quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Astrónomos registam o maior impacto alguma vez observado na Lua



Astrónomos espanhóis detectaram no passado mês de Setembro um espectacular clarão produzido pelo impacto de um meteoróide na superfície lunar. Com um pico de magnitude de 2,9 e uma duração de cerca de 8,3 segundos, este foi o mais brilhante e mais longo fenómeno desta natureza alguma vez testemunhado na Lua. A descrição deste evento foi publicada esta semana na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

A explosão ocorreu no dia 11 de Setembro, pelas 21:07 (hora de Lisboa) e foi documentada por câmaras de vídeo CCD incorporadas em pequenos telescópios que monitorizam a superfície lunar no âmbito do projecto MIDAS (Moon Impacts Detection and Analysis System), um programa pioneiro devotado à detecção de clarões produzidos por impactos lunares.

"Normalmente, os impactos lunares têm uma duração muito curta - apenas uma fracção de segundo", afirmou José Madiedo, investigador da Universidade de Huelva e um dos líderes do projecto. "No entanto, o impacto que detectámos durou mais de 8 segundos. Foi quase tão brilhante como a estrela polar, o que o torna no mais brilhante impacto registado a partir da Terra."

Mosaico de imagens mostrando a evolução do clarão observado no dia 11 de Setembro de 2013, no lado nocturno da Lua, durante os primeiros 2 segundos após o impacto.
Crédito: Madiedo et al., 2014.

Os investigadores espanhóis estimam que o meteoróide teria entre 0,6 e 1,4 metros de diâmetro, e uma massa aproximada de 450 kg. O impacto terá ocorrido na região ocidental de Mare Nubium, a uma velocidade de cerca de 61 mil quilómetros por hora, e terá libertado uma energia equivalente a aproximadamente 15 toneladas de TNT, o suficiente para abrir uma cratera com 40 a 50 metros de diâmetro. Estes valores tornam este evento três vezes mais energético que o impacto testemunhado por cientistas da NASA em Março passado.

Em média chegam à Terra dezenas de toneladas por dia de detritos interplanetários. A maioria destes objectos acabam desintegrados nas camadas superiores da atmosfera terrestre, formando ocasionais bolas de fogo no céu. Na Lua não existe atmosfera, pelo que nada impede os meteoróides de atingirem a sua superfície. Como ocorrem a velocidades elevadas, estes impactos transportam energia cinética suficiente para vaporizarem instantaneamente as rochas no local do impacto, o que produz um brilho térmico detectável a partir da Terra sob a forma de um súbito clarão.

A observação destes fenómenos é bastante informativa, porque permite aos astrónomos extrapolar a taxa de impactos semelhantes no nosso planeta. Uma das conclusões da equipa espanhola é que estes impactos são significativamente mais frequentes que o estimado em trabalhos anteriores.

"Os nossos telescópios vão continuar a observar a Lua da mesma forma que as nossas câmaras monitorizam a atmosfera terrestre em busca de meteoros", disse Madiedo. "Esperamos desta forma identificar grupos de rochas que possam estar na origem de eventos comuns em ambos os corpos planetários. Queremos também determinar donde vêm estes objectos."

Podem ler mais pormenores sobre este trabalho aqui.

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