segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Canhões gelados na região do polo norte de Plutão

A região do polo norte de Plutão vista pela sonda New Horizons, a 14 de julho de 2015, a uma distância aproximada de 33,9 mil quilómetros.
Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

Esta magnífica imagem divulgada na semana passada pela NASA mostra um grupo de longos canhões rasgando a região do polo norte de Plutão. As suas paredes degradadas sugerem que estas estruturas são mais antigas que os sistemas de vales profundos observados noutros locais do planeta anão. O maior destes canhões tem cerca de 75 km de largura e é atravessado longitudinalmente por um longo vale que se extingue na sua extremidade meridional no interior de uma cratera.

A leste podemos ver um conjunto de depressões irregulares com dezenas de quilómetros de diâmetro e uma profundidade média de 4 quilómetros. Estas depressões foram provavelmente criadas pelo colapso do terreno na superfície, provocado pela fusão ou sublimação das camadas de gelo mais profundas.

Outra característica invulgar desta região é a sua cor. As áreas mais elevadas encontram-se distintivamente tingidas de um amarelo não observado noutros locais de Plutão. Esta coloração desaparece gradualmente nos terrenos mais baixos e a menor latitude, dando lugar a um cinzento azulado mais uniforme. Dados obtidos pela sonda New Horizons na banda do infravermelho mostram que o gelo de metano é relativamente abundante nesta região, pelo que os terrenos amarelos poderão corresponder a antigos depósitos de metano transformados ao longo do tempo pela radiação solar.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Poeiras sarianas sobre o norte de Portugal

Nuvem de poeira sobre a Península Ibérica. Imagem obtida a 21 de fevereiro de 2016 pelo astronauta britânico Tim Peake, a bordo da Estação Espacial Internacional.
Crédito: Tim Peake/NASA.

No início da semana, o céu sobre o norte de Portugal adquiriu uma estranha tonalidade amarela pálida. O fenómeno deveu-se à presença de uma vasta nuvem de partículas de poeira arrastadas do deserto do Sara pela calima, uma corrente de ar extremamente quente e seca, que nesta altura do ano sopra vigorosamente desde o norte de África.

A mesma nuvem de poeira vista pelo satélite Aqua, a 21 de fevereiro de 2016.
Crédito: NASA/Jeff Schmaltz (LANCE/EOSDIS Rapid Response)/anotações de Sérgio Paulino.

A calima tende a deslocar-se predominantemente de sudeste, até à região do arquipélago das Canárias. No entanto, desta vez, as condições meteorológicas sobre o Oceano Atlântico favoreceram o seu transporte mais para norte. As passagens sobre a Península Ibérica são relativamente comuns, e tendem a ocorrer a altitudes entre os 2,5 e os 4,5 km.

O norte de África contribui com cerca de 70% do total de partículas de poeira presentes em suspensão na atmosfera terrestre. Estas partículas são uma importante fonte de nutrientes para os ecossistemas marinhos e influenciam de forma marcante a produtividade dos oceanos.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Um glaciar fóssil a oeste de Bosporos Planum

Um glaciar fóssil na superfície de Marte. Imagem obtida pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, a 31 de dezembro de 2015. Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

Nas condições álgidas da superfície de Marte, os glaciares podem manter-se intactos milhões de anos após terem cessado a sua atividade. Na imagem de cima podemos ver um desses exemplares fósseis preservado na vertente meridional de uma cratera situada a oeste de Bosporos Planum, nas latitudes médias do hemisfério sul do planeta. A imagem foi obtida dias antes do solstício de inverno, numa altura em que o Sol espraiava já longas sombras sobre a paisagem.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Asteroide 2016 BA14 tem uma cauda!

Imagens obtidas a 13 de fevereiro de 2016 mostrando uma pequena cauda no "asteroide" 2016 BA14.
Crédito: M. Kelley/S. Protopapa/Universidade de Maryland.

No próximo mês de março irão passar dois objectos invulgares a uma distância relativamente próxima da Terra. O primeiro será o cometa 252P/LINEAR, um cometa periódico da família de Júpiter com um período orbital de 5,3 anos. Este objeto é particularmente interessante porque a sua órbita sugere que deverá ter entrado, pela primeira vez, nas proximidades da órbita da Terra há apenas dois séculos e meio. O encontro ocorrerá no dia 21 de março, a uma distância aproximada de 5,3 milhões de quilómetros.

No dia seguinte será a vez do asteroide 2016 BA14 sobrevoar a nossas cabeças. Descoberto a 22 de janeiro de 2016 pelo programa Pan-STARRS, 2016 BA14 segue uma órbita surpreendentemente semelhante à do cometa 252P/LINEAR. Tendo em conta esta estranha coincidência, investigadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, usaram o telescópio Discovery Channel de 4,3 metros do Observatório Lowell para verificarem se este objeto não seria na verdade um cometa. O que descobriram confirmou as suspeitas. 2016 BA14 exibe, de facto, atividade cometária na sua superfície, pelo que é agora oficialmente conhecido por cometa P/2016 BA14 (PanSTARRS).

A passagem dos dois objetos merecerá a atenção de vários grupos de astrónomos e irá ser acompanhada pelo telescópio espacial Hubble e pelos radiotelescópios de Goldstone, nos Estados Unidos, e de Arecibo, em Porto Rico.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

No trilho de Pã

A pequena lua Pã no interior da divisão de Encke. Imagem obtida pela sonda Cassini, a 12 de fevereiro de 2016.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.

No centro desta imagem podemos ver Pã, a segunda lua mais interior das luas conhecidas de Saturno. Com aproximadamente 34,4 km de comprimento e 20,8 km de largura, Pã age como uma lua pastora, mantendo aberta a divisão de Encke, no interior do anel A (aqui visível em primeiro plano).

A cada passagem, a pequena lua gera perturbações gravitacionais nas partículas do anel, criando ondulações radiais quase periódicas de cada lado da divisão. Observadas em imagens captadas pelas sondas Voyager, estas ondulações foram usadas em 1985, pelos investigadores americanos Jeffrey Cuzzi e Jeffrey Scargle, para prever pela primeira vez a presença de uma lua no interior da divisão. No ano seguinte, uma equipa liderada por Mark Showalter desenvolveu um modelo matemático a partir das observações das Voyager para deduzir a órbita e a massa da pequena lua, abrindo assim caminho à sua descoberta em 1990, em imagens da sonda Voyager 2.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Cristas esculpidas pelo vento em Elysium Planitia

Cristas rochosas no sul de Elysium Planitia, em Marte. Imagem obtida pela câmara HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, a 15 de dezembro de 2015 (norte para baixo).
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

As cristas visíveis nesta imagem denominam-se yardangs e foram provavelmente esculpidas pelo impacto de pequenos grãos de areia transportados pelos ventos dominantes de oeste. Com o tempo, o vento foi depositando areia nos corredores mais profundos entre as cristas, dando forma a pequenos campos de dunas com algumas dezenas de metros de comprimento.

Podem ver em baixo um conjunto de yardangs fotografado no deserto de Gobi, na China.

Yardangs no deserto de Gobi, perto de Jiayuguan, na China.
Crédito: George Steinmetz/Corbis.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

A fronteira final - viagem pelo Sistema Solar



Nicolaus Wegner criou este fabuloso vídeo que nos transporta por uma sequência de imagens de objetos do Sistema Solar, obtidas por sondas espaciais e pelos astronautas na Estação Espacial Internacional. Ao som da música Falling Short de Danny Odon, o vídeo é, nas palavras de Wegner, "um tributo aos cientistas, técnicos, engenheiros, astrónomos, astrofísicos e sonhadores que constantemente quebram as fronteiras do conhecimento humano e da inovação".