domingo, 6 de julho de 2014

Oceano subsuperficial de Titã poderá ser tão salgado quanto o Mar Morto

Representação artística da estrutura interna de Titã.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI/Univ. of Arizona/G. Mitri/University of Nantes.

Dados obtidos pela Cassini revelam que o oceano subsuperficial de Titã poderá ter uma salinidade comparável à do Mar Morto - um dos lagos mais salgados da Terra. A descoberta foi anunciada na semana passada, num artigo publicado na revista Icarus.

Estudos anteriores sugerem que a crusta gelada de Titã é uma estrutura rígida, num processo de completa solidificação. Dados topográficos e gravimétricos obtidos pela Cassini nos últimos 10 anos permitiram agora aos cientistas construir um modelo da atual estrutura interna de Titã, o que resultou numa melhor compreensão da estrutura e propriedades da camada mais exterior da maior lua de Saturno.

Os novos resultados mostram que é necessária uma densidade relativamente elevada no oceano subsuperficial de Titã para explicar as anomalias gravitacionais observadas pela Cassini. Isto indica que o oceano é provavelmente formado por uma solução extremamente concentrada de sais de enxofre, sódio e potássio, numa concentração total semelhante à dos lagos mais salgados da Terra.

"Este é um oceano extremamente salgado, tendo em conta os padrões da Terra", afirmou Giuseppe Mitri, investigador da Universidade de Nantes, em França, e primeiro autor deste trabalho. "Este conhecimento poderá alterar o modo como vimos este oceano - como uma possível morada para a vida - no entanto, as condições poderiam ter sido bem diferentes no passado."

A equipa liderada por Mitri descobriu ainda que a espessura da crusta titaniana varia de região para região, o que confirma que a lua de Saturno possui uma camada exterior rígida, como seria o caso se o oceano no seu interior estivesse lentamente a solidificar. Este processo limita a troca de materiais entre o oceano e a superfície, o que tem fortes implicações na sua habitabilidade.

Uma outra consequência deste modelo é que a libertação de metano na atmosfera de Titã deverá ocorrer na superfície, apenas em "pontos quentes" intermitentes e muito localizados. "O nosso trabalho sugere que vai ser difícil procurar sinais da libertação de metano usando a Cassini, e poderá requerer uma futura missão que possa encontrar fontes de metano localizadas", disse Jonathan Lunine, investigador da missão na Universidade de Cornell, em Ithaca, nos Estados Unidos, e coautor deste trabalho. "Tal como em Marte, esta é uma tarefa complicada."

Podem ler mais sobre este trabalho aqui.

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