sábado, 29 de agosto de 2015

Um cometa no periélio

O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko visto pela sonda Rosetta, a 22 de agosto de 2015 (resolução da imagem: 29,3 metros/píxel).
Crédito: ESA/Rosetta/NavCam.

No dia 13 de agosto, a Rosetta testemunhou a passagem do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko pelo periélio - o ponto na sua órbita mais próximo do Sol. Na altura, o cometa encontrava-se a 186 milhões de quilómetros de distância da nossa estrela (aproximadamente a meio caminho entres as órbitas da Terra e de Marte).

67P é um cometa periódico com um período orbital de 6,45 anos. Desde a sua chegada, há pouco mais de um ano, a Rosetta tem observado um aumento significativo da atividade na superfície gelada do cometa. À medida que o cometa se aproxima do Sol, a sua superfície é exposta a uma intensidade crescente de radiação solar, o que promove o aquecimento e sublimação dos gelos aprisionados nas camadas mais superficiais do núcleo. Estes gases irrompem violentamente na superfície, arrastando consigo uma miríade de partículas de poeira.

A imagem de cima foi captada pela sonda europeia 9 dias depois do periélio e revela o que aparenta ser um aumento súbito da atividade numa pequena área localizada entre Imhotep e Kephry, no lobo maior do núcleo do cometa. Estes picos de atividade têm sido relativamente frequentes nas semanas que rodeiam o periélio, pelo que os cientistas da missão têm estado atarefados a analisar os dados recolhidos pela Rosetta com o objetivo de compreenderem a natureza destes eventos. Estas leituras têm estado a ser complementadas com observações astronómicas realizadas através de telescópios na superfície e na órbita da Terra, para se perceber qual o impacto global destes eventos na cabeleira do cometa.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Florescência no Mar Báltico

Florescência de cianobactérias no Mar Báltico. Esta composição em cores falsas mostra uma área com aproximadamente 69 km de comprimento por 53 km de largura e resulta da combinação de 3 imagens captadas a 11 de agosto de 2015, pela câmara OLI do satélite Landsat 8, através de filtros para as bandas 640-670 nm (vermelho), 530-590 nm (verde) e 450-510 nm (azul).
Crédito: NASA.

O Mar Báltico está a ser fustigado por uma das mais intensas florescências de cianobactérias das últimas duas décadas. A imagem de cima foi captada há cerca de duas semanas pelo satélite Landsat 8 e mostra densas acumulações superficiais destes microrganismos numa vasta área entre a costa da Letónia e a ilha sueca de Gotlândia.

Registos fósseis descobertos na região de Pilbara, na Austrália, sugerem que as cianobactérias foram os primeiros organismos fotossintéticos produtores de oxigénio a colonizar a Terra, há cerca de 3,5 mil milhões de anos. Membros assíduos das comunidades fitoplanctónicas de albufeiras e lagos de água doce em todo o mundo, estes microrganismos tendem a formar extensas florescências nas águas salobras do Mar Báltico durante os meses de verão. Este fenómeno resulta da combinação de um conjunto de fatores ambientais, dos quais se destacam a crescente eutrofização antropogénica do Mar Báltico, o aumento sazonal da temperatura e insolação nos estratos superiores da coluna de água, e a diminuição drástica das concentrações de nitratos provocada pelas florescências primaveris de dinoflagelados e diatomáceas.

A florescência visível na imagem é dominada por Aphanizomenon flos-aquae e Nodularia spumigena, duas espécies de cianobactérias filamentosas fixadoras de azoto atmosférico. As florescências de Nodularia spumigena são particularmente preocupantes devido ao facto destes organismos serem potenciais produtores de nodularinas. Estes compostos são hepatotoxinas potentes com capacidade para provocarem hemorragias intra-hepáticas potencialmente fatais.

domingo, 23 de agosto de 2015

Enviem o vosso nome a bordo da Insight - a próxima missão da NASA a Marte


A NASA convida todos os entusiastas pela exploração de Marte a inscreverem os seus nomes num chip de silício que será colocado a bordo da sonda Insight, o próximo explorador robótico a visitar o planeta vermelho. Para participarem basta preencherem este formulário até ao próximo dia 08 de setembro. Esta inscrição será mais uma oportunidade para adicionar milhas, a quem já tem uma conta de "viajante frequente" na NASA.

Montagem da sonda Insight numa sala limpa das instalações da Lockheed Martin Space Systems, em Denver, nos Estados Unidos. A imagem foi obtida a 30 de abril de 2015.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Lockheed Martin.

A Insight será lançada em março de 2016, a partir da base aérea de Vanderberg, nos Estados Unidos, e deverá poisar na superfície de Marte a 28 de setembro de 2016. A missão tem como objetivo principal determinar a estrutura, composição e estado físico das diferentes camadas que compõem o interior do planeta vermelho. A sonda irá ainda determinar a magnitude, frequência e distribuição geográfica da atividade sísmica no interior de Marte, bem como medir a taxa de impactos de meteoritos na superfície marciana.

sábado, 22 de agosto de 2015

Um impacto épico em Tétis

Poucas horas depois da sua última visita a Dione, a Cassini sobrevoou a lua Tétis, a uma altitude aproximada de 42 mil quilómetros. Este encontro foi uma oportunidade para a sonda da NASA fotografar o lado ocidental do hemisfério líder de Tétis - uma região que inclui a cratera Odysseus, uma das maiores estruturas de impacto do Sistema Solar.

A cratera Odysseus, num mosaico de 5 imagens obtidas pela sonda Cassini, a 17 de agosto de 2015.
Crédito: NASA/JPL/SSI/Sérgio Paulino.

Odysseus tem cerca de 445 km de diâmetro e cobre aproximadamente 4,5 % da área superficial total de Tétis. A sua profundidade varia, no entanto, entre 6 a 9 km - valores muito inferiores ao que seria de esperar numa cratera com estas dimensões. Esta particularidade resulta da conformação do seu interior com a forma esférica de Tétis, um fenómeno provavelmente provocado pelo lento relaxamento da crusta tetiana ao longo do tempo.

Odysseus recebeu o nome do herói grego de Odisseia, um poema épico atribuído a Homero. Na imagem de cima podemos ver detalhes de algumas das estruturas geológicas mais proeminentes associadas a Odysseus.

A nordeste, junto à orla da cratera, temos Ogygia Chasma, um vale de vertentes íngremes com cerca de 120 km de comprimento. Esta estrutura é provavelmente uma fratura rasgada pelo impacto que formou Odysseus.

No interior da cratera eleva-se um complexo central de maciços montanhosos. Denominados Scheria Montes, estes maciços têm 2 a 3 km de altura e rodeiam uma depressão central com 2 a 4 km de profundidade. Estas estruturas são provavelmente tudo o que resta de um antigo sistema de picos centrais.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Cassini despede-se de Dione

O hemisfério antisaturniano de Dione num mosaico de 9 imagens obtidas pela sonda Cassini, a 17 de agosto de 2015 (resolução: 450 metros/píxel). Neste hemisfério podemos observar a cratera Evander, a maior estrutura de impacto da superfície de Dione.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

A Cassini concretizou na passada segunda-feira o seu quinto e último encontro programado com a lua Dione. Os encontros programados requerem a ativação dos propulsores da Cassini para que a sonda possa ser manobrada com precisão em direção a uma trajetória predefinida sobre um determinado alvo. Neste último encontro, a sonda da NASA sobrevoou a região a sul da cratera Latinus, a uma altitude mínima de 474 km, o que permitiu a captação de imagens com uma resolução sem precedentes da região do polo norte de Dione.

O crescente de Dione visto pela sonda Cassini, a 17 de agosto de 2015 (resolução: 400 metros/píxel). Este mosaico foi construído com 5 imagens obtidas a distâncias entre os 59 mil e os 75 mil quilómetros e mostra algumas estruturas tectónicas, incluindo Tibur Chasmata (em cima) e Fidena Fossae (junto ao terminador, do lado esquerdo).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

"Senti-me emocionada, da mesma forma que sei que outros estão, ao olhar para estas imagens encantadoras da superfície e do crescente de Dione, sabendo que são as últimas que veremos deste mundo distante por muito, muito tempo", disse Carolyn Porco, responsável da equipa de imagem da missão. "Até à última [imagem], a Cassini entregou fielmente outro conjunto extraordinário de preciosidades. Como temos sido afortunados!"

Território acidentado localizado nas proximidades de Argiletum Fossae, na região do polo norte de Dione. Imagem obtida pela câmara de grande angular da sonda Cassini, a 17 de agosto de 2015, a uma altitude de 588 km (resolução: 35 metros por píxel).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

O principal objetivo científico deste encontro foi, no entanto, a recolha de dados relativos ao campo gravitacional de Dione. Isto tornou a captação de imagens particularmente complicada, uma vez que a equipa de imagem não pode manobrar livremente a sonda, de forma a controlar a direção para onde as câmaras apontavam.

"Tivemos apenas tempo suficiente para captar algumas imagens, o que nos deu belas observações em alta resolução da superfície", disse Tilmann Denk, investigador participante da missão, na Universidade Freie, na Alemanha. "Fomos capazes de usar a luz solar refletida por Saturno como uma fonte adicional de luz, o que permitiu que fossem revelados detalhes [escondidos] nas sombras em algumas das imagens."

A superfície de Dione iluminada pelo brilho de Saturno. Imagem obtida pela Cassini, a 17 de agosto de 2015, a uma altitude de aproximadamente 970 km (resolução: 58 metros por píxel).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

Para estudarem o campo gravitacional de Dione, os cientistas da missão recorreram ao Radio Science Subsystem (RSS), um instrumento capaz de detetar pequenas variações na frequência dos sinais de radio enviados pela Cassini para a Terra. Dione tem a segunda maior densidade dos satélites de tamanho médio de Saturno, o que pressupõe uma quantidade relativamente elevada de materiais rochosos no seu interior. Os investigadores irão analisar estes dados nos próximos meses, de forma a perceberem como se encontram distribuídos estes materiais e como essa distribuição se relaciona com os vestígios de atividade geológica visíveis na superfície.

A superfície de Dione vista pela câmara de ângulo fechado da Cassini, a 17 de agosto de 2015, a uma altitude de 537 km (resolução: 3 metros por píxel). A imagem encontra-se desfocada devido ao rápido movimento da sonda relativamente a Dione (aproximadamente 23 mil km/h).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

A Cassini voltará a passar nas proximidades de Dione nos próximos dias 8 e 30 de setembro, no entanto, estes serão encontros relativamente distantes, a altitudes mínimas superiores a 40 mil quilómetros. No final de dezembro, a sonda da NASA partirá do plano equatorial de Saturno para iniciar uma série de órbitas inclinadas que incluirão 23 passagens pela região que separa o sistema de anéis e a atmosfera do planeta. Uma dessas passagens culminará com um impacto na atmosfera de Saturno, a 15 de setembro de 2017- o último ato de uma das missões espaciais mais produtivas de sempre.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

LADEE confirma a presença de néon na exosfera lunar

Representação artística da sonda LADEE numa órbita em redor da Lua.
Crédito: NASA Ames/Dana Berry.

A sonda Lunar Atmosphere and Dust Environment Explorer (LADEE) confirmou pela primeira vez a presença de néon na fina atmosfera lunar. O néon é um gás nobre usado nas misturas de gases rarefeitos que dão o intenso brilho às lâmpadas de descarga tubulares dos anúncios luminosos.

"A presença de néon na exosfera da Lua tem sido um objeto de especulação desde as missões Apollo, no entanto nunca tinha sido feita qualquer deteção credível", disse Mehdi Benna do Centro de Voo Espacial Goddard e da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. "Estamos muito satisfeitos não só por termos finalmente confirmado a sua presença, mas também por demonstrarmos que é relativamente abundante." Benna é o autor principal do artigo recentemente publicado na revista Geophysical Research Letters, onde são descritas as observações realizadas pelo instrumento Neutral Mass Spectrometer (NMS) da sonda LADEE.

A quantidade de néon detetada é, ainda assim, insuficiente para criar um halo luminoso visível em redor da Lua. Isto acontece porque a atmosfera lunar é extremamente ténue - aproximadamente 100 biliões de vezes mais rarefeita que a atmosfera da Terra ao nível do mar. A estas pressões, as colisões entre moléculas são extremamente raras, pelo que a atmosfera lunar é tecnicamente considerada uma exosfera.

As exosferas são o tipo mais comum de atmosfera no Sistema Solar e por isso os cientistas estão interessados em conhecer mais detalhes sobre estas estruturas. "É muito importante aprender mais sobre a exosfera lunar, antes que a exploração humana sustentada a altere substancialmente", explicou Benna. Tendo em conta que a atmosfera lunar é tão rarefeita, os gases libertados pelos foguetões e sistemas de propulsão das sondas podem facilmente modificar a sua composição.

Grande parte da exosfera lunar tem origem no vento solar - um fluxo de gás eletricamente carregado que parte da superfície do Sol em direção ao espaço, a uma velocidade de cerca de 1,6 milhões de quilómetros por hora. O vento solar é composto maioritariamente por hidrogénio e hélio, mas contém muitos outros elementos em pequenas quantidades. Todos estes elementos colidem com a superfície da Lua, mas apenas o hélio, o néon e o árgon são voláteis o suficiente para regressarem ao espaço. Os restantes elementos ficam impregnados nas rochas lunares por tempo indeterminado.

Os dados obtidos pela LADEE confirmam que a exosfera lunar é composta maioritariamente por hélio, árgon e néon. As suas abundâncias relativas são, no entanto, variáveis ao longo do dia lunar. O árgon é mais abundante ao nascer do Sol, enquanto que o néon e o hélio atingem os seus picos pelas 4 e 1 da manhã locais, respetivamente. O instrumento NMS realizou medições sistemáticas destes gases ao longo de 7 meses, o que permitiu a Benna e seus colegas compreender como estes gases são fornecidos à exosfera e, em última análise, devolvidos ao espaço.

Embora grande parte da exosfera lunar tenha origem no vento solar, os dados do NMS revelam que uma porção significativa vem diretamente das rochas lunares. "Ficámos surpreendidos ao descobrir que o árgon-40 cria uma protuberância local acima de uma parte invulgar da superfície lunar: a região que contém Mare Imbrium e Oceanus Procellarum", afirmou Benna.

O árgon-40 resulta do decaimento do potássio-40, um isótopo radioativo que ocorre naturalmente em todos os planetas telúricos. "Não pudemos deixar de notar que esta região é o local onde o potássio-40 é mais abundante na superfície", disse Benna. "Por isso, poderá haver uma ligação entre o árgon atmosférico, o potássio superficial e fontes interiores profundas."

Outro comportamento surpreendente do árgon foi o facto da sua quantidade global na exosfera lunar ter variado significativamente ao longo do tempo. Os dados obtidos pelo NMS revelaram um aumento seguido de uma diminuição em cerca de 25% durante o período da missão. Segundo Benna, este enriquecimento transitório poderá ser uma consequência de um aumento temporário na libertação do gás na superfície lunar provocado pela ação das forças de maré na Lua.

O NMS detetou ainda uma fonte inesperada para parte do hélio da exosfera lunar. "Cerca de 20% do hélio é proveniente da própria Lua, provavelmente como resultado do decaimento radioativo do tório e urânio, também presentes nas rochas lunares", explicou Benna. Esta fração de hélio é produzida a uma taxa equivalente a cerca de 7 litros por segundo, a uma pressão atmosférica normal.

"Os dados recolhidos pelo NMS abordam questões de longa data relacionadas com as fontes e depósitos de hélio e árgon - questões que permaneciam por responder há 4 décadas", disse Benna. "Estas descobertas evidenciam as limitações dos modelos exosféricos atuais, bem como a necessidade de modelos mais sofisticados no futuro."

A LADEE foi uma missão de 6 meses da NASA, lançada em setembro de 2013, com o objetivo de estudar a exosfera da Lua e a densidade e variações temporais e espaciais das partículas de poeira no ambiente lunar. Sem combustível suficiente para manter uma órbita lunar a longo termo, a LADEE foi intencionalmente redirecionada para um impacto na superfície da Lua, a 17 de abril de 2014.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Curiosity examina rochas invulgares junto a Marias Pass

Um fragmento rochoso denominado Lamoose, numa imagem obtida pela câmara MAHLI, a 11 de julho de 2015 (sol 1041 da missão). Lamoose é um dos vários pedaços de rocha descobertos pelo Curiosity nas proximidades de Marias Pass com concentrações invulgarmente elevadas de sílica.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

O Curiosity esteve ocupado a examinar um conjunto de rochas nunca antes observadas na superfície de Marte. As rochas possuem níveis surpreendentemente elevados de sílica - um composto que na Terra ocorre com frequência sob a forma de quartzo - e encontram-se espalhadas numa pequena área localizada logo abaixo da zona de contacto entre duas unidades estratigráficas distintas, nas proximidades de Marias Pass, no sopé do Monte Sharp. A abundância de sílica sugere que estas rochas poderão providenciar condições ideais para a preservação de antigas moléculas orgânicas.

A equipa da missão decidiu recuar até este local depois dos instrumentos ChemCam e DAN terem revelado a presença de sílica e hidrogénio num fragmento rochoso denominado Elk. Após analisar mais algumas rochas em redor, o robot da NASA deslocou-se até um novo alvo denominado Buckskin, para recolher uma amostra de rocha pulverizada e determinar a sua composição mineralógica com o instrumento CheMin.

O afloramento rochoso Missoula num mosaico de imagens obtidas pela câmara MAHLI, a 01 de julho de 2015 (sol 1031 da missão). São visíveis veios de minerais brancos, provavelmente depositados pela água subterrânea que no passado terá fluído no interior das fraturas da unidade inferior de Missoula.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

Antes de investigar a área rica em sílica, o Curiosity tinha estado atarefado a explorar a zona de contacto estratigráfico, onde uma camada de arenito escuro se sobrepõe a outra de argilito claro. "Encontrámos um afloramento rochoso denominado Missoula, onde os dois tipos de rocha se encontram, mas era bastante pequeno e próximo do chão", disse Ashwin Vasavada, cientista de projeto da missão. "Usámos o braço robótico para captar uma pequena panorâmica com a câmara MAHLI, colocando o nosso nariz bem lá em baixo."

Na semana passada, o Curiosity regressou a este local para realizar um estudo detalhado de Missoula com o instrumento ChemCam e obter imagens e espetros de mais alguns alvos na vizinhança. Depois de concluídas estas atividades, o robot da NASA retomou o seu caminho pelo interior de Marias Pass. A equipa da missão planeia agora continuar a subida pela encosta do monte Sharp, consentindo algumas breves paragens para documentar a geologia dos novos locais que o robot for encontrando.

sábado, 8 de agosto de 2015

Trânsito da Lua diante da Terra visto pelo Deep Space Climate Observatory

Um trânsito da Lua diante da Terra numa composição de três imagens obtidas pelo satélite DSCOVR, a 16 de julho de 2015, através de filtros para o azul, o verde e o vermelho. Os arcos coloridos em redor da Lua são artefactos criados pelo movimento da Lua entre cada exposição.
Crédito: NASA/NOAA.

A NASA divulgou na passada quarta-feira imagens fenomenais de um trânsito da Lua em frente ao nosso planeta. As imagens foram captadas pela Earth Polychromatic Imaging Camera (EPIC), um instrumento da NASA composto por uma câmara CCD de 4 megapíxeis e um telescópio, que se encontra a bordo do Deep Space Climate Observatory (DSCOVR), a uma distância de 1,5 milhões de quilómetros da Terra. Apreciem em baixo a sequência de imagens completa:



O DSCOVR é um satélite da agência meteorológica NOAA, lançado no passado dia 11 de fevereiro, a partir de Cabo Canaveral, nos Estados Unidos, com o objetivo de monitorizar o vento solar e os seus efeitos na Terra. 100 dias após o seu lançamento, o DSCOVR foi colocado numa órbita de Lissajous em redor do ponto lagrangiano L1 do sistema Sol-Terra, um local de equilíbrio gravitacional situado diretamente entre o Sol e o nosso planeta, a uma distância equivalente a 4 vezes a distância média entre a Terra e a Lua.

No passado dia 16 de julho, o satélite da NOAA alinhou-se, pela primeira vez, na perfeição com a Lua e Terra, permitindo a captação de imagens invulgares dos dois objetos passando um na frente do outro. Devido à localização do DSCOVR, a Terra e a Lua surgem completamente iluminadas, com a Lua exibindo o seu lado mais distante - a sua face menos conhecida.

Pormenor da imagem de cima, com algumas das estruturas mais proeminentes do lado mais distante da Lua identificadas.
Crédito: NASA/NOAA/anotações de Sérgio Paulino.

Fotografado pela primeira vez em 1959, pela sonda soviética Luna 3, o lado mais distante da Lua é caracterizado pela quase inexistência de maria - as vastas planícies basálticas que cobrem grande parte da face lunar perpetuamente voltada para a Terra. Os maiores maria do lado mais distante encontram-se no Mare Moscoviense, uma bacia de impacto com 276 km de diâmetro, e no interior da cratera Tsiolkovskiy, uma imponente cratera complexa com 185 km de diâmetro. Na imagem são ainda evidentes o sistema de raios da cratera Jackson e a bacia de Aitken-Polo Sul, uma gigantesca estrutura de impacto com cerca de 2200 km de diâmetro e 13 km de profundidade.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Estranhas linhas vermelhas na superfície de Tétis

Linhas vermelhas em redor da cratera Alcinous, na superfície de Tétis. Composição em cores falsas construída com imagens obtidas pela sonda Cassini a 11 de abril de 2015, através de filtros para comprimentos de onda no infravermelho, no verde e no ultravioleta.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.

Cientistas da missão Cassini observaram recentemente um conjunto de invulgares linhas arqueadas de cor vermelha na superfície de Tétis. As linhas têm apenas alguns quilómetros de largura, mas estendem-se por longas distâncias, atravessando ininterruptas os terrenos acidentados do hemisfério norte desta lua de Saturno.

A equipa da missão tinha já identificado algumas destas estruturas em anteriores observações. No entanto, as imagens captadas em abril passado foram as primeiras a mostrar vastas áreas das latitudes mais setentrionais de Tétis com as condições de iluminação necessárias para os cientistas as visualizarem com clareza.

"Os arcos vermelhos saltaram realmente à vista quando vimos as novas imagens", disse Paul Schenk, investigador participante da missão. "É surpreendente como são extensas estas estruturas."

A lua Tétis vista pela sonda Cassini, a 11 de abril de 2015. Composição em cores falsas construída com imagens obtidas através de filtros para comprimentos de onda no infravermelho, no verde e no ultravioleta. As linhas vermelhas podem ser vistas no quadrante superior direito da imagem.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.

A origem das linhas e da sua cor vermelha é ainda um mistério. Com a exceção de algumas pequenas crateras em Dione, são raras as estruturas tingidas de vermelho nas luas de Saturno. Neste momento, estão a ser avaliadas diversas possibilidades, incluindo ideias de que estes materiais poderão ser impurezas químicas contidas no interior de gelo recentemente exposto, ou o resultado da atividade de jatos de gás com origem no interior de Tétis.

"Os arcos vermelhos devem ser geologicamente recentes porque atravessam estruturas mais antigas, como as crateras de impacto", explicou Paul Helfenstein, um dos membros da equipa de imagem da Cassini. "No entanto, não sabemos precisar a sua idade. Se estas linhas são apenas uma fina camada colorida no solo gelado, a sua exposição ao ambiente espacial poderá apagá-las em escalas de tempo relativamente curtas."

A equipa da missão planeia realizar novas observações no próximo mês de novembro, quando a sonda da NASA sobrevoar a superfície de Tétis a distâncias consideravelmente mais próximas.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Alinhamento planetário visto da Estação Espacial Internacional

Crédito: Scott Kelly/NASA.

Parece uma cena do filme 2001 - Odisseia no Espaço, mas na verdade não é. Esta imagem foi captada no passado dia 19 de julho pelo astronauta Scott Kelly, a bordo da Estação Espacial Internacional, e mostra a Terra, Vénus, Júpiter e a Lua juntos num alinhamento quase perfeito.

sábado, 1 de agosto de 2015

Asteroide 1999 JD6 tem a forma de um amendoim

O asteroide 1999 JD6 numa sequência de imagens de radar captadas a 25 de julho de 2015, durante um período de 7 horas e 40 minutos.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/GSSR.

Cientistas da NASA usaram os radiotelescópios de Goldstone e de Green Bank, nos Estados Unidos para produzirem imagens detalhadas de radar do asteroide (85989) 1999 JD6, um objeto alongado com uma órbita próxima da órbita da Terra. As imagens foram captadas no passado dia 25 de julho, a uma distância de cerca de 7,2 milhões de quilómetros, e revelam o que aparenta ser um binário de contacto - um objeto constituído por dois componentes, mantidos juntos pela sua mútua atração gravitacional.

"As observações por radar têm mostrado que cerca de 15% de todos os asteroides próximos da Terra com mais de 180 metros de diâmetro têm este tipo de forma bilobada de amendoim", explicou Lance Benner, líder do programa da NASA responsável pelo estudo de asteroides recorrendo a imagens de radar.

Para obterem estas imagens, os cientistas emparelharam os dois radiotelescópios numa configuração bistática, com a antena de 70 metros de Goldstone a transmitir o sinal de radar e a antena de 100 metros de Green Bank a receber as ondas refletidas. Esta técnica permitiu alcançar melhoramentos significativos na resolução das imagens.



1999 JD6 foi descoberto a 12 de maio de 1999, pelo programa de procura de objetos próximos da Terra do Observatório Lowell, nos Estados Unidos, e tem sido exaustivamente estudado, pelo que muitas das suas propriedades físicas eram já conhecidas. A análise das curvas de luz sugerem que este asteroide é um objeto extremamente alongado com um período de rotação de 7,7 horas. Imagens obtidas pelo observatório espacial WISE permitiram aos cientistas estimar um diâmetro de 1,8 km e um albedo ótico de 0,075, o que indica que a sua superfície é relativamente escura. No entanto, os resultados da espetroscopia têm sido ambíguos quanto à sua classificação espetral, pelo que persistiam dúvidas quanto às suas dimensões. As imagens de radar deste fim de semana confirmam que 1999 JD6 tem cerca de 2,0 km de comprimento e que executa uma rotação sobre si próprio em 7,7 horas.

O radar é uma poderosa ferramenta para medir com precisão a distância e a velocidade dos asteroides com órbitas próximas da órbita da Terra. Estes dados são essenciais para calcular com precisão as suas trajetórias a longo termo. Neste momento, estão catalogados 12824 destes objetos, sendo que 1601 são asteroides potencialmente perigosos para o nosso planeta.