sábado, 31 de janeiro de 2015

Uma intrigante fratura em Anuket

Fratura na região de Anuket, no núcleo do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko. Imagem obtida pelo sistema de imagem OSIRIS da sonda Rosetta.
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para a equipa OSIRIS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA.

A imagem de cima mostra uma proeminente fratura atravessando a região de Anuket, no "pescoço" do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko. A estrutura estende-se por cerca de 500 metros, até aos terrenos poeirentos de Hapi, região onde assume a forma de uma cadeia de pequenos poços - uma morfologia consistente com o deslizamento de materiais soltos, possivelmente provocado pela abertura cíclica da fratura durante a passagem do cometa nas proximidades do periélio.

Os detalhes desta observação foram incluídos na primeira série de artigos científicos com a análise global dos dados recolhidos pela sonda Rosetta nos primeiros meses da sua missão na órbita do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Podem ler mais sobre estes resultados aqui.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Exoplaneta J1407b tem sistema de anéis 200 vezes maior que o de Saturno

Representação artística de um sistema de anéis gigantesco em redor do objeto J1407b.
Crédito: Ron Miller.

Astrónomos descobriram que o sistema de anéis de 1SWASP J1407b é muito maior e mais massivo que o sistema de anéis de Saturno. A estrutura foi identificada pela primeira vez em 2012, e é a primeira do género a ser observada fora do Sistema Solar.

"Este planeta é muito maior que Júpiter ou Saturno, e o seu sistema de anéis é aproximadamente 200 vezes maior que os anéis de Saturno", disse Eric Mamajek, investigador da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. "Poderíamos pensar nele como uma espécie de super-Saturno."

Mamajek e o seu colega Matthew Kenworthy, do Observatório de Leiden, na Holanda, reanalisaram as curvas de luz da estrela 1SWASP J1407, obtidas em 2007 pelo projeto SuperWASP - um programa internacional, coordenado pelo Reino Unido, que tem como objetivo a deteção e caracterização de planetas extrassolares através do método dos trânsitos. Uma análise dos dados, realizada em 2012, tinha já revelado uma série de intrigantes ocultações, interpretadas na altura como um conjunto de eclipses produzidos por um disco circumplanetário.



Num estudo mais recente, astrónomos usaram o método da espectroscopia Doppler para estimar a massa do objeto residente no centro do disco circumplanetário. Baseados nos dados obtidos nos dois estudos, os investigadores determinaram que o companheiro da jovem estrela J1407 é provavelmente um gigante gasoso, com cerca de 20 vezes a massa de Júpiter, movendo-se numa órbita com um semi-eixo maior de 3,9 (± 1,7) UA.

No seu novo trabalho, Kenworthy e Mamajek exploram a complexidade do sistema de anéis de J1407b. Os seus resultados sugerem que a estrutura tem um diâmetro de quase 120 milhões de quilómetros - cerca de 200 vezes o diâmetro do sistema de anéis de Saturno - e uma massa equivalente a aproximadamente a massa da Terra.

Os anéis de J1407b representados nos céus sobre o Observatório de Leiden, tal como seriam vistos se fossem colocados na órbita de Saturno.
Crédito: M. Kenworthy/Leiden.

"São incríveis os detalhes que observamos na curva de luz", afirmou Kenworthy. "O eclipse durou várias semanas, mas podemos ver rápidas mudanças em escalas de tempo de dezenas de minutos, produzidas pela delicada estrutura dos anéis. A estrela encontra-se a uma distância demasiado elevada para que possamos observar os anéis diretamente. No entanto, pudemos construir um modelo detalhado baseado nas rápidas variações de brilho na luz da estrela filtrada através do sistema de anéis. Se pudéssemos substituir os anéis de Saturno pelos anéis em redor de J1407b, seriam facilmente visíveis à noite, e teriam um tamanho muitas vezes superior ao da Lua cheia."

O sistema deverá ser composto por mais de 30 anéis, e deverá conter pelo menos um intervalo. "Uma explicação óbvia é a de que se formou um satélite, que por sua vez sulcou este intervalo", explicou Kenworthy. "A massa do satélite deverá situar-se entre as [massas] da Terra e de Marte. O satélite deverá ter um período orbital de aproximadamente 2 anos."

Os astrónomos esperam que os anéis se tornem mais finos dentro de alguns milhões de anos, acabando por desaparecer gradualmente à medida que se formam novas exoluas. As luas jovianas e saturnianas deverão ter sido formadas por um processo semelhante, quando o Sistema Solar era ainda muito jovem. "Ninguém tinha visto um sistema de anéis desta natureza, até à descoberta deste objeto em 2012", disse Mamajek. "Este é o primeiro retrato da formação de satélites (...) em redor de um objeto subestelar."

Este trabalho foi aceite para publicação na revista Astrophysical Journal. Podem encontrar o artigo aqui.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Dawn capta melhores imagens de sempre de Ceres

O planeta anão Ceres numa animação construída com imagens obtidas pela Dawn, a 25 de janeiro de 2015.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.

A Dawn alcançou um novo marco histórico na sua viagem de exploração no interior da Cintura de Asteroides. No passado domingo, a sonda da NASA fotografou Ceres a uma distância de 237 mil quilómetros, alcançando assim uma resolução 30% superior à resolução das imagens do planeta anão, obtidas em 2003 e 2004 pelo telescópio espacial Hubble.

Com apenas 43 píxeis de diâmetro, Ceres surge nas novas imagens com uma face ainda pouco definida. Apesar da escassez de detalhes, começam já a tomar forma algumas estruturas superficiais de grandes dimensões - incluindo a misteriosa mancha brilhante, visível nas imagens do Hubble, e o que parecem ser grandes crateras de impacto no hemisfério sul.

"Ceres é o planeta de que provavelmente nunca ouviram falar", afirmou o responsável do projeto Dawn, Robert Mase. "Estamos entusiasmados com tudo o que iremos aprender com a Dawn, e com a partilha das nossas descobertas com o mundo."

Com cerca de 950 km de diâmetro, Ceres foi observado pela primeira vez em 1801, pelo astrónomo italiano Giuseppe Piazzi. Classificado como um planeta durante a primeira metade do século XIX, Ceres foi posteriormente considerado como um asteroide, até à sua reclassificação como planeta anão na memorável 26ª Assembleia Geral da União Astronómica Internacional, decorrida em agosto de 2006, em Praga, na República Checa.

"Estamos já a ver áreas e detalhes em Ceres nunca antes observados", disse Carol Raymond, investigadora principal da missão Dawn. "Por exemplo, existem diversas estruturas escuras no hemisfério sul, que poderão ser crateras no interior de uma região já de si escura. Os dados desta missão vão revolucionar a nossa compreensão acerca deste objeto único. Ceres está a mostrar-nos estruturas intrigantes que estimulam o nosso apetite para a exploração detalhada que se aproxima."

A Dawn deverá alcançar a órbita de Ceres no próximo dia 6 de março, dando início a um novo capítulo na sua longa missão, que incluiu já uma estadia na órbita de Vesta, entre julho de 2011 e setembro de 2012.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Asteroide 2004 BL86 tem uma lua

Animação construída com 20 imagens de radar do asteroide 2004 BL86, captadas a 26 de janeiro de 2015, por uma das antenas do observatório de Goldstone (resolução: 4 metros/pixel).
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

Foram divulgadas há poucas horas as primeiras imagens de radar de 357439 (2004 BL86), uma rocha espacial do tamanho de uma montanha, que ontem passou a cerca de 1,2 milhões de quilómetros de distância da Terra - o equivalente a 3,1 vezes a distância entre a Lua e o nosso planeta. As imagens foram captadas pela antena de radar de 70 metros do observatório de Goldstone, na Califórnia, Estados Unidos, e revelam a presença de uma pequena lua na órbita do asteroide.

A descoberta não é, de forma alguma, invulgar. Cerca de 16% dos asteroides com mais de 200 metros de diâmetro, com órbitas próximas da órbita da Terra, são binários ou sistemas triplos. As imagens hoje captadas mostram que o objeto primário tem cerca de 325 metros de diâmetro, e que se encontra acompanhado por um corpo rochoso com aproximadamente 70 metros de diâmetro.

2004 BL86 foi descoberto a 30 de janeiro de 2004, pelo programa LINEAR. Em outubro de 2014, o WISE tentou observar o asteroide, com o objetivo de estimar o seu diâmetro e o seu albedo. Infelizmente, o observatório espacial da NASA não o conseguiu detetar.

Observações realizadas nos últimos dois meses permitiram, entretanto, reduzir significativamente as incertezas na sua órbita. A passagem de ontem foi a mais próxima que 2004 BL86 fará junto à Terra, pelo menos, nos próximos dois séculos. Este foi também o encontro mais próximo entre o nosso planeta e um asteroide deste tamanho, até à próxima visita de 1999 AN10, que ocorrerá a 07 de agosto de 2027.

Nos próximos dias serão captadas novas imagens de radar para determinar com rigor outras propriedades deste asteroide, incluindo o seu período de rotação e a direção dos polos.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Água líquida na superfície... de Vesta?

Vesta em cores naturais. Este mosaico foi construído com 17 imagens obtidas pela sonda Dawn, a 20 de agosto de 2011.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA/Björn Jónsson.

A Dawn encontra-se agora muito próxima do seu novo destino, o planeta anão Ceres, mas foi a sua anterior visita a outro distinto membro da Cintura de Asteroides a merecer o pleno destaque no final desta semana. Num artigo recentemente publicado na revista Earth and Planetary Science Letters, cientistas anunciaram a descoberta de evidências geomorfológicas de que pequenas quantidades de água líquida poderão ter fluído na superfície de Vesta, sob a forma de detritos ricos em água.

"Ninguém esperava encontrar evidências de água em Vesta", afirmou Jennifer Scully, investigadora da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e primeira autora deste trabalho. "A superfície é muito fria e não existe atmosfera, pelo que toda a água presente na superfície evapora. No entanto, Vesta tem demonstrado ser um corpo planetário muito interessante e complexo."

A equipa liderada por Scully identificou um pequeno número de crateras na superfície vestiana, exibindo barrancos sinuosos e depósitos lobados semelhantes a leques aluviais. As crateras parecem ter sido formadas há apenas algumas centenas de milhões de anos - uma época relativamente recente quando comparada com a idade de Vesta (aproximadamente 4,6 mil milhões de anos). Se for confirmada, esta descoberta terá fortes implicações na compreensão da distribuição da água no interior da Cintura de Asteroides.

Cornelia, uma jovem cratera com cerca de 15 km de diâmetro. Este mosaico foi construído com 5 imagens captadas pela sonda Dawn, entre 11 de janeiro e 13 de março de 2012.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA/Emily Lakdawalla.

"Estes resultados, e muitos outros da missão Dawn, mostram que Vesta alberga processos que se pensava serem exclusivos dos planetas", disse Christopher Russell, investigador principal da missão Dawn, e coautor do trabalho. "Estamos ansiosos por desvendar ainda mais descobertas e mistérios quando a Dawn estudar Ceres."

Os barrancos vestianos são semelhantes aos criados na superfície terrestre pelo movimento de areia molhada ou de aglomerados de rocha e lama. "Estas estruturas de Vesta partilham muitas características com as formadas pelo fluxo de detritos na Terra e em Marte", explicou Scully.

A sua morfologia difere consideravelmente da morfologia dos barrancos lineares fotografados, por exemplo, na Lua - estruturas sulcadas pelo fluxo de detritos compostos por aglomerados de rocha e regolito isentos de materiais voláteis - o que levou os investigadores a sugerir a água como elemento mobilizador. A sua presença deverá estar, no entanto, limitada a pequenas quantidades e a breves períodos de tempo, uma vez que a água se volatiza muito rapidamente nas condições ambientais da superfície de Vesta.

Os barrancos têm cerca de 30 metros de diâmetro e, em média, pouco mais de 900 metros de comprimento, e encontram-se organizados em pequenas redes, que convergem na direção de depósitos lobados, possivelmente abandonados após a completa evaporação da água. A cratera Cornelia contém alguns dos mais impressionantes exemplos destas estruturas.

A cratera Cornelia vista pela sonda Dawn. Podemos observar na imagem da direita um exemplo de um barranco sinuoso (setas brancas curtas) e de um depósito lobado (setas brancas compridas) numa das vertentes interiores da cratera.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.

Scully e colegas sugerem que a água terá tido origem em pequenos depósitos de gelo localizados abaixo da superfície de Vesta. Impactos de meteoroides ou de outros asteroides poderão ter derretido o gelo, provocando o fluxo temporário de água líquida no interior da cratera recém-formada.

"Se o gelo estivesse hoje presente, estaria enterrado a uma profundidade demasiado elevada para ser detetado por qualquer um dos instrumentos da Dawn", disse Scully. "Contudo, as crateras com barrancos sinuosos estão associadas a terrenos com sumidouros, que foram independentemente identificados como uma evidência da perda de gases voláteis [pela superfície] de Vesta." Foram ainda detetados pela sonda Dawn materiais hidratados em algumas das rochas da superfície vestiana, o que sugere que Vesta não é um objeto completamente desprovido de água.

Experiências realizadas pelos investigadores, no Laboratório de Propulsão a Jato, sugerem que a água teria tido tempo suficiente para sulcar os barrancos antes de se evaporar. "As partículas rochosas ajudam a diminuir a taxa de evaporação", explicou Scully.

A Dawn tornar-se-á em breve na primeira sonda a orbitar dois mundos. Depois de estudar Vesta, entre 2011 e 2012, a sonda da NASA aproxima-se agora de Ceres, o maior objeto da Cintura de Asteroides, e deverá atingir a sua órbita no próximo dia 6 de março.

Podem encontrar todos os pormenores deste trabalho aqui.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O lado obscuro de 67P

O cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko, num mosaico de imagens captadas a 16 de janeiro de 2015 pela sonda Rosetta.
Crédito: ESA/Rosetta/NavCam.

Enquanto o pequeno robot Philae permanece adormecido, à espera que o Sol se eleve o suficiente acima do horizonte para que os seus painéis comecem de novo a gerar energia, a sonda Rosetta prossegue a sua missão científica na órbita de 67P/Churyumov–Gerasimenko, mapeando em detalhe toda a superfície do seu núcleo e monitorizando diligentemente o aumento de atividade cometária durante a sua viagem em direção ao periélio. Ontem, a equipa da missão divulgou este novo mosaico de imagens, captadas pela sonda europeia, a cerca de 28,4 quilómetros de distância do centro do cometa.

No mosaico podemos ver uma área no lobo maior do cometa, que até há pouco tempo se mantinha permanentemente escondida nas sombras. Esta região nunca antes observada exibe uma série de escarpas afiadas e entalhes, que contrastam com o terreno plano de Imhotep - uma região relativamente extensa, visível no lado esquerdo do mosaico. Imhotep alberga no seu interior um conjunto de rochedos isolados, dos quais se destaca Quéops, um pedregulho com uma textura irregular, com cerca de 45 metros de diâmetro.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Missão Dawn: divulgadas novas imagens de Ceres

O planeta anão Ceres numa sequência de imagens obtidas pela sonda Dawn, a 13 de janeiro de 2015.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA/PSI.

A equipa da missão Dawn publicou ontem um conjunto de novas imagens de Ceres, obtidas na semana passada, a uma distância de 383 mil quilómetros - aproximadamente a distância média que separa a Lua da Terra. As imagens têm uma resolução equivalente a apenas 80% da resolução das melhores imagens do planeta anão, captadas há mais de uma década pelo telescópio espacial Hubble, mas permitem distinguir já diferentes estruturas na sua superfície, incluindo o que parecem ser grandes crateras e uma intrigante mancha brilhante, anteriormente identificada nas imagens do Hubble.

"As imagens indiciam já as primeiras estruturas superficiais, tais como crateras", afirmou Andreas Nathues, investigador principal do sistema de imagem da Dawn. "Identificámos todas as estruturas vistas pelo Hubble no lado de Ceres por nós observado, e existe também um prenúncio de estruturas notáveis à nossa espera, à medida que nos aproximamos."

Ceres visto pelo espectrómetro VIR da sonda Dawn, a 13 de janeiro de 2015.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/ASI/INAF.

A Dawn deverá obter as primeiras imagens de Ceres com resolução superior à das imagens do Hubble no próximo dia 26 de janeiro. A sonda da NASA prosseguirá depois a sua perseguição, captando novas imagens do planeta anão com cada vez melhor resolução, antes de alcançar definitivamente a sua órbita no dia 6 de março.

"É emocionante ver a superfície de um novo mundo lentamente a tomar forma", disse Mark Sykes, membro da equipa da missão Dawn. "É importante confirmarmos as estruturas observadas há dez anos pelo Hubble. Mas com a recente deteção de emissões de vapor de água pelo observatório espacial Herschel, iremos procurar evidências de criovulcanismo e de outros processos que o possam explicar."

Modelo tridimensional de Ceres criado com 20 imagens obtidas pela sonda Dawn, a 13 de janeiro de 2015.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.

Nas próximas semanas, a equipa da missão irá escrutinar o espaço em redor do planeta anão, em busca de pequenas luas, e deverá utilizar os filtros de cor do sistema de imagem da Dawn para obter as primeiras impressões da composição da superfície cereriana. "Estamos à beira de testar a hipótese de uma superfície rica em gelo, capaz de contribuir para o relaxamento das crateras equatoriais, e de observar estruturas tectónicas e outras formações que nos possam dar pistas acerca da presença de um oceano interior", explicou Nathues.

A Dawn deverá permanecer cerca de 16 meses na órbita de Ceres, completando assim uma viagem que contou já com uma passagem por Vesta durante pouco mais de um ano, entre 2011 e 2012.

domingo, 18 de janeiro de 2015

O olho brilhante de Bansi

A astronauta Samantha Cristoforetti publicou ontem no Twitter uma imagem surreal do olho de uma tempestade tropical iluminado pelo intenso brilho de um relâmpago.

O olho da tempestade Bansi, numa imagem captada a partir da Estação Espacial Internacional, a 14 de janeiro de 2015.
Crédito: Samantha Cristoforetti (ESA).

A imagem foi captada a partir da Estação Espacial Internacional, a cerca de 407 km de altitude, e mostra o centro do ciclone tropical Bansi, uma violenta tempestade que, na semana passada, fustigou a região sudoeste do Oceano Índico, a poucas centenas de quilómetros da ilha Maurícia. O brilho do relâmpago revela a impressionante estrutura tridimensional do olho do ciclone - uma lacuna no denso manto de nuvens, com dezenas de quilómetros de diâmetro.

A tempestade Bansi vista da Estação Espacial Internacional, a 14 de janeiro de 2015. A imagem revela ainda uma estreita linha esverdeada cerca de 100 km acima da superfície terrestre - um fenómeno de quimioluminescência provocado pela recombinação química de átomos e moléculas de oxigénio e azoto fotoionizados durante o dia pela luz solar.
Crédito: Samantha Cristoforetti (ESA).

Bansi tem estado a perder força nos últimos dias, e já não exibe uma estrutura tão simétrica e um olho bem definido. Neste momento, a tempestade move-se para sudeste, em direção a águas mais frias, pelo que deverá dissipar-se por completo durante a próxima semana.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Descoberto robot britânico desaparecido em Marte há mais de uma década

O robot britânico Beagle-2 na superfície de Marte. Imagem captada pela câmara HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, a 15 de dezembro de 2014.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Univ. of Arizona/University of Leicester.

Cientistas da agência espacial britânica, a UKSA, anunciaram esta semana a descoberta do pequeno robot britânico Beagle-2 em imagens da superfície de Marte captadas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter. Esta descoberta põe um ponto final num mistério que atormentou os responsáveis da missão durante pouco mais de uma década.

O robot britânico era parte importante da missão europeia Mars Express, e foi concebido com o objetivo de procurar evidências de vida primitiva no interior de Isidis Planitia, uma gigantesca bacia de impacto com 1225 km de diâmetro. O Beagle-2 separou-se da sua sonda-mãe a 19 de dezembro de 2003, dando início a uma curta viagem de 6 dias, que deveria ter culminado com a sua chegada à superfície do planeta vermelho.

Infelizmente, nem tudo correu de acordo com o previsto. O robot tentou pousar no local programado, mas nunca enviou um sinal para a Terra confirmando o sucesso da manobra. As tentativas para restabelecer o contacto revelaram-se infrutíferas, pelo que o Beagle-2 foi dado como oficialmente perdido a 11 de fevereiro de 2004.

Modelo do robot Beagle-2 com o seu braço robótico em primeiro plano.
Crédito: missão Beagle-2.

Agora, mais de uma década depois, o pequeno robot britânico foi identificado em imagens de alta resolução captadas pela câmara HiRISE da Mars Reconnaissance Orbiter. O Beagle-2 aparenta estar parcialmente desdobrado na superfície marciana, o que sugere que o robot alcançou com sucesso o seu destino no dia 25 de dezembro de 2003.

"Estamos muito felizes por saber que o Beagle-2 poisou em Marte", afirmou Alvaro Giménez, diretor do Departamento de Ciência e Exploração Robótica da ESA. "É inspiradora a dedicação das várias equipas no estudo das imagens de alta resolução, com o objetivo de encontrarem o robot."

A missão Mars Reconnaissance Orbiter tem colaborado com a UKSA e a ESA na procura do pequeno robot britânico, desde que a sonda da NASA alcançou a órbita marciana em 2006. O Beagle-2 deveria ter pousado no interior de uma elipse com cerca de 170 km de comprimento por 100 de largura, na região leste de Isidis Planitia. A câmara HiRISE tem fotografado o local de forma ocasional, mas as pequenas dimensões do robot (menos de 2 metros de diâmetro) têm tornado a sua deteção bastante complicada.

As imagens que permitiram a sua identificação foram captadas a 28 de fevereiro de 2013 e a 29 de junho de 2014, a cerca de 5 km de distância do centro da elipse onde o robot britânico deveria ter pousado, e foram inicialmente escrutinadas por Michael Croon, um antigo membro da missão Mars Express. "Ele descobriu algo que poderia ser um bom candidato", explicou Alfred McEwen, investigador principal da HiRISE. "Mas a primeira imagem tinha um baixo contraste, e era difícil de nos convencermos de que estaria ali algo especial."

Animação mostrando o Beagle-2 junto a dois objectos interpretados com sendo o paraquedas e a cobertura traseira da sonda britânica. Imagens captadas pela câmara HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Univ. of Arizona/University of Leicester.

Depois da descoberta deste potencial candidato, a equipa captou imagens adicionais, que revelaram um ponto brilhante que parecia mover-se ligeiramente de acordo com o ângulo de iluminação. "Isso era consistente com o Beagle-2", disse McEwen. "Como os seus painéis solares estavam organizados como [se fossem] pétalas, cada um refletiria a luz de forma diferente, dependendo do ângulo do Sol e da Mars Reconnaissance Orbiter, especialmente se o robot estivesse pousado numa área inclinada."

Nas imagens agora divulgadas, o Beagle-2 aparenta repousar numa configuração parcialmente desdobrada, com apenas dois ou três painéis completamente abertos, o que explica o silêncio do robot logo após a sua chegada à superfície de Marte. Uma falha na abertura dos painéis solares teria impossibilitado a exposição da antena de rádio, o que por sua vez tornaria impossível a transmissão de dados para a Terra, e a recepção de comandos através da sonda Mars Express. Infelizmente, isto significa que não há qualquer possibilidade de reativar o pequeno robot, e recuperar os dados que possam eventualmente ter sido armazenados durante o curto período em que o robot esteve operacional.

"Estou muito feliz pelo Beagle-2 ter sido finalmente encontrado na superfície de Marte", afirmou Mark Sims, antigo responsável da missão Beagle-2. "As imagens mostram que estivemos muito perto de alcançar o nosso objetivo científico em Marte. (...) A sequência extremamente complexa de entrada, descida e pouso, parece ter funcionado de forma perfeita, e o Beagle-2 parece ter-se debatido com problemas, apenas durante as últimas fases do desdobramento. Vejo como uma grande conquista o facto da equipa ter construído o Beagle-2 em pouco mais de 4 anos, e tê-lo pousado com sucesso na superfície de Marte."

Estão planeadas imagens e análises adicionais para determinar com rigor o que se passou com o robot britânico, e confirmar a identidade de outros objetos entretanto identificados, como, por exemplo, o paraquedas, os airbags, a cobertura traseira e a escudo térmico.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Uma jovem cratera em Elysium Planitia

Cratera de impacto recentemente formada na superfície de Marte. Imagem captada a 02 de dezembro de 2014, pela câmara HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

Cientistas da missão Mars Reconnaissance Orbiter descobriram uma nova cratera de impacto na província vulcânica de Elysium Planitia, na superfície de Marte. A jovem cicatriz tem cerca de 10 metros de diâmetro e foi observada, pela primeira vez, numa imagem captada em junho de 2014, pela câmara de contexto da sonda da NASA.

Impacto em Elysium Planitia, antes e depois. Imagens obtidas pela câmara de contexto da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, em fevereiro de 2012 (esquerda) e em junho de 2014 (direita).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

A cratera não aparece numa outra imagem da mesma região, captada em fevereiro de 2012, pelo que esta estrutura terá sido formada há menos de 34 meses. O impacto pulverizou as rochas superficiais e exumou materiais escuros de camadas mais profundas, espalhando-os pela paisagem num distintivo padrão, que contrasta com o terreno claro desta região de Marte. A distribuição do manto de ejeta sugere que o projétil terá atingido a superfície vindo de oeste.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Terá o Curiosity fotografado antigos vestígios de vida marciana?

A sucessão de rochas sedimentares de Yellowknife Bay, num mosaico de imagens captadas pelo robot Curiosity a 24 de dezembro de 2012.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

No final de 2013, cientistas da missão Curiosity anunciaram a descoberta de vestígios de um antigo sistema fluviolacustrino em Yellowknife Bay, no interior da cratera Gale. Uma análise detalhada de imagens captadas pelo robot da NASA vem agora revelar surpreendentes semelhanças entre rochas observadas numa das unidades estratigráficas de Yellowknife Bay e estruturas sedimentares terrestres criadas por microrganismos bênticos. Estas observações estão longe de representarem uma prova definitiva de que estas rochas tiveram uma origem biológica, mas são, sem dúvida, uma das mais encorajadoras pistas na procura de vida marciana, até agora desvendadas na superfície do planeta vermelho.

"Tudo o que posso dizer é: aqui está a minha hipótese e aqui estão todas as evidências que tenho; apesar de pensar que estas evidências são muito significativas", afirmou Nora Noffke, investigadora da Universidade de Old Dominion, nos Estados Unidos, e autora do artigo recentemente publicado na revista Astrobiology.

Noffke passou os últimos 20 anos a estudar a influência dos biofilmes na formação de microbialitos conhecidos por estruturas sedimentares induzidas por microrganismos (MISS). Os biofilmes são comunidades de microrganismos bênticos altamente organizados, tipicamente encontrados no leito e margens de sistemas aquáticos. Os MISS são, por sua vez, formados pelo aprisionamento e precipitação de partículas sedimentares na matriz extracelular dos biofilmes. No ano passado, Noffke anunciou a descoberta de MISS com 3,48 mil milhões de anos, na formação Dresser, na Austrália Ocidental - uma das mais antigas evidências de vida na Terra.

As imagens analisadas neste novo trabalho foram captadas pelo Curiosity num dos três membros da sucessão de rochas sedimentares de Yellowknife Bay. Denominado Gillespie Lake, este afloramento rochoso é maioritariamente composto por arenitos formados pela compacção e cimentação de sedimentos depositados no leito de um lago de águas tranquilas, há menos de 3,7 mil milhões de anos.

Comparação de estruturas sedimentares em Gillespie Lake (A e C) com estruturas sedimentares criadas pela erosão de MISS modernos, na ilha de Portsmouth, nos Estados Unidos (B e D). As setas vermelhas em E e F indicam a direção das correntes de água em retrocesso.
Crédito: Noffke, 2015.

De acordo com Noffke, o litofácies de Gillespie Lake exibe um conjunto de estruturas sedimentares com características morfológicas macroscópicas comparáveis às de remanescentes erosivos de MISS terrestres antigos e modernos. A investigadora americana sublinha ainda que a sua distribuição não é aleatória, mas sim organizada em associações espaciais e sucessões temporais, que sugerem mudanças estruturais ao longo do tempo.

Na Terra, este tipo de organização é interpretada como um registo da evolução de um ecossistema dominado por microrganismos que proliferam em ambientes aquáticos, que acabam por, mais tarde, secar por completo. Estas mudanças ambientais deixam marcas distintivas nos MISS, que incluem formas similares às observadas em Gillespie Lake, como, por exemplo: bolsas erosivas, fragmentos de biofilmes arrastados e dobrados pela passagem das águas em retrocesso, e fraturas e cúpulas criadas pela exposição ao ar e consequente dissecação da matriz extracelular.

Estas estruturas não são de forma alguma provas definitivas da presença de vestígios de antigas formas de vida na superfície do planeta vermelho. Para confirmar a sua origem seria necessário a recolha e envio de amostras para a Terra, para a realização de análises microscópicas complementares.

No seu artigo, Noffke descreve processos alternativos que possam ter dado origem às intrigantes estruturas observadas em Gillespie Lake. Por exemplo, algumas formas poderiam ter sido um produto da erosão pelo sal, água ou vento. "Não obstante, se as estruturas marcianas não têm uma origem biológica, então, as semelhanças na morfologia e nos padrões de distribuição, relativamente aos MISS terrestres, seriam uma extraordinária coincidência", disse Noffke. "Neste ponto, tudo o que quero sublinhar são estas semelhanças. Terão de ser providenciadas novas evidências para verificar esta hipótese."

Podem encontrar todos os detalhes deste trabalho aqui.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Sobrevoando Lisboa

A astronauta italiana Samantha Cristoforetti captou anteontem uma belíssima imagem da capital portuguesa iluminada pela luz dourada do Sol de inverno. Vejam em baixo:

A região de Lisboa vista da Estação Espacial Internacional, a 03 de janeiro de 2015.
Crédito: ESA (Samantha Cristoforetti)/NASA.

Na imagem podemos apreciar grande parte da área metropolitana de Lisboa, incluindo a distintiva mancha florestal da serra de Sintra (canto superior esquerdo), os campos agrícolas do vale do Tejo (canto superior direito), as águas turvas do Mar da Palha (centro), e as cristas desnudadas da serra da Arrábida (em baixo, ao centro).

Superfície de Vénus poderá ter sido banhada por oceanos de dióxido de carbono

O planeta Vénus, numa composição de imagens obtidas pela sonda Mariner 10, a 05 de fevereiro de 1974.
Crédito: NASA/JPL/Mattias Malmer.

Vénus é um planeta estranho. Na superfície, a temperatura atinge valores suficientemente elevados para derreter chumbo, estanho e zinco, e a pressão atmosférica é equivalente a cerca de 92 vezes a pressão da atmosfera terrestre ao nível do mar. As montanhas mais elevadas estão cobertas por substâncias com elevada refletividade no radar, o que sugere que nestas regiões nevam compostos metálicos semicondutores - provavelmente, sulfuretos de chumbo e bismuto.

Um novo trabalho recentemente publicado na revista Journal of Physical Chemistry Letters vem agora adicionar um outro fenómeno extremo ao pecúlio de excentricidades que caracterizam o segundo planeta a contar do Sol: a presença de antigos oceanos de dióxido de carbono supercrítico na sua superfície.

Atualmente, a atmosfera venusiana é composta quase na sua totalidade por dióxido de carbono; no entanto, no passado, deverá ter albergado uma grande quantidade de água - suficiente para cobrir a superfície do planeta até uma altura de 24 metros. Vénus foi sempre muito quente, pelo que toda essa água deverá ter permanecido na atmosfera sob a forma de densas nuvens. Sem um campo magnético que o protegesse do vento solar, o planeta acabou por deixar escapar quase toda a sua água para o espaço.

Uma equipa de investigadores liderada por Dima Bolmatov da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, vem agora sugerir que, em vez de oceanos de água, Vénus poderá ter tido no passado estranhos oceanos de dióxido de carbono supercrítico. "Presentemente, a atmosfera de Vénus é maioritariamente [composta por] dióxido de carbono, 96,5% por volume", afirmou Bolmatov ao site Space.com.

Embora possa existir sob a forma sólida, líquida e gasosa, quando ultrapassa um ponto crítico de temperatura e pressão, o dióxido de carbono transforma-se num fluído supercrítico - um bizarro estado da matéria, em que um composto adquire, simultaneamente, as propriedades de líquido e de gasoso. O dióxido de carbono supercrítico é usado na produção de produtos farmacêuticos e de café descafeinado. No entanto, pouco se sabe acerca do seu comportamento em diferentes condições ambientais.

Canal invulgarmente longo, com cerca de 2 km de diâmetro, situado na região leste de Sedna Planitia, em Vénus. Imagem de radar captada pela sonda Magellan.
Crédito: NASA.

Para compreenderem os efeitos que estes fluídos poderiam ter tido na paisagem venusiana, a equipa liderada por Bolmatov simulou em computador a atividade molecular de um fluído supercrítico. Para sua surpresa, as propriedades físicas destas substâncias não mudam gradualmente com a pressão e a temperatura, como se pensava. Em vez disso, a matéria supercrítica passa subitamente de um comportamento típico de um gás para um comportamento típico de um líquido.

Dados obtidos pela sonda europeia Venus Express sugerem que, no passado, a pressão atmosférica na superfície de Vénus teria sido dezenas de vezes superior à atual. Estas condições ter-se-iam mantido por um período relativamente longo de 100 a 200 milhões de anos, e teriam gerado condições ideais para a formação de oceanos de dióxido de carbono supercrítico na superfície do planeta.

"Isto, por sua vez, torna plausível a possibilidade de que estruturas geológicas em Vénus, como vales de rifte e formações semelhantes a leitos fluviais e a planícies aluviais, sejam vestígios da atividade superficial de dióxido de carbono supercrítico semelhante a líquido", disse Bolmatov.

Os investigadores descobriram ainda que, dependendo da temperatura e da pressão, teria sido possível ocorrerem bolsas de dióxido de carbono supercrítico com propriedades de gás, com um aspeto semelhante ao de bolhas de sabão - "uma bolha de gás que se encontra coberta por uma espessa camada de líquido", explicou Bolmatov. Estas bolhas poderiam ter fluído pela paisagem, deixando marcas que se assemelhariam a linhas de água.

A equipa pretende agora realizar experiências laboratoriais que permitam detetar as súbitas mudanças observadas nas simulações. Podem encontrar mais detalhes sobre este trabalho aqui.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Novo ano arranca com um buraco no Sol

Ao contrário do que se passou em inúmeras cidades da Terra, o Sol iniciou o novo ano sem fogo de artifício e com apenas algumas fulgurações classe-C, todas elas demasiado fracas para produzirem perturbações significativas no campo magnético terrestre. Em vez disso, 2015 começou na nossa estrela com um enorme buraco coronal sobre a região do polo sul. Vejam em baixo:

Buraco coronal sobre o hemisfério sul do Sol, numa imagem obtida a 01 de janeiro de 2015, pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly do Solar Dynamics Observatory, através de um filtro para o ultravioleta extremo (193 Å).
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium.

Os buracos coronais são lacunas na coroa solar, com campos magnéticos que se abrem livremente em direção ao espaço. As partículas que se movem através destas estruturas abandonam o Sol a grande velocidade, criando componentes do vento solar muito velozes.

A densidade de plasma no interior dos buracos coronais é tipicamente 100 vezes inferior à observada noutras regiões da coroa, pelo que estas áreas tendem a ser significativamente mais frias e, consequentemente, mais escuras nas bandas dos raios X e do ultravioleta extremo.

Os buracos coronais polares estão associados a períodos de menor atividade solar e podem permanecer visíveis por aproximadamente 7 anos, em redor do mínimo de cada ciclo solar.

Podem ler mais sobre estas estruturas aqui.