quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Desvendada pela primeira vez a estrutura interna de um pequeno asteróide

Estrutura do asteróide Itokawa.
Crédito: ESO/JAXA.

Cientistas descobriram a primeira evidência directa do quão complexas podem ser as estruturas internas dos pequenos asteróides. Partindo de observações realizadas no Observatório Europeu do Sul, no Chile, e em outros observatórios nas Canárias e na Califórnia, EUA, a equipa liderada por Stephen Lowry, da Universidade de Kent, no Reino Unido, identificou detalhes intrigantes na estrutura interna do asteróide (25143) Itokawa.

Através da medição precisa do seu brilho ao longo de pouco mais de 11 anos, Lowry e colegas desvendaram não só a velocidade de rotação do pequeno asteróide, como também a taxa a que esta velocidade varia ao longo do tempo. Estas observações foram, em seguida, combinadas com o conhecimento da forma e topografia do asteróide, o que permitiu revelar a complexidade da sua estrutura interna.

“Esta é a primeira vez que conseguimos determinar como é o interior de um asteróide”, explicou Lowry. “Podemos ver que Itokawa tem uma estrutura extremamente variada – este achado é um importante passo em frente na nossa compreensão dos corpos rochosos do Sistema Solar.”

Itokawa é um asteróide Apollo de tipo espectral S, com uma órbita que cruza as órbitas da Terra e de Marte. Em 2005, a sonda japonesa Hayabusa visitou o asteróide, revelando a sua estranha forma semelhante à de um amendoim.

O asteróide Itokawa visto pela sonda Hayabusa em Setembro de 2005.
Crédito: JAXA.

Itokawa tem apenas 535 metros de comprimento, pelo que o seu eixo e velocidade de rotação podem ser fortemente afectados pela luz solar. Este fenómeno, conhecido por efeito de Yarkovsky-O’Keefe-Radzievskii-Paddack (YORP), ocorre quando a radiação solar absorvida por um pequeno objecto irregular é reemitida pela sua superfície sob a forma de calor. O efeito foi medido pela primeira vez em 2007, no asteróide (54509) YORP, e é um processo determinante na evolução dos parâmetros físicos dos pequenos corpos do Sistema Solar.

A equipa liderada por Lowry descobriu que o efeito YORP está a acelerar lentamente a taxa de rotação de Itokawa. A variação no período de rotação do pequeno asteróide é mínima - uns meros 0,045 segundos por ano – no entanto, o desvio é muito diferente do esperado, e só pode ser explicado se o asteróide for constituído por duas partes com diferentes densidades. Este resultado sugere que Itokawa poderá ter sido formado pela coalescência de dois asteróides no resclado de uma colisão catastrófica na Cintura de Asteróides, ou como consequência do colapso de um sistema binário.

“Descobrir que os asteróides não têm um interior homogéneo tem implicações muito profundas, em particular para os modelos de formação de asteróides binários”, afirma Lowry. “[Esta descoberta] poderá ser igualmente importante em trabalhos que visam diminuir as colisões de asteróides com a Terra, ou no planeamento de futuras viagens a estes corpos rochosos.”

Podem encontrar mais pormenores relativos a este trabalho aqui.

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