domingo, 5 de janeiro de 2014

Asteróide 2014 AA não sobrevive a encontro com a Terra

Asteróide 2014 AA em quatro imagens diferentes obtidas pelo Catalina Sky Survey, a 01 de Janeiro de 2014.
Crédito: CSS/LPL/UA.

Na manhã de quarta-feira passada, o programa Catalina Sky Survey detectou um pequeno asteróide numa trajectória que culminaria com um potencial impacto na Terra. As primeiras imagens mostravam que o objecto não teria mais de 2 a 3 metros de diâmetro, pelo que se colidisse com o nosso planeta seria certamente destruído na atmosfera.

Denominado 2014 AA, este foi o primeiro asteróide a ser descoberto em 2014. Usando as poucas observações disponíveis, Bill Gray, do Minor Planet Center, e Steve Chesley, do Near-Earth Object Program, da NASA, realizaram três previsões independentes da sua possível órbita. As três mostravam que 2014 AA colidiria com a Terra apenas 22 horas após a sua descoberta, num ponto situado algures no interior de uma estreita elipse que se estenderia desde o Mar Vermelho até ao Panamá, na América Central.

Trajectória final do asteróide 2014 AA.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

Dados obtidos pela rede de estações de detecção de infra-sons de baixa frequência da Organização do Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares (CTBTO) revelaram uma pequena explosão atmosférica no interior da elipse de incerteza, no dia 2 de Janeiro, por volta das 04:02 (hora de Lisboa), o que confirma as previsões dos dois astrónomos. De acordo com os sinais detectados, o impacto deverá ter ocorrido num ponto situado em pleno Oceano Atlântico, a cerca de 1.700 quilómetros a norte da cidade de Fortaleza, no Brasil.

Mapa mostrando os possíveis locais de impacto do asteróide 2014 AA. A vermelho está indicado o ponto mais provável de impacto, calculado com base nos dados da rede de estações de detecção de infra-sons de baixa frequência da CTBTO.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

"É muito difícil estimar com grande precisão a energia libertada - os sinais são todos muito fracos", afirmou à revista Sky and Telescope Peter Brown da Universidade do Ontário Ocidental, no Canadá. A partir da análise dos infra-sons, Brown estima que a energia do impacto deverá ter sido equivalente à libertada pela explosão de 500 a 1.000 toneladas de TNT, o que implica que o objecto não seria maior que um pequeno automóvel. "Não foi nenhum Chelyabinsk", disse Brown.

Esta foi apenas a segunda vez que um asteróide foi detectado antes de atingir a Terra. O primeiro foi o asteróide 2008 TC3, um objecto com 80 toneladas de massa e 4,1 metros de diâmetro, que explodiu a 7 de Outubro de 2008, sobre o Deserto da Núbia, no Sudão. Na altura, foram recuperados cerca de 600 meteoritos, totalizando aproximadamente 10,5 kg de material.

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