícies vulcânicas que caracterizam a região. A visão perpendicular desta região denuncia a presença nestas planícies de "crateras fantasma", antigas crateras de impacto preenchidas por copiosos volumes de lava solidificada.

domingo, 27 de novembro de 2011

Exploração de Marte: retrato de família de todas as missões enviadas ao planeta vermelho

O autor do blog Astrosaur.us Jason Davies criou um bonito poster que junta num mesmo retrato todas as missões enviadas a Marte. Estão incluídas junto a cada representação das sondas as datas de lançamentos e um breve comentário aos respectivos destinos.

Retrato de família de todas as missões enviadas a Marte, incluindo a Curiosity lançada ontem (clicar na imagem para aumentar).
Crédito: Jason Davies.

sábado, 26 de novembro de 2011

Curiosity está a caminho de Marte!

O robot Curiosity já se encontra na sua jornada em direcção ao planeta vermelho! De acordo com a NASA, a cápsula que transporta o sofisticado robot está em excelentes condições e a transmitir telemetria para o centro de comando da missão. Se tudo correr bem, o Curiosity deverá chegar a Marte a 06 de Agosto de 2012 para uma descida até ao interior da cratera Gale, onde iniciará uma busca pelos vestígios de antigos ambientes habitáveis. Vejam (ou revejam) em baixo o lançamento da missão e a fase de separação da cápsula do Curiosity do módulo Centaur.


Missão Curiosity: lançamento em directo

Já se encontra posicionado no Complexo de Lançamentos Espaciais 41, em Cabo Canaveral, Florida, o foguetão Atlas V com a sua preciosa carga, o robot Curiosity. Caso as condições meteorológicas o permitam, a ambiciosa missão deverá partir dentro de pouco mais de 14 horas numa viagem de 36 semanas até à cratera Gale na superfície de Marte!
Podem assistir à transmissão do lançamento em directo aqui no blog ou através da NASA TV. A janela de lançamento estará aberta entre as 15:02 e as 16:45 (hora de Lisboa). Os primeiros comentários em directo deverão começar, no entanto, pelas 12:30.
Força, Curiosity!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Espectacular erupção de um filamento magnético seguida de uma ejecção de massa coronal

O gigantesco filamento que adornou o disco solar durante vários dias desintegrou-se anteontem após uma violenta explosão. A erupção lançou no espaço uma densa nuvem de plasma para longe do plano orbital dos planetas, pelo que nenhum deverá ser atingido. Os observatórios espaciais SOHO e SDO registaram imagens impressionantes do fenómeno.

A erupção de um gigantesco filamento magnético no quadrante noroeste do disco solar. Imagens obtidas a 22 e a 23 de Novembro de 2011 pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly (AIA) do Solar Dynamics Observatory (SDO), através do canal de 304 Å (He II), e pelo coronógrafo LASCO do Solar and Heliospheric Observatory (SOHO).
Crédito: SDO/AIA consortium/LASCO/SOHO Consortium/NRL/ESA/NASA/Helioviewer.

Comparação das dimensões do filamento pouco antes da erupção com o diâmetro da Terra.
Crédito: SDO (NASA)/AIA consortium/NASA (imagem da Terra)/montagem de Sérgio Paulino.

domingo, 20 de novembro de 2011

Crónicas de uma supertempestade em Saturno

No início de Dezembro do ano passado, a face aparentemente serena de Saturno foi perturbada pelo súbito aparecimento de um poderoso turbilhão de nuvens esbranquiçadas. Em apenas dois meses, uma violenta tempestade convectiva irrompeu desse foco inicial, expandindo-se para leste numa colossal banda que abraçou as latitudes temperadas do hemisfério norte do planeta. Com mais de 300 mil quilómetros de comprimento, esta foi a maior perturbação atmosférica observada em Saturno nos últimos 20 anos!

A cabeça da supertempestade de Saturno num mosaico em cores falsas obtida pela sonda Cassini a 11 de Janeiro de 2011, através de filtros de infra-vermelho sensíveis a diferentes graus de absorção do metano. As diferentes cores representam nuvens a diferentes profundidades na atmosfera saturniana. Vermelho e laranja representam nuvens profundas. As nuvens coloridas a amarelo e verde encontram-se em níveis intermédios. As nuvens mais altas e a neblina das camadas superiores da atmosfera surgem aqui coloridas a azul e a branco.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.

Fenómenos extremos como este não são novidade em Saturno. Intensas tempestades com as mesmas características fustigam o hemisfério norte do planeta a cada 20 a 30 anos. No entanto, desta vez os cientistas puderam contar com a presença de uma sonda interplanetária na órbita do planeta. Com a ajuda da sonda Cassini, puderam observar com um detalhe sem precedente o nascimento e a evolução de uma supertempestade de Saturno, registando de forma sistemática as mudanças tumultuosas por si exibidas ao longo de cerca de 200 dias de actividade (um verdadeiro recorde, tendo em conta que a mais longa até então observada, a tempestade de 1903, tinha durado apenas cerca de 150 dias).
Na semana passada, a equipa de imagem da missão deu a conhecer no seu site parte das belíssimas imagens que compõem este magnífico espólio. Deixo-vos aqui algumas para vossa apreciação.

Evolução da supertempestade de Saturno, desde o seu nascimento a 5 de Dezembro de 2010 até à fusão da frente da tempestade com a sua cauda, cerca de 9 meses depois. Imagens em cores aproximadamente naturais.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.

A supertempestade de Saturno da cabeça à cauda. Mosaico de 126 imagens em cores aproximadamente naturais obtidas pela sonda Cassini a 06 de Março de 2011, mostrando toda a extensão da tempestade.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.

Detalhes da supertempestade e do seu movimento num intervalo de 11 horas. Mosaicos construídos com imagens obtidas a 07 de Agosto de 2011 pela sonda Cassini, através de filtros para bandas específicas do infravermelho próximo.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Lagos subsuperficiais na crusta gelada de Europa?

A lua Europa em cores aproximadamente naturais. Mosaico construído com imagens obtidas pela sonda Galileo.
Crédito: NASA/Ted Stryk.

Foi publicado ontem na revista Nature um interessante artigo que descreve um novo modelo de formação do terreno caótico da lua Europa. Baseado em análises fotogramétricas e fotoclinométricas da topografia de Conamara Chaos e de Thera Macula, o novo modelo sugere que estas regiões são produto da infiltração e expansão de grandes massas de água líquida no seio da crusta gelada de Europa.
As duas regiões encontram-se entre as poucas superfícies europeanas fotografadas em alta resolução pela sonda Galileo. Ambas são formadas por matrizes de gelo de aspecto desordenado e textura irregular, que rodeiam blocos elevados, aparentemente correspondentes a fragmentos do terreno pré-existente. Cerca de 15 a 40% da superfície de Europa é formada por terrenos com esta natureza.

Mosaico cobrindo uma parte da região de Conamara Chaos, com uma área aproximada de 35 por 50 quilómetros. Reparem como os blocos irregulares embebidos na matriz congelada parecem conservar os padrões de falhas tectónicas que se encontrariam desenhadas no terreno pré-existente.
Crédito: NASA/JPL.

Até hoje , os cientistas têm interpretado o aspecto bizarro do terreno caótico de Europa como resultado de três processos distintos: actividade criovulcânica localizada; movimento de células convectivas ou diapiros no interior da crusta de gelo; ou fusão da camada de gelo superficial por contacto directo com as águas tépidas do oceano global europeano. Os primeiros dois processos funcionam apenas se a crusta de gelo tiver uma espessura superior a 10 quilómetros. O terceiro necessita de uma crusta fina e permeável, algo apenas possível se o calor de maré gerado no interior de Europa for substancialmente superior àquele calculado pela maioria dos investigadores.

Crusta fina ou crusta espessa? Representação artística dos dois modelos do interior de Europa. No modelo da crusta fina, a quantidade de calor gerada no fundo do oceano global europeano pode provocar a fusão da fina camada de gelo superficial, e consequentemente a formação de terreno caótico com deslocação de blocos de gelo. No modelo da crusta espessa, o calor gerado no interior de Europa não é suficiente para fundir a espessa camada de gelo que separa o oceano da superfície, pelo que estruturas como o terreno caótico se devem ao movimento de células convectivas de gelo.
Crédito: NASA/JPL/Michael Carroll.

O novo trabalho congrega aspectos dos dois modelos. De acordo com os autores, a análise da topografia destas regiões e a sua comparação com ambientes terrestres com características semelhantes, sugere que a formação do terreno caótico é um processo complexo que resulta da interacção das camadas superficiais de gelo impuro com gelo relativamente puro transportado por convecção das camadas mais profundas da crusta. Esta interacção tem como consequência directa a formação de massas líquidas de água que se concentram a profundidades mínimas de 3 quilómetros. A perda de volume resultante da fusão do gelo conduz à deformação e fragmentação da camada superficial - um processo que, segundo os autores, se encontra actualmente em actividade em Thera Macula. O ciclo encerra-se com a solidificação da massa liquida subsuperficial, o que provoca a formação de irregularidades topográficas típicas de regiões como Conamara Chaos.

Representação artística de um grande lago subsuperficial no interior da crusta de gelo de Europa.
Crédito: Britney Schmidt/Dead Pixel FX/University of Texas, Austin.

Apesar de ser fundado na concepção da crusta espessa, este novo modelo permite o transporte de nutrientes e energia do oceano europeano para as camadas mais superficiais, uma particularidade interessante do ponto de vista da Astrobiologia. Caso se confirme a sua existência, os lagos subsuperficiais de Europa serão certamente alvos preferenciais para futuras missões científicas a este magnífico pequeno mundo.
Podem encontrar este artigo aqui. Sugiro também a leitura destes dois artigos: Chaos on Europa, por Greenberg e colegas; e A Melt-through Model for Chaos Formation on Europa, por O'Brien e colegas.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

SDO assiste à erupção de um monstruoso filamento!

O Sol exibiu durante o fim-de-semana um magnífico filamento com cerca de 1 milhão de quilómetros de comprimento! Ontem, no extremo noroeste do disco solar, uma fracção ficou instável e explodiu, lançando uma densa nuvem de plasma no espaço. O espectáculo foi registado pelo Solar Dynamics Observatory. Vejam em baixo.

Erupção de um filamento solar observada a 14 de Novembro de 2011, pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly (AIA) do Solar Dynamics Observatory (SDO), através do canal de 304 Å (He II).
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium/Helioviewer.

A odisseia de Spirit no interior da cratera Gusev em 3 minutos

Saudades do robot Spirit? Aqui têm a sua jornada de 7,25 km pelo interior da cratera Gusev, desde a sua partida da Estação Memorial Columbia até ao seu aprisionamento nas areia de Troy. O vídeo inclui 3.418 imagens obtidas pela câmara frontal, ao longo dos 5 anos, 3 meses e 27 dias de duração da missão; tudo a velocidade de 24 imagens por segundo!

domingo, 13 de novembro de 2011

A Terra vista da Estação Espacial Internacional: mais um espectacular vídeo

Mas que vídeo sensacional... uma visão do nosso planeta a partir da Estação Espacial Internacional!

A Terra vista da Estação Espacial Internacional.
Crédito: NASA/Michael König.

O vídeo foi construído por Michael König com sequências de imagens obtidas pelos astronautas das Expedições 28 e 29, durante os meses de Agosto a Outubro deste ano. Os cenários são iluminados pelo brilho da Lua, por vezes, também protagonista de fugazes aparições em alguns espelhos de água. São visíveis ainda durante todo o filme, luzes de várias grandes cidades da América de Norte, da Europa, da Índia e do Médio Oriente, bem como alguns belíssimos fenómenos atmosféricos: auroras a serpentear a dezenas de quilómetros de altitude; relâmpagos a iluminar densas nuvens tempestuosas; e um fino arco amarelo-esverdeado paralelo à curvatura da Terra.

Phobos-Grunt provavelmente perdida

Como já tinha referido aqui numa pequena nota de actualização, a Phobos-Grunt falhou as duas últimas manobras que a colocariam numa rota em direcção de Marte. Até agora foram escassas as informações oficiais emitida pela agência espacial Roscosmos, mas as notícias veiculadas pelos órgãos noticiosos russos são categóricas: os controladores russos falharam várias tentativas de contacto com a sonda, o que diminui qualquer perspectiva de poderem vir a salvar a missão.
A Phobos-Grunt encontra-se neste momento numa órbita elíptica com um apogeu a 341 km de altitude e um perigeu a 207 km de altitude, e com uma inclinação de 51º. De acordo com observações realizadas por astrónomos amadores, a sonda conseguiu separa-se do segundo módulo do foguetão Zenit, pelo que estaria em condições de realizar as manobras seguintes.

Infografia mostrando a sequência de manobras programadas que deveriam ter ocorrido após o lançamento da Phobos-Grunt. A sonda encontra-se neste momento na órbita assinalada a amarelo.
Crédito: Roscosmos/IKI.

Não se sabe ainda quais terão sido os problemas que impediram a realização das duas ignições essenciais para elevar a órbita da Phobos-Grunt e colocá-la no caminho para a Marte. Caso fosse possível o contacto com a sonda, haveria ainda algumas soluções engenhosas a explorar, entre elas uma reiniciação do computador de bordo. Porém, os consecutivos falhanços nas tentativas de contacto tornam a esperança de salvar esta fabulosa missão cada vez mais ténues.
À medida que os dias passam, crescem as preocupações quanto à reentrada da Phobos-Grunt na atmosfera terrestre. Para além da possível sobrevivência de grandes fragmentos da sonda à passagem pela atmosfera, existe uma grande probabilidade do combustível altamente tóxico que se encontra armazenado nos tanques na sonda (cerca de 8,3 toneladas de hidrazina e tetróxido de azoto não utilizados) congelar antes da reentrada, o que faria com que chegasse intacto ao local de impacto.
Farei uma actualização da situação assim que surgirem mais informações relevantes. Entretanto, podem ler aqui mais notícias sobre este assunto.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Terá sido expulso um planeta gigante do Sistema Solar?

Representação artística de um quinto planeta a ser ejectado do Sistema Solar.
Crédito: Southwest Research Institute.

Terá existido nos primórdios do sistema Solar um quinto planeta gigante? De acordo com um estudo recentemente publicado, muito provavelmente sim.
O Sistema Solar deve ter passado por períodos verdadeiramente caóticos nos primeiros 600 milhões de anos após o seu nascimento. As evidências estão espalhadas por toda a parte, desde o registo de impactos em Mercúrio e na Lua até à actual configuração da Cintura de Kuiper.
Os modelos de formação do Sistema Solar actualmente aceites sugerem que no início as órbitas dos quatro planetas gigantes se encontravam muito mais próximas do Sol, a menos de 15 UA. Estudos da interacção dos gigantes gasosos com o disco protoplanetário mostram que Júpiter, Saturno, Neptuno e Úrano deverão ter migrado para as suas posições actuais devido a instabilidades dinâmicas nas suas órbitas, que terão emergido de ressonâncias orbitais entre os pares mais próximos. O resultado seria a dispersão de planetesimais para o interior e para o exterior do Sistema Solar, terminando alguns em rotas de colisão com os pequenos planetas interiores, incluindo a Terra e a Lua.
Apesar destes modelos explicarem com sucesso muitas das características actuais do Sistema Solar, apresentam um problema fundamental: a lenta migração da órbita de Júpiter para o interior do Sistema Solar, devido à interacção com planetesimais, conduziria à destabilização das órbitas dos pequenos planetas interiores.
Focado neste problema, David Nesvorny do Southwest Research Institute gerou várias simulações de computador dos primórdios do Sistema Solar. Numa primeira fase, testou o efeito de uma mudança mais rápida da órbita de Júpiter por interacções gravitacionais com Úrano e Neptuno. Observou que apesar do gigante exercer uma influência mais fraca nas órbitas dos pequenos planetas interiores, provocaria uma ejecção de Úrano, Neptuno, ou dos dois planetas para longe da influência gravitacional do Sol.
Para contornar este desfecho, Nesvorny adicionou ao modelo um quinto planeta gigante semelhante a Úrano e a Neptuno. O que verificou foi surpreendente. É dez vezes mais provável produzirem-se análogos ao actual Sistema Solar com uma configuração inicial que inclua cinco planetas gigantes, do que com a configuração clássica de quatro gigantes. De acordo com este novo modelo, a interacção gravitacional de Júpiter com o quinto planeta provocaria a sua expulsão para fora do Sistema Solar, e dispersaria as órbitas dos quatro gigantes sobreviventes para posições semelhantes às actualmente observadas. Entretanto, os pequenos planetas interiores, incluindo a Terra, seriam poupados à destruição.
O trabalho de Nesvorny mostra que provavelmente devemos a nossa existência a um planeta solitário em deambulação no espaço interestelar, longe da estrela que assistiu ao seu nascimento, o nosso Sol.
Podem encontrar este trabalho aqui.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

NASA lança novo vídeo do asteróide 2005 YU55

O mundo continua de olhos postos no asteróide 2005 YU55. Enquanto não chegam novas imagens, deixo-vos este vídeo construído com imagens de radar obtidas anteontem pela antena de 70 metros do Deep Space Network, em Goldstone, na Califórnia.

A rotação de 2005 YU55 num período aproximado de 2 horas, vista a 07 de Novembro de 2011 pela antena 70 metros do Deep Space Network, em Goldstone. Cada imagem atinge uma resolução máxima de 3,75 metros, o que permite observar sulcos, crateras e possivelmente rochedos na superfície do asteróide.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

Sondas Phobos-Grunt e Yinghuo-1 a caminho de Marte!

Estão já na primeira fase da sua viagem a Marte a sonda russa Phobos-Grunt e a sua pequena companheira chinesa Yinghuo-1. Após um lançamento nocturno bem sucedido a partir do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, as duas sondas separaram-se do segundo módulo do foguetão e posicionaram-se numa órbita em redor da Terra. A trajectória em direcção ao planeta vermelho será adquirida logo após uma última queima de combustível, que deverá estar concluída pelas 01:20 de hoje (hora de Lisboa).
Vejam em baixo o vídeo do lançamento.


Actualização (09 de Novembro): De acordo com um comunicado oficial publicado pela agência noticiosa RIA Novosti, falharam as duas últimas ignições que deveriam ter colocado a Phobos-Grunt e a Yinghuo-1 numa trajectória em direcção a Marte, pelo que as duas sondas se mantêm neste momento estacionadas numa órbita terrestre estável. A equipa da missão ainda não conseguiu apurar as causas que conduziram à falha técnica, mas adianta que terá de resolver o problema no prazo de 3 dias. Publicarei no blog mais detalhes assim que estiverem disponíveis.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Phobos-Grunt e Yinghuo-1 a postos para a partida

Já se encontra posicionado no cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, o foguetão que irá colocar as sondas Phobos-Grunt e Yinghuo-1 numa trajectória em direcção a Marte. O lançamento está programado para as 20:16 (hora de Lisboa) e terá transmissão em directo aqui.
Entretanto, deixo-vos aqui este vídeo da TV Roscosmos que mostra o transporte e posicionamento do foguetão na rampa de lançamento.

Novas imagens do asteróide 2005 YU55

Hoje pelas 23:28 (hora de Lisboa), a Terra receberá a visita de 2005 YU55, uma rocha espacial com cerca de 400 metros de diâmetro. O asteróide passará em segurança a pouco mais de 318 mil quilómetros da superfície terrestre (cerca de 0,85 vezes a distância média entre a Terra e a Lua), porém constituirá um excelente alvo para a realização de observações radar, pelo que a NASA tem a postos os seus melhores observatórios de radar para acompanhar este evento.
Desde a passada sexta-feira, o asteróide tem estado a ser monitorizado por uma das antenas do Deep Space Network de Goldstone, Califórnia, com o objectivo de minimizar incertezas na sua trajectória durante a fase de maior aproximação à Terra. Vejam em baixo uma das mais recentes imagens de 2005 YU55, obtidas durante estas sessões preliminares de observação.

Imagem de radar de 2005 YU55 obtida a 07 de Novembro de 2011, pelas 19:45 (hora de Lisboa), pela antena de 70 metros do Deep Space Network de Goldstone, quando o asteróide se encontrava a 1,38 milhões de quilómetros de distância da Terra.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

domingo, 6 de novembro de 2011

Majestosa proeminência solar

Ontem de madrugada, uma belíssima proeminência solar explodiu na região do pólo norte do Sol, arremessando uma nuvem de plasma numa direcção quase perpendicular à do plano onde orbitam os planetas. Podem apreciar toda a acção nestas imagens registadas pelo Solar Dynamics Observatory.

A erupção de uma proeminência solar vista nas primeiras horas de 05 de Novembro de 2011, pelo Solar Dynamics Observatory.
Crédito: Crédito: SDO (NASA)/AIA consortium/Helioviewer.

Pouco antes da erupção, a proeminência rodopiou acima da superfície solar, formando uma cortina de plasma que se elevou a mais de 250 mil quilómetros de altitude!

Comparação das dimensões da proeminência solar de ontem com o diâmetro da Terra.
Crédito: SDO (NASA)/AIA consortium/NASA (imagem da Terra)/montagem de Sérgio Paulino.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Actividade solar em alta: mais uma erupção classe X

Satélites na órbita terrestre detectaram ontem pelas 20:27 (hora de Lisboa) uma violenta erupção classe X2 com origem na região 1339. O fenómeno gerou ondas de ionização nas camadas mais elevadas da atmosfera terrestre, que interromperam momentaneamente a normal propagação de ondas de rádio na América e em partes do continente europeu. A erupção libertou ainda uma gigantesca ejecção de massa coronal na direcção dos planetas Mercúrio e Vénus.

Fluxo de raios X solares medido pelo satélite GOES 15 nos últimos 3 dias. A erupção de ontem encontra-se assinalada pela a seta preta.
Crédito: NOAA/Space Weather Prediction Center.

A erupção classe-X de ontem vista pelo Solar Dynamics Observatory no ultravioleta extremo.
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium.

A região 1339 é um dos maiores grupos de manchas solares observados nos últimos anos na superfície do Sol. De acordo com o NOAA, a região apresenta uma configuração magnética beta-gama-delta com potencial para produzir nos próximos dias mais erupções de classe M e X. A AR1339 transitou há apenas dois dias para a face do Sol voltada para a Terra, pelo que futuras ejecções de massa coronal com origem nesta região deverão provocar efeitos apreciáveis na actividade geomagnética.

O grupo de manchas solares de AR1339 visto pelo Solar Dynamics Observatory no infra-vermelho extremo. A região ocupa neste momento uma superfície com 80 mil quilómetros de comprimento e 40 mil quilómetros de largura!
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium.

Actualização (05 de Novembro): O Sol pregou uma partida! Afinal a ejecção de massa coronal observada ontem à noite não teve origem na região 1339. Imagens obtidas pelo observatório STEREO-B mostram que a nuvem de plasma partiu de uma outra região activa, ainda invisível a partir da Terra.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Deep Impact observa objectos do céu profundo

A Deep Impact concluiu em Novembro de 2010 o seu segundo encontro com um núcleo cometário, o núcleo do cometa 103P/Hartley 2. Este foi o culminar da EPOXI, uma extensão à missão original que também incluía, curiosamente, o estudo de planetas extrasolares.
Nos últimos meses, a sonda tem permanecido estacionada numa órbita heliocêntrica, a aguardar uma nova missão científica que possa rentabilizar ainda mais o valioso conjunto de instrumentos ópticos que transporta. Para testar a robustez de um dos sistemas de imagem (o MRI), a equipa responsável pela sonda realizou recentemente uma série de observações de alguns objectos do céu profundo. Os resultados foram verdadeiramente surpreendentes...

A Nebulosa da Vela (NGC6960) vista pela sonda Deep Impact.
Crédito: NASA/JPL/UMD.

Vejam mais imagens aqui.