sábado, 13 de agosto de 2016

Simulações sugerem que Vénus poderá ter tido no passado condições favoráveis à vida

Trânsito de Vénus visto pelo Solar Dynamics Observatory, a 06 de junho de 2012.
Crédito: NASA/SDO.

Uma equipa de investigadores liderada pelo Michael Way, do Instituto Goddard para os Estudos Espaciais da NASA, nos Estados Unidos, utilizou um modelo climático criado para o estudo do clima terrestre para simular a evolução das condições ambientais na superfície de Vénus desde há 2,9 milhares de milhões de anos. Os resultados foram divulgados num artigo submetido esta semana à revista Geophysical Research Letters e sugerem que o planeta poderá ter albergado condições favoráveis à vida durante aproximadamente 2 mil milhões de anos.

Vénus é hoje um planeta extremamente hostil. Esmagado por uma densa atmosfera de dióxido de carbono, a sua superfície alcança temperaturas suficientemente elevadas para derreter metais como o chumbo, o estanho e o zinco. Simulações criadas por Way e colegas sugerem, no entanto, que este mundo infernal poderá ter sido no passado radicalmente diferente.

Partindo da hipótese de que, há milhares de milhões de anos, Vénus e a Terra tinham condições ambientais semelhantes, os investigadores criaram quatro possíveis cenários para o futuro do planeta, utilizando um modelo climático desenvolvido para o estudo da evolução do clima terrestre. Cada cenário incluía a presença de um oceano de água líquida cobrindo cerca de 60% do planeta e diferia ligeiramente dos restantes em alguns parâmetros físicos, como por exemplo, a gama de temperaturas superficiais, o fluxo de radiação solar incidente ou o período de rotação de Vénus.

Depois de correrem as simulações, os investigadores descobriram que um dos cenários resulta num planeta com temperaturas suficientemente baixas para suportar a vida tal como a conhecemos. Estas condições incluíam a presença de densas nuvens na atmosfera e a acumulação de neve nas montanhas mais elevadas, e persistiram até há aproximadamente 715 milhões de anos, período em que a Terra era já povoada por organismos eucariotas. As simulações não avançaram além desse período, pelo que não foram identificados os fenómenos que poderão ter sido responsáveis pela formação das condições atualmente existentes. Ainda assim, a comparação entre os diferentes cenários sugere que foi a diminuição do período de rotação o principal responsável pelo rápido aumento das temperaturas na superfície do planeta.

Podem encontrar todos os detalhes deste trabalho aqui.

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